Capítulo 4

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O arrependimento era uma sombra que acompanhava Hajime desde muito tempo. Pequenas coisas que ele sabia que devia ter feito e não fez, grandes coisas que o faziam remoer situações nas noites frias, confabulando na prisão que criava em sua mente sobre como seria a vida se tivesse feito diferente.

Talvez mesmo a palavra arrependimento fosse forte demais, mas ainda assim ousava passar por sua língua, como uma opção desse sentimento que carregava. Talvez fosse só curiosidade pelos caminhos que a vida lhe ofereceu, talvez fosse um resquício da sua insegurança lhe fazendo pensar sobre o ontem, ao invés de direcionar seu olhos para o horizonte, para o futuro, onde poderia criar milhares de cenários e planos. Onde poderia seguir com a sua busca por felicidade.

Era isso que as pessoas faziam, certo? Viviam suas vidas com o propósito de serem felizes, lidando com suas falhas e faltas, pois estas sempre existiriam.

Iwaizumi se orgulhava de tentar sempre o seu melhor e de garantir que sua lista de "e se?" fosse o menor possível, mas ultimamente vinha sendo difícil superar sua covardia.

Arrependia-se de não ter juntado coragem para falar com Oikawa no dia da apresentação, arrependia-se de ter saído mais cedo e não ter aproveitado aquele momento sublime até o final. Arrependia-se por permitir que sua covardia tivesse deixado passar a oportunidade de falar com seu melhor amigo.

Durante sua vida, Oikawa ocupou muitos papéis em sua vida, mas o principal sempre foi o de melhor amigo. As memórias que eles construíram juntos não deveriam ser deixadas de lado só porque Hajime confundiu o carinho que o outro lhe dedicava com algo que estava além dos limites de seu relacionamento. E vê-lo depois de tanto tempo, tendo sucesso naquilo que se propôs a fazer enchia-o de um orgulho agridoce.

Agridoce porque mostrava o quão bem ele ficou longe de si, mostrava como Oikawa conseguiu desabrochar enquanto recebia os estímulos corretos, enquanto focava em sua carreira, ciente de que isso mudaria sua vida, seu futuro. Ciente de que o mundo era pequeno demais para si e seu talento.

Hajime sentia seu peito dividido por esse sentimento ambíguo, já que apesar da constatação de tudo isso, seu amigo estava bem, era popular, espalhava por onde passava todo o carisma e talento que abrigava em si, levava arte para as pessoas através do instrumento que era parte de sua vida, tocava o coração de cada pessoa que o ouvia tocar e emocionava todos, assim como era seu sonho de infância.

E seu amor... Seu primeiro amor estava lindo, mais do que jamais fora. Oikawa era deslumbrante, por dentro e por fora. Era como se os acordes e notas que ele tocava em seu violoncelo estivesse tomando vida e formassem a beleza dele. Era como se a arte que ele produz se manifestasse também através de seu corpo, sua voz, seus olhos.

Oikawa era arte, de dentro para fora e de fora para dentro.

E como arte, ele surpreendia. Agia com impetuosidade e encantamento, tirando o ar daqueles ao seu redor.

Foi assim que Iwaizumi se sentiu ao ouvir a campainha de sua casa tocar e ao abrir, dar de cara com Tooru frente a frente consigo. 

- Olá Iwa-chan. 

Closer {Iwaoi}Onde histórias criam vida. Descubra agora