Capítulo Único

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Um dia horrível. Um grande e fodido dia de merda. Era assim que Natasha Romanoff definiria se fosse colocar em palavras. Bem, se fosse. Ao lado de Steve Rogers qualquer palavrão era o mesmo que cometer um pecado, portanto, preferia guardar todas as palavras feias para si mesma.

Não bastasse toda a merda envolvendo a SHIELD e HYDRA, a dupla quase morrera numa explosão.

Romanoff já havia se sentido sem rumo algumas vezes, mas fazia tanto tempo desde a última, que nem se recordava de como a sensação era ruim. Descobrir que a instituição que esteve vinculada por anos de sua vida era nada mais que uma farsa, a fazia se sentir usada, de novo. E esse era um sentimento que ela não esperava ter novamente, pelo menos não quando achava que sua vida estava, finalmente, estável. Um bom trabalho, boa renda e amigos que ela podia confiar.

A ruiva só queria acabar com tudo aquilo, e iria, independente das consequências que isso fosse trazer. Independente do mundo descobrir todo seu passado sangrento. Isso não tiraria sua conta do vermelho, pelo contrário, talvez as pessoas teriam ainda menos empatia por ela, mas não aceitaria ser parte daquilo. Não aceitaria ser controlada de novo, e faria o que fosse preciso para que as pessoas ao seu redor também não fossem. Felizmente, Steve estava ao seu lado, e a ruiva confiava nele, já havia se mostrado digno disso e esperava que ele sentisse o mesmo em relação a ela. Os dois trabalhavam muito bem juntos, a sincronia da dupla era sem igual, e que Clint não a escutasse dizer isso, mas a conexão que sentia ter com Rogers superava tudo.

Era diferente com ele. Era bom.

No fundo, Natasha sabia que seus sentimentos por ele haviam mudado há algum tempo, ele já era mais que um amigo para seu coração, mas sua razão insistia de todas as maneiras em fazê-la parar de pensar naquilo. E esse era o motivo das diversas tentativas de arranjar encontros para o loiro. As coisas estavam indo bem, então preferia que continuasse dessa forma, apenas amigos.

Após a explosão, Steve os guiou para um local desconhecido pela ruiva, a casa de uma amigo, ele disse. Assim que chegaram, Natasha se lembrou imediatamente do homem, era o mesmo com quem Rogers corria quase todos os dias. Sam Wilson chamava atenção, tinha que confessar. Havia até flertado silenciosamente com ele em algumas das vezes que foi pegar Steve para o trabalho, era divertido.

A casa não era tão grande, mas para dois fugitivos era o lugar perfeito para passar uma noite, mesmo que fossem obrigados a dividir o quarto e isso os deixasse apreensivos, apesar de não confessarem. Tanto Natasha quanto Steve já dormiram em condições muito piores que aquelas, no fim, não tinham do que reclamar.

Os dois estavam cansados, não só fisicamente como mentalmente. Steve havia acabado de descobrir que a morte do melhor amigo e seu congelamento não servira para nada, afinal, a organização para qual trabalhava continuava a enganá-lo. Não só a ele, mas a quase todos os agentes e funcionários.

Rogers sabia que a ex espiã russa ao seu lado estava tão envolvida naquilo quanto ele e não conseguia evitar sentir uma parcela de culpa. Sentir que poderia tê-la impedido de entrar em toda aquela confusão e ser quase morta. Mas a quem queria enganar? No fundo, sabia que a ruiva iria atrás dele de qualquer forma, além de ser teimosa, Romanoff também tinha seus motivos para comprar aquela briga.

O Capitão poderia não admitir, mas seu coração se apertava somente ao lembrar de Natasha inconsciente sob seus braços, frágil de um modo ao qual nunca havia visto. Isso o fazia recordar do momento dos dois no carro, Steve queria pedir para que a espiã fosse mais do que simplesmente uma amiga, porém, o medo de ser rejeitado se sobrepôs a qualquer sentimento. Afinal, haviam se beijado apenas uma vez, o que ela pensaria? Se agisse pela emoção teria a pedido até mesmo em namoro, por sorte, a razão falou mais alto e optou por manter sua dignidade intacta.

Quem Você Quer Que Eu Seja? - ONESHOTWhere stories live. Discover now