Capítulo Único

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Toph

Toph aprendeu cedo que não deveria se aproximar repentinamente de Zuko. Na primeira vez que fez isso, seus pés foram queimados. Pelo menos havia servido para que o garoto conseguisse falar novamente com o grupo e se juntar a eles, mas ela ter ficado uma semana sem poder ver não foi a melhor das experiências.

Nesse tempo, Toph acabava chegando muito perto de Zuko de repente, apenas para o garoto se assustar e encolher, visivelmente incomodado. Quando seus pés melhoraram, ela fazia questão de pisar forte para alertar sua chegada, ou falar claramente. Ela aprendeu que tinha que ser assim para que o outro não ficasse assustado.

Toph não sabia bem o porquê de ele ser assim, mas quando estiveram na nação do fogo tempos atrás, havia muitos boatos sobre o relacionamento conturbado do senhor do fogo para com seu filho – parte do motivo de Toph ter ficado tensa quando descobriu que Zuko era esse filho, e as coisas fizeram mais sentido depois que conheceu Azula. Ambos os filhos do senhor do fogo eram totalmente conturbados. De forma completamente diferentes, mas não deixava de ser verdade.

Mas Toph demonstrava carinho com socos, então ela precisava poder tocar em Zuko sem que ele surtasse internamente por isso. Como no templo do ar as coisas estavam levemente mais tranquilas e ela tinha tempo entre as aulas de Aang ou enquanto ele era treinado por Zuko depois que voltaram de sua pequena viagem. Isso permitiu que iniciasse sua própria missão de pesquisa.

Observar Zuko não era tão difícil. Ele meditava ao nascer do sol, depois tomava café da manhã e praticava espadas com Sokka, momento em que ela até então não se preocupava em observar. Depois ele ajudava Katara – que resmungava muito enquanto isso – com o almoço. As tardes seguiam de acordo com a necessidade: chás, mais meditação ou treinos com Aang na maioria das vezes.

Em suas investidas, Toph fazia barulho e chegava socando seu braço, ficando próxima dele o quanto desse antes que sentisse que ele começava a se afastar por desconforto. Ela sentiu que não estava indo a lugar algum quando se sentou ocasionalmente nas escadas com os pés no chão, sentindo Sokka e Zuko lutarem. Parecia normal no início, Zuko ganhando todas as partidas, piadas ocasionais de Sokka, bem como seu corpo de encontro ao chão, e tapinhas tranquilos.

Espere, tapinhas?

Até onde ela sabia, Zuko odiaria esse tipo de coisa. Ela esfregou mais os pés na terra dura e ouviu mais atentamente. Eles estava lá. Toques sutis o tempo todo. Sokka dava um tapa de leve em seu ombro ou cabeça, colocava as mãos em suas costas para guiá-lo, segurava sua mão para levantar-se, chegava perto em provocação. E, o pior, Zuko não se encolhia para ele. Quando Sokka chegava perto em provocação, ou deixava um toque suave em seu braço, ele parecia até mesmo se inclinar.

A briga de espadas parou antes que ela tivesse conclusões relevantes, e antes que pudesse se descobrir mais sobre isso, ambos partiram para, como ela descobriu depois, Bolling Rock. Nesse tempo, Toph treinou Aang mais do que nunca, sem muito tempo para pensar nas coisas, mesmo que até tenha tentado meditar em um quarto vazio para entender melhor Zuko, o que resultou em ela estressada dois minutos depois porque era silencioso demais.

Em sua opinião eles demoraram demais para voltar. Dois dias falando só com Katara e Aang era demais para ela, mesmo com as conversas ocasionais com as outras crianças. Quando toda aquela gente desceu de um balão que ela não fazia ideia de onde tinha visto, seus olhos pálidos se direcionaram imediatamente um Zuko. O garoto tinha alguns ferimentos a mais, já que ela o ouvia ocasionalmente resmungando de dor ou mancando levemente, e usava roupas como a de Suki e dos caras que trouxeram com eles.

Ela gritou algo sobre não terem trazido carne, mas na verdade estava atordoada com o que via. Era clara a mudança de ares entre o dobrador e Sokka, enquanto eles andaram, Sokka tinha seu braço sobre o ombro de Zuko, inclinado a ele de forma que as laterais de seus corpo encostassem quase totalmente, murmurando e se provocando. A postura de Sokka parecia meio rígida ao descer, o que permaneceu por um bom tempo, e Zuko parecia levemente mais retraído que antes. Certamente, o que quer que tenha acontecido naquela viagem, mexeu com eles de diversas formas.

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