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Não sabia quanto tempo passei ali...

Não havia iluminação e nada ali além de umidade e escuridão, minha mente era apenas um vazio e meu corpo apenas respirava inerte.

Me senti como uma boneca de porcelana quebrada.

Eu me alarmei quando ouvi passos perto de mim, como se meu torpor fosse substituído facilmente por medo e pânico.

— Venha — disse o homem de pele escura e olhos amarelados com orelhas pontudas que abria a cela.

Eu não queria ir, de qualquer forma não entendia porque estava ali e nem quanto tempo tinha passado, apenas que provavelmente eram poucas horas... Será que teria que encontrar aquele homem de pele de couro novamente? Ele era assustador e com certeza não queria vê-lo novamente.

— Venha — ele repetiu parecendo um pouco mais zangado, era um homem esguio e cabelos claros, suas roupas tinham aberturas em lugares que mostravam praticamente todo seu corpo como uma versão masculina de roupas de odalisca e tinha um olhar afiado apesar do grosso colar de ferro — se não vier por espontânea vontade, irá contra.

Fiquei em silêncio, não sabia se era melhor colaborar ou só tentar fugir, todos ali pareciam ser, qualquer coisa, menos humanos e eu provavelmente não tinha qualquer força o suficiente para mostrar alguma resistência.

Me levantei lentamente e espanei a sujeira das roupas ainda meio tremula. Não sabia o que me esperava e isso me assustava, mas mesmo assim me sentia sem esperanças por não saber se poderia esperar alguém.

De nada servia ficar me rebelando a não ser possivelmente me machucar.

Eu tinha que ganhar tempo... Tempo para Delaney me encontrar, afinal a maldição não permitia que me machucasse sem ela sofrer também.

Minha confiança era um demônio para me salvar de outro demônio.

Hesitantemente eu o segui pelos corredores, mas o homem andava rápido e parecia que mesmo que ele andasse a minha frente e não olhasse para trás não havia nenhuma abertura para fuga... Até mesmo se eu olhasse para o lado provavelmente teria problemas.

Aquele lugar parecia um castelo antigo e quase antiquado. As pessoas dali pareciam não estarem felizes, na verdade, pareciam mais escravos com aquelas coleiras de ferro e expressões mortas.

— Onde... Você está me levando... — perguntei e fui completamente ignorada, continuamos andando por o que parecia uma eternidade até ele parar e abrir a porta para mim.

Recuei, não queria entrar naquela sala e nem mesmo ver o que tinha naquele lugar.

— Entre — ele disse simplesmente e não senti ter a opção de recusar assim como quando sai da cela.

— Poderia pelo menos me dizer o que me espera lá dentro? — pedi sem olhar em seu rosto, mas ouvi seu riso contido.

— Se tiver sorte? — ele se aproximou de mim pelas costas e disse em minha orelha, o hálito quente me fazendo cócegas — um colar igual ao meu — ele sussurrou e me empurrou para frente como a mão espalmada em minhas costas.

Com o pequeno empurrão fui forçada a entrar no grande salão de banquetes. O lugar era gigantesco a ponto de caberem casas inteiras ali, o pé direito era alto como de uma igreja e o teto era formado por nuvens que pareciam realmente se mexer e soltar raios entre si.

Havia muitos vasos com flores e plantas exóticas que nunca vira na vida e que tinham um efeito que me deixavam enfeitiçada e davam arrepios. Já as colunas e os moveis brilhavam com ouro amarelo e refletiam contra a madeira negra que compunha o resto.

Lúcia (+16 anos)Where stories live. Discover now