Meu irmão, aparece inesperadamente no hospital, então me leva para casa e diz:
- Estamos em casa Wendy.
Falo:
- Maninho!
Dou um abraço apertado em meu irmão com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
E ele diz:
- Tudo ficará bem, maninha. Ficaremos bem!
Passei meses até me acostumar a usar muletas, óculos de sol ao sair de casa e usar guias para saber onde eu estava realmente pisando para não esbarrar em nada. As nossas vidas seguiram-se apenas nós 2 em uma casa aconchegante, harmoniosa, arejada, bela e com muito amor. Comecei a ter um hobbies como escrever textos, desenhar, pintar papéis, em cadernos, quadros e até no meu próprio quarto. Meu irmão sempre comprava pincéis, cadernos, folhas, tintas, canetas, lápis de cor e de escrever e deixa-me sonhar até que ele teve uma ideia de tirar fotos dos quadros e a pôr em cada lugar da casa um dos quadros. Estou me acostumando a viver de uma nova forma, meu irmão chega do trabalho as 16:30 e sempre me leva para fazer passeios, de bicicletas, piqueniques, ler livros em braile, me ensinar, me levar para escola e diversas outras atividades. Certa vez eu escorreguei na cozinha, tentei segurar na frigideira e ela caiu em mim queimando um pouco meu antebraço.
- Lux! Me ajuda. Que droga, ser cega. Não faço nada direito. Isso tudo é um saco. Deus porque ainda me faz passar por isso? O que te fiz para ser tão injustiçada?
Ele corre até mim, apaga o fogo, me pega no colo, leva-me para o meu quarto e faz um curativo.
Diz:
- Não precisa se culpar. Foi um acidente.
Respondo ironicamente:
- Como o acidente que teve na estrada? Aquele que os nossos pais morreram e eu fui a única sobrevivente? Porque eu não parti junto com eles? Eu te dou trabalho todos os dias, acho que não sei que está se desgastando só para que eu fique bem?
Lux termina o curativo e da um nó apertado e digo:
- Aí!
Lux diz:
- Porque está reclamando, se tem casa, comida, roupas limpas, alguém que cuide de você. Me fala Wendy. Acha que é fácil cuidar de tudo e cuidar de sua irmã do....
Interrompo, empurro ele e digo:
- Irmã doente. Cega. Anormal. Burra. Incompetente... Idiota!
Corro até o parque próximo lá de casa, esbarro em um rapaz, peço desculpas e continuo correndo. Depois de alguns estantes chego no parque e seguro na grade respirando ofegante. Depois de alguns minutos, meu irmão chega e vai até grade perto de mim.
- Você me deixou preocupado Wendy! Eu não me arrependo de está cuidando de você. Sou sua única família, então tente me afastar por favor. Eu sempre te protegerei e te ajudarei, porque somos uma família. Olha
Ele me entrega uma foto de quando éramos crianças. Pego na foto toda, tento sentir como estavam nossas expressões para ver como era a foto.
Lux diz:
- Estávamos felizes nesse dia. Nossos pais nos levaram ao parque e brincamos muito, lembra?
Respondo:
- Desculpa por ser injusta com você, não está sendo fácil para ninguém e mesmo assim eu reclamo de tudo enquanto você está fazendo de tudo para vivermos bem. Me perdoe maninho, eu te amo.
Lux põe a mão em minha cabeça, faz carinho e diz:
- Te perdoo e eu te amo maninha.
