Capítulo 10

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Sam olhou pela janela com olhos lacrimejantes cheios de medo. Ela não tinha ideia de que Deena morava em Shadyside, na cidade que abrigava a maioria dos membros de gangues e criminosos da cidade, sem menos. Ela não a julgou por isso, é claro. Os adolescentes não podiam escolher exatamente sua situação de vida. Se pudessem, ela estaria longe da sua. Mas ela queria saber por que era tão secreto e quantas pessoas sabiam além dela.

Ela enxugou os olhos na manga do casaco quando Deena saiu do carro em uma das calçadas de concreto, se recompondo antes de seguir o exemplo da mais velha e sair. Ela pegou sua mochila e pendurou-a em volta no ombro enquanto Deena pegava sua mala. Ela não questionou quão pesado estava ou sobre o quanto ela tinha empacotado. Ela parecia querer apenas abrigar Sam do frio.

- O banheiro é a primeira porta do corredor à direita, se você precisar. -  Deena explicou em voz baixa, levando-a pelo caminho de concreto para a porta de madeira da casa da ex-líder de torcida. A luz acima da porta parecia estar quebrada, mas o zapper azul fluorescente ao lado da casa móvel fornecia à Deena a luz que ela precisava para abrir a porta.

- Obrigada. - Sussurrou Sam com uma leve fungada. Ela não sabia o que esperava quando entrou, mas encontrou apenas uma sala normal e uma pequena cozinha. A mobília era um pouco gasta, mas eram impecáveis. A casa era obviamente muito menor do que a casa que ela estava acostumada, mas tinha uma sensação muito mais acolhedora do que sua própria.

Ela observou Deena levar sua mochila para um quarto após o que ela disse ser o banheiro, mordendo o lábio antes de entrar na primeira porta à direita. Havia muitas coisas femininas no banheiro. Escovas, acessórios, maquiagem, como o que ela supôs ser o banheiro típico de uma adolescente. Mas isso é tudo que ela parecia ver. Não havia nada no banheiro que indicasse mais alguém morando lá. Pelo menos não homens. Mas Deena disse que o pai dela havia falecido anos atrás. Talvez fosse apenas ela e sua mãe.

Depois de respirar fundo, ela se olhou no pequeno espelho, mal reconhecendo a garota olhando para ela. A loira desgrenhada em seu reflexo parecia exatamente como se sentia, exausta, infeliz e aterrorizada. Seu rosto ainda ardia de onde seu pai a atingiu. Não machucada, mas a vermelhidão do acerto provavelmente misturou-se com o rubor consistente de suas bochechas. Ela ainda não conseguia acreditar que ele fizera aquilo. Ele tinha ido tão longe a ponto de quebrar o braço dela apenas algumas semanas depois que Thommy morreu, mas ele nunca foi para o rosto dela. Independentemente de estar bêbado ou não, ele fez isso.

Com um suspiro, ela tentou esquecer tudo. Pelo menos por esta noite. Ela estava segura e longe de seus pais. Ela estava com Deena. Mas agora tinha que responder a ela. Depois de tudo o que disse a ela anteriormente, ficou sinceramente surpresa que a mais velha tivesse se oferecido para ajudá-la. Ela não tinha sido cruel. Ela foi apenas... Honesta. Tão brutalmente honesta que ela realmente se assustou um pouco. E sabia que teria que falar com Deena sobre isso.

Tirando os óculos, Sam correu um pouco de água fria na torneira e jogou no rosto, tentando acalmar a pele vermelha e quente antes de esconder o rosto em uma toalha. Soluços foram abafados por trás do veludo macio enquanto ela tentava lavar as últimas de suas emoções, não querendo chorar assim na frente de Deena. Ela acariciou sua pele, mais suavemente do lado esquerdo e se olhou no espelho mais uma vez, desejando ser corajosa antes de sair do banheiro e procurar por Deena na iluminação fraca da sala.

- Ei você. - A mais velha a cumprimentou na cozinha com um meio sorriso. - Eu não sei se você gosta de chá, mas eu fiz um pouco para você. Isso geralmente me ajuda a relaxar.

- Obrigada. - Ela murmurou, com a voz rouca de tanto chorar, parada desajeitadamente no balcão.

Deena apenas sorriu e entregou-lhe uma caneca antes de pegar o açúcar de um dos armários superiores. Ela mexeu um pouco em seu próprio chá e foi sentar-se no desgastado sofá verde escuro, esperando que ela se juntasse. Sam apenas repetiu suas ações, misturando um pouco de açúcar em seu chá e se sentou no sofá, o mais longe possível de Deena. Não que ela não quisesse estar perto dela. Na verdade, ela queria estar tão perto dela quanto era humanamente possível, desejando o conforto. Mas ela tinha a sensação de que Deena não se sentia da mesma maneira.

I just want you to know who i'm [SAMEENA]Onde histórias criam vida. Descubra agora