Something In The Way

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                                   Lisa

   
    -Alice!- Cindy gritava enquanto andávamos pela floresta escura.
    Particularmente, não me sentia nada bem naquele lugar. Era escuro e tinha um odor de podre, bem sútil, que parecia vir de muito abaixo de nós. Além das pontadas na cabeça, que pareciam cada vez mais fortes
    -Alice! Qual é, é nojento aqui!
   -Estamos perto!- escutei a voz da menina gritar, um pouco longe de nós- Berman, aguenta aí!- eu sentia como se fosse observada. A sensação de que nós não estávamos sozinhos era inevitável. Mas não era como se uma pessoa estivesse ali, e sim um coisa muito mais forte e sombria.
   Tommy também não parecia bem. Ele continuava distante. Com um semblante carregado, olheiras profundas e pele pálida. Pior do que parecia na enfermaria. Cindy parecia não notar como o garoto estava estranho, e isso me preocupava.
     -Você tá bem, Tommy?- perguntei. Ele me encarou por alguns segundos, como se saísse de um transe
     -Acho que foi a batida que eu dei no tronco mais cedo.- dei de ombros, tentando aceitar a história, mesmo não acreditando muito.
    Escutamos os dois conversando mais a frente, mas eu não conseguia entender o que diziam
    -Juro por Deus...- Cindy suspirou.A menina tentou desviar de um galho, porém o mesmo se prendeu em sua camisa, a rasgando- Merda!- a menina praguejou, fazendo uma cara de descrença- Estragou de vez!
    -Você falou palavrão, de novo.- Tommy falou, rindo um pouco
    -Você quer que eu te mate?- ela perguntou, irritada. O menino apertou os olhos e cambaleou para trás.-Tudo bem?- ela perguntou e o garoto apenas balançou a cabeça.
    -To bem.- ele respondeu, mas eu não acreditei novamente. Lembrei das palavras da Enfermeira Lane e me questionei "Será que Tommy sobreviveria até o amanhecer?"
    -Bom...- comecei a falar, mas fui interrompida por um grito de pavor
    -Alice?!- Cindy gritou e nós corremos na direção do som, assustados.
    Paramos ao ver a garota saindo de um buraco no chão.
     -Cuidado onde pisam- ela falou, batendo as mãos nas coxas para limpar a terra
     Observei a clareira a nossa volta. As árvores pareciam cada vez maiores e mais curvadas, como garras saídas da terra, prontas para nos pegar. O ambiente era mais escuro e mais hostil, fazendo meus pelos eriçarem e as pontadas na cabeça piorarem.
    Cindy iluminou o buraco e eu me assustei ao perecer que não era um simples buraco, mas sim uma cova
     -Alguém está cavando uma cova?- Tommy se aproximou, analisando melhor
     -Covas.- Alice falou, apontando o feiche de luz para outras covas espalhadas pela clareira.
     -A Mary.- murmurei e eles me encararam- Onde está...- olhei para o chão e localizei o diário. Me abaixei e comecei a folheá-lo- Os xis. Vejam.- me levantei e estendi o diário, de forma que eles conseguissem ver o mapa do acampamento- Vejam. Aqui...- apontei para o X e depois para a cova que Alice tinha caído- Aqui.- continuei apontando e os outros olhavam a cova correspondente- Ela marcava onde cavava.- encarei Alice, que me olhava com as sobrancelhas juntas. Ela voltou para a página anterior, onde tinha um desenho de Sarah Fier enforcada e um texto
    -"Mas sem a mão,- ela lia e passava o dedo pelas linhas- seu poder segue firme, e a maldição durará até que o corpo e a mão se unam."- um arrepio percorreu a minhas espinha e senti mais uma pontada.
   -A Mary devia estar procurando a mão - concluí, com um gosto metálico na boca- Para parar a maldição...
   -Que fez a filha surtar.- a loira completou meu pensamento. Um grande choque passou pelo meu corpo, fazendo minha mão tremer.
   -Qual é gente!- Cindy riu atrás de nós- Isso é ridículo.
    -É.- Arnie falou- Eu preciso mijar.- ele saiu andando e eu voltei a encarar o diário, rezando para que aquilo tudo fosse loucura da cabeça de Mary
    -Me deixe ver.- Alice apontou para o diário em minhas mãos. Eu ia entregar para ela, mas Cindy puxou da minha mão antes
    -Posso devolver,- ela barganhou- mas antes me passa o remédio.- Alice riu, o que fez a morena ficar mais irritada ainda. Dei uns passos para trás, querendo fugir da confusão- Se foi isso que ela tomou e a fez surtar, então é muito perigoso.
    -Meu Deus!- a loira riu em tom de deboche- O que aconteceu com você?- ela se aproximou mais de Cindy, que virou o rosto, mas continuou com o olhar fixo na loira- Lembra quando a gente se divertia?- ela sussurrou e eu segurei a risada. Parecia que ela não falava só de drogas quando dizia sobre diversão- Antes de você virar dedo-duro- ela finalizou, deixando Cindy com mais raiva ainda.
     -Esquece isso.- ela bufou.
     -É fácil pra você dizer.- a loira continuou- Sua Judas do caralho.
    -Achei!- me virei para encarar Arnie, que saiu de trás de uma árvore, bem animado- Achei a casa da bruxa.
   Engoli em seco, não me sentindo nem um pouco animada com a ideia de entrar numa casa milenar que supostamente pertencia a uma bruxa.
   Alice saiu correndo na frente e eu me virei para Cindy, que parecia mexida com a briga.
   -Vamos- chamei ela e Tommy com as mãos e nós seguimos o casal

Carry On Wayward Son•ᶠᵉᵃʳ ˢᵗʳᵉᵉᵗ Onde histórias criam vida. Descubra agora