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Eu nasci e fui criada em uma cidade chamada Campinas no interior de São Paulo, e foi onde vivi momentos incríveis, conheci pessoas sensacionais e também onde perdi o meu herói e minha vida acabou...

Eu tinha dez anos quando o homem da minha vida se foi, ele era uma das pessoas que eu mais amava. Lembro perfeitamente como aconteceu...

Era sábado a noite estávamos todos na sala assistindo filme e comendo pizza, minha mãe e meu pai rindo da piada boba que passa na cena, e eu sem entender direito o que era tão engraçado, mas mesmo assim ria, porque a risada deles me contagiava. Der repente escutamos um barulho muito forte na garagem e nosso cachorro Thor saiu latindo em direção do que tinha tirado sua atenção e em seguida um estrondo, era uma bala sendo disparada Thor gritava de dor, meu pai mais que depressa foi para a garagem e volta com dois homens apontando uma arma para sua cabeça, me desesperei e minha mãe falando para que eles o soltasse e levassem o que quisessem. Um deles perguntou onde estava a chave do carro e a carteira, mamãe se esquivou lentamente até a mesa de jantar e passou a mão nas chaves e bolsa as jogando para um dos assaltantes e como ele se distraiu pegando os objetos meu pai aproveitou para tentar escapar mais rápido que um flash o tiro foi disparado e papai caiu no chão, fazendo uma poça de sangue, corri até ele e gritava - PAIIII, NÃO, NÃO VAI EMBORA. Ele havia partido, e meu coração em pecados estava! Esse pra mim tinha sido o pior dia da minha vida, metade de mim se foi e nunca mais fui a mesma, não sorria mais como antes, meus dias eram cinzas como a escuridão.

Desde então cinco anos se passaram e com esses anos muita coisa aconteceu, fiz amigos novos, fui em festinhas dessas de melhores amigas, tive noites de maratonando séries com muita pipoca e refri, às vezes noites em claro pensando na minha estrelinha (papai) e como eu queria ela estivesse aqui comigo, tive várias paqueras, mas eu nunca levava muito a sério, pois eu estava apaixonada na Maísa, isso mesmo na Maisa, haha não a do Silvio Santos né gente.

Maisa era uma das minhas melhores amigas, eu a conheci quando me mudei de escola, isso quando eu já tinha onze anos. Ela foi a primeira menina que veio falar comigo assim que cheguei toda tímida e sentei na última mesa da sala, depois disso nunca mais nós separamos, mas tem um porém nisso tudo, ela não sabe que sou apaixonada, na verdade ninguém sabe que eu amo a Maísa, bom ela sabe que é minha princesa, mas acha que é só amor de amiga o que sinto por ela... Ahhhh como eu amo a Maisa, amo o sorriso dela, amo o cheiro dos cabelos, quando ela me olha parece que estou parada no tempo e nada no mundo mais importa, gostaria muito ter me declarado, mas hoje já é tarde!

Enfim eu não falei o que aconteceu com minha mãe durante esse tempo, já deveria ter falado até porque ela é uma das causas do meu fim, mas a culpa não foi dela, não julgo minha mãe ela sempre esteve ao meu lado e nunca me abandonou...

A história começa aqui, quando minha mãe começa um novo emprego ela era fiscal de um supermercado ali mesmo da região, e a gente mal se via porque mercado é sempre muito lotado e os empregados vivem lá praticamente, a folga era uma vez na semana, e nesse dia fazíamos questão de estarmos juntas, saímos como se fossemos amigas, íamos no cinema, no shopping fazer compras, comer lanche, na verdade comer era nosso rolê preferido, se não tivesse um lugar pra fazer uma boquinha nem saíamos de casa kkkk. Eu amava tudo isso! Mamãe era minha grande amiga, mas eu nunca havia revelado que gostava de meninas, talvez por medo dela não me aceitar, mas fora isso eu contava tudo, tudo mesmo e ela também, sempre muito confidente...

Então como sempre lá estava eu em uma das suas folgas, me arrumando para irmos ao cinema, dona Karla vulgo minha mãe, veio até meu quarto toda animada como se fosse uma adolescente quando quer contar algo para sua amiga e se sentou na cama e ficou me olhando... - diz mãe o que é? - faço cara de desconfiada.

- aí tô com vergonha - colocava a mão na boca tapando o sorriso.

- fala boba, o que foi? - paro o que estava fazendo e presto atenção nela.

- filha, você sabe que eu amo muito o seu pai, mas se passaram muitos anos e eu conheci uma pessoa - faz uma pausa - pronto falei- suspira aliviada.

Eu fiquei sem reação, não sei exatamente o que passou pela minha cabeça naquele momento e saindo do transe eu sorria pra ela e dizia que isso era muito legal, mesmo eu não achando, mas fazer o que? Minha mãe precisava se reconectar novamente, e se ela estava feliz eu também estaria.

- sério mãe, que legal! E posso saber quem é essa pessoa? - voltei para minha chapinha.

- bom ele é muito lindo e simpático eu o conheci no mercado, quando estava entregando uma carga, sabe ele foi muito educado comigo e atencioso, pediu meu número e estamos se falando a alguns dias - olhou para cima como se estivesse pensando - quer dizer, já faz um mês.

- um MÊS dona Karla e a senhora só vem me dizer isso agora? - dou risada

- não filha, é que eu precisava conhecer ele melhor antes de te apresentar - olho pelo espelho

- me apresentar? Então quer dizer que vai me apresentar o seu boy?

- sim, ele vai conosco ao cinema haha

- sério? -risos

- Algum problema?

- não, nenhum.

- Então, termina de se arrumar e já vamos.

-OK - falo alto pois ela já está saindo do quarto, me apresso e vamos para o cinema.

Em meio a uma multidão espalhada pelo shopping vejo um homem forte e de boa aparência vindo em nossa direção, o sorriso da minha mãe vai lá na orelha e logo já reconheço que seria o tal homem que ela diz estar gostando, nos cumprimenta com um abraço e um beijo no rosto, um comprimento simples como qualquer outro.

- então essa é a famosa Luiza? - me joga um sorrisão

- sim, essa é minha filhota - diz minha mãe bem dando um abraço apertado

- Muito linda por sinal, parabéns Karla! - sorriu tímida e agradeço e assim vamos em direção ao cinema...

Tinha sido uma noite muito boa, e eu adorei a presença do Ivan ele foi cara muito simpático e extrovertido, até nos pagou um sorvete do MCDONALD'S e fez questão de nos acompanhar até em casa, mesmo estando em carro diferente, assim que chegamos desceu se despedindo de nós como um belo cavaleiro. Pensei, pelo o que parece esse Ivan irá fazer minha mãe feliz.

Meu triste fim (Concluída) Where stories live. Discover now