Save Me (Romance Lésbico) - REVISÃO

Tentação

                            CAPÍTULO 04

           Eleanor

Tic-tac...tic-tac o relógio de minha cozinha soava a cada segundo que o ponteiro se movia. Já era mais de 10h32 da manhã de uma segunda-feira ensolarada, e ainda assim não conseguia me mover do sofá e sair do meu apartamento e enfrentar o trabalho, ou melhor minha assistente.

O que diabos aquela mulher fazia em um clube de bdsm? – balbuciava para mim mesma enquanto caminhava até meu carro –Talvez o mesmo que eu? – nem pensar, espantei esta idéia ao colocar o cinto de segurança e começar a dirigir.

Quem eu estava querendo enganar, é claro que Liz era praticante, uma submissa aliás. Escutei em alto e bom som quando Ravena perguntara a ela sobre sua ocupação dentro da prática.

A minha mente da estava um turbilhão de emoções desde da noite de sábado, quando meu olhar se encontrou com o de Lizandra no fundo do bar daquele clube. Se xingava mentalmente por lembrar das coisas que disse para ela aquela noite. Não consegui dormir o resto do final de semana, pois não sabia como conseguiria encarar-la agora.

– Droga! – sem querer soquei a buzina assustando o motociclista que pedalava ao lado do meu carro no momento.

Lizandra sabia de um segredo meu, um segredo que tranquei a setes chaves durante anos, para que ninguém descobrisse sobre os meus fetiches pessoais e sexuais. Agora uma desconhecida poderia estragar tudo.

Estacionei meu carro na garagem da empresa e peguei o elevador, meditando o mantra de minha família.

“Nada abala um Powell. Você consegue"

As portas do elevador se abriram e segui caminhando elegantemente até meu escritório. Liz já estava sentada em sua mesa organizando alguns documentos, seus olhos se encontraram com os meus por um momento, e um suave “bom dia Srta.Powell" saiu de sua boca, seu olhar voltou para as papeladas como se a minha presença não a afetasse.

Sentei-me em minha mesa e logo comecei a trabalhar, quanto mais trabalhasse, mais rápido esqueceria o que aconteceu.

Mas, por que ela pareceu não se importar?

Duas batidas na porta fizeram o meu coração acelerar, o relógio já marcava 11h43 da manhã e sabia quem era através da silhueta. Tomei coragem e mandei que a mesma entrasse, como de costume trouxe um café nespresso e minha agenda. Liz agia como se nada houvesse acontecido naquela noite de sábado.

Isso que eu chamo de profissionalismo.

– Sente-se – pedi seriamente.

– Algum problema, senhora? – Liz perguntou, e uma pitada de sarcasmo saiu de sua voz.

– Não se faça de desentendida Lizandra – cruzo os braços, já que a mesma não me olhava diretamente. E atitudes assim me irritavam demais.

– Tão séria – sorriu finalmente, finalmente me encarando – Não me chamam assim desde que minha mãe se foi – revelou brincalhona.

– Precisamos conversar sobre o que aconteceu no sábado – sou direta, odeio joguinhos – Na hora do almoço, pode ser?

– Tá. – deu de ombros com desdém – Tanto faz.