Quando retornamos à Nova York, estava totalmente aérea. Desde a minha saída da casa de repouso, fiquei repassando em minha mente momentos em que minha mãe havia sido manipuladora, cruel, fria ou ambiciosa, e constatei que haviam uma porção deles, a cada nova lembrança me convencia de que o que a minha avó havia contado era um fato. Sentia-me mal; como se durante todos esses anos eu tivesse vivido com uma venda nos olhos, ignorando todos os sinais. E em acréscimo a esse sentimento horrível, existia o fato de que nunca havia me sentido tão perdida, não sabia o que deveria fazer, ou qual seria o meu próximo passo. Agitada, nem quis almoçar, apenas coloquei um traje esportivo, peguei meu celular e caminhei até o Central Park. Alonguei-me, e colocando um pé a frente do outro comecei a caminhar. Fui ganhando ritmo e velocidade, e a leve caminhada se tornou uma corrida moderada, meu corpo se aquecia e a minha respiração se compassava. A cada passo que eu dava buscava respostas para perguntas que eu nem ao menos sabia formular. Adentrei mais o parque, e o fluxo de pessoas aumentou; esqueci-me de como ele ficava no inverno; nessa estação, a beleza do mesmo ficava ainda mais evidente, especialmente em razão da pista de patinação, a Wollman Rink, famoso cenário da Big Apple. Diversas pessoas estavam patinando despreocupadamente, outras se aqueciam tomando chocolate quente na lanchonete, mas todas embaladas pela música que ecoava perto da pista; a marcante voz de Thom Yorke, interpretando "Fake Plastic Trees"; desacelerei, me concentrando na letra. Já ouvi essa música diversas vezes, especialmente na minha adolescência, mas agora diante da magnitude de tudo que estava acontecendo, sua letra havia ganhado um peso enorme; tudo era realmente falso.
Lagrimas rolavam pelo meu rosto e não pude mais continuar, encostei-me ao tronco de uma arvore e lentamente sentei, e escondendo meu rosto entre as mãos entreguei-me ao choro, como há muito tempo não fazia.
Depois de alguns minutos e alguns olhares curiosos, levantei-me, enxuguei as lágrimas e caminhei de volta ao apartamento. Assim que adentrei a sala, Dora perguntou-me:
- Mia, você vai quer comer alguma coisa?
- Na verdade estou sem apetite, mas obrigada.
- Não vai querer nem um sanduíche de peito de peru?
- Certo; você me convenceu. – Concordei, sorrindo fracamente. - Mas vou tomar um banho primeiro.
- Ok; vou deixar o sanduíche no seu quarto.
- Obrigada.
Saí do banho e enrolando-me no meu roupão, escutei meu celular tocar. Era Gael.
- Oi Gael!
- Oi, minha linda. Como vão as coisas?
- Horríveis. – Lamentei.
- Não conseguiu nenhuma informação nova?
- Essa é a parte ruim, consegui informações ainda piores. Sinto-me perdida. – Não querendo envolvê-lo mais na situação, mudei de assunto. - Mas diga-me como você está?
- Estou bem, acabamos de fechar o acordo. Então, estou te ligando para avisar que hoje à noite vamos voltar para Nova York.
- Que ótimo, fico feliz por você conseguir passar o feriado com a sua família.
- Bem na verdade, era isso que iria te perguntar; você quer passar a véspera de Natal comigo e a minha família?
- Gael, preciso me concentrar em resolver as coisas por aqui.
Com um tom preocupado Gael, sugeriu:
- Olha, por que não fazemos o seguinte; jantamos amanhã e você me conta tudo o que aconteceu e então vejo como posso te ajudar.
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Ligada a Você
RomanceLigada a Você é mais que um romance erótico. É uma obra que conta a história de Mia Jones e Gael Byrne, jovens destinados a se encontrarem, se amarem intensamente e acima de tudo amadurecerem na tortuosa jornada que os aguarda.