a carta de um adeus

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Nunca pensei em saber dessa notícia

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Nunca pensei em saber dessa notícia. Isso dá uma dor no peito! Não consigo parar de chorar, tento mas não consigo. Parece que quanto mais tento parar, mas meu coração aperta, até doer meus seios.

Dona Néia me abraça com aquele abraço apertado.

- Tudo bem querida, pode chorar, pode chorar suas mágoas e sua dor.

- Eu... Eu deveria ter procurado ela antes, dona Néia, eu deveria ter ligado ou ter vindo antes. Eu... Eu não deveria ter abandonado. - Digo soluçando com a culpa em meu peito.

- Não minha filha, você deveria estar onde estava, não tinha condições de você ter ficado nesse lugar, sua mãe teria te matado. Você fez o correto, minha filha. - Diz dona Néia, me deixando sozinha para pegar água com açúcar.

- Tome minha filha, vai te fazer bem.

- Dona Néia, como... como ela faleceu?

- Ela... Ela faleceu de câncer e pneumonia. - Dona Néia diz com a cabeça baixa.

Ponho minha mão em meus lábios para não chorar, para não poder gritar entre minha dor e minha angústia.

- E como ela ficou esses anos todos? - Pergunto com certo medo no olhar.

- Quero que você mesma veja. - Diz dona Néia procurando algo.

- Como assim dona Néia? O que a senhora está procurando, e o que quer dizer com isso? - Pergunto limpando minhas lágrimas e respirando fundo.

Vejo dona Néia pegando caixa velha e cheia de poeira. Ela sopra a poeira e abre a tal caixa. A vejo pegar uma carta cheia velha. Ela coloca a caixa em cima de um balcão e me entrega a carta.

- Melhor você se sentar, minha pequena.

Me sento e abro a carta:

De Alice Johnson
Para minha filha Soraya.

Não sei como vou começar a escrever essa carta pra você soraya, depois de todas as barbaridades que te fiz. Quando conheci seu pai sentíamos um desejo ardente, cheio de luxúrias; tínhamos uma relação de loucuras sem limites. Quando começamos a morar juntos ele era obsessivo, ciumento. Quando ele se apaixonou por outra mulher comecei a ficar louca, comecei a mudar a minha maneira de ser. Toda vez que ele chegava em casa com aquele perfume de mulher eu delirava, chorava de tanta dor que sofria por aquele homem. Eu tentava me livrar mas não conseguia. Até que um dia ele me abandonou grávida de você. Mas, em uma carta, ele jurou que cuidaria de você e te daria dinheiro. Mas minha mente ficou perturbada, só queria que você morresse, só queria que você sumisse da minha vida. Quando você nasceu ele foi morar com uma mulher. Me abandonou por conta dela. Fiquei louca e comecei a agredi-la. Meu desejo era matá-la. Fui impedida e levada ao hospital onde os médicos me deram remédio para dormir quando eu acordei eles me deram você, você tinha nascido. Quando eu olhei nos seus olhos senti nojo, repulsa, queria te matar ali mesmo, mas jurei que iria fazer da sua vida um inferno. Foi quando saí daquele hospital e comecei a cuidar de você. Quando você começou a crescer, comecei a te odiar, a te torturar e eu gostava daquilo porque aliviava minha dor...

Ardendo de prazerWhere stories live. Discover now