Capítulo 17

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CAPÍTULO 17 - O COMEÇO DO FIM

A linha que  separava Florence Willis da loucura extrema, enfim estava começando a ficar mais fina. E era só uma questão de tempo, até ela sumir.

Então caminhou um pouco mais rápido, dizendo para si mesma que tudo ficaria bem.

Suas mãos tinham sido limpas pela mãe, mas as roupas que usava ainda carregavam o sangue de Amélia.

A mãe e Paul caminhavam em seu encalço, como cães de guarda prontos para agir contra uma ameaça. Mas o problema era que a ameaça estava por toda a parte e poderia vir de qualquer um. Como alguém mata uma garota sem ser notado em uma escola cheia de gente?

Florence, a medida que chegava cada vez mais perto da sala onde alunos e pais estavam, resolveu diminuir um pouco sua velocidade. As vozes, altas, que vinham de lá, pareciam furiosas e transtornadas. ‘’É apenas o medo’’ disse em sua cabeça ‘’Eles estão com medo do que Amélia disse, de como ela morreu e... De mim’’

-Se não quiser fazer isso – a mãe segurou seus ombros, fazendo-a parar a poucos metros da gigantesca sala que Minerva usava para as reuniões com pais normalmente. ‘’Mas essa não é uma reunião qualquer’’ pensou – Nós entendemos. Eles vão entender também. Volte para o quarto e cuidamos de tudo.

-Não – protestou, convicta – Eu preciso entrar lá e os encarar. Preciso que eles olhem nos meus olhos e vejam que sou inocente. Já tem gente demais me odiando por aqui, mamãe.

-Florence...

-Vamos, estamos atrasados.

E ela caminhou com mais coragem, embora sentisse o contrário.

Quando finalmente chegaram em frente a porta, as vozes pareciam, agora, estar em uma discussão que envolviam ‘’Florence’’ ‘’Morte’’ ‘’Assassino’’. Palavras que deixaram a garota com vontade de sair correndo a qualquer instante.

Então ela girou a maçaneta, devagar, esperando não fazer muito barulho para não ganhar atenção.

Mas foi exatamente o contrário.

Quando ela passou pela batente da grande porta de madeira polida, todos os olhares se voltaram em sua direção, quase que ao mesmo tempo. E o silêncio veio junto, de forma natural.

Ela tentou não chorar.

O olhar que as pessoas a lançaram cortava seu coração, mesmo que nunca fosse admitir. Sempre muito adorada, Florence experimentava o outro lado da moeda naquele momento. E não havia gostado nada, nada daquilo.

Minerva  e os dois membros do Conselho estavam sentados em uma bancada, em cima de um pequeno palco. O resto das pessoas se encontravam em cadeiras em frente, como se esperassem o veredicto.

Florence caminhou com a família até uma fileira, mais ou menos, na metade do salão.

Ela odiou a possibilidade de sentar na frente e repudiou a ideia de se manter atrás, como uma criminosa. Não havia feito nada e não iria pagar por isso.

-Bem, os acontecimentos de hoje provam que tudo está sendo meticulosamente planejado – Minerva recomeçou – O porteiro não percebeu a presença de mais ninguém que não estivesse na lista que o entregamos com o nome dos pais que confirmaram presença.

-Isso nos já sabemos – alguém disse – Essa onda de crimes não é por acaso. Todos ouvimos o que a garota falou. Edmund está voltando e ele quer mais sangue ainda.

-Mas isso é impossível, senhor Jackson – Minerva interrompeu, quase rindo – Ele está morto! Nós o queimamos em uma fogueira! Vimos com nossos próprios olhos!

Nascida nas SombrasWhere stories live. Discover now