AMOR QUE NÃO VOLTA MAIS

AMOR QUE NÃO VOLTA MAIS (CONTO)

Já não dava mais toda aquela enrolação para terminar, não fazia mais sentido a gente. Não sei ao certo o que ocorreu, num dia me julgava como o "possível" amor da sua vida e dizia que faria de tudo para ficarmos juntinhos para sempre, agora tudo ficou mais vazio e numa roda de incertezas, diz que não está na hora, precisa resolver algumas coisas primeiro antes de continuar num relacionamento, que está perdido e não quer me prejudicar com isso.

- Desculpe... Alice...

- Não, eu entendo, como já disse... se quer ir, vai!

Peguei minha mochila de bordado jeans e corri em direção ao ônibus pra voltar pra casa, escondendo as lágrimas que já escorregavam no meu rosto. Não quis olhar de volta, sabia que ia dar nisso uma hora ou outra, a conversa só foi para adiantar, quando se adia uma coisa que tem de resolver, isso vai piorando a cada dia até terminar da pior forma possível e talvez eu já tenha adiado demais. Quem sabe se isso se resolvesse mais cedo, não terminaria como terminou agora.

- Alice, espera!!

Não! Ele foi bem claro, esse negócio de "dá um tempo" é papo furado. Por que não fala que acabou?

- Podemos ser amigos pelo menos.

Disse ele ainda correndo em minha direção, se desviando da multidão que se formou com as pessoas que iam pegar o mesmo ônibus, até que do nada sinto um toque no meu braço que ia me segurar, mas de relance puxo e ando mais rápido até entrar no transporte. Felizmente, o aperto na entrada o impediu de entrar também. Ele estava com olhos quase molhados e uma expressão triste e aflita.

Não é culpa dele, sabe? Talvez eu exija demais. Ele tinha razão: como algo ia dar certo se uma das partes não sabia do que queria? Como algo ia dar certo se sua vida estava virando do avesso? Eu sei que ele me ama... e eu amo ele... por isso tentei ajudar a superar esses problemas, como melhores companheiros um do outro, passaríamos de qualquer barreira. Não era pra ser assim?

Mas não! Ele, com todo seu jeito orgulhoso, queria resolver tudo sozinho! Não é culpa minha também, fiz o que pude até não valer a pena.

Mas como também sou orgulhosa, não vou querer ele na minha vista. Aquele último encontro foi pra dar um basta! Como vou consegui ser amiga de uma pessoa que já chamei de meu namorado? Um amor correspondido! Pode até ser fácil para algumas pessoas, mas pra mim é um absurdo!

Já sentada no banco do lado da janela, pude vê-lo tentando alcançar o ônibus, desesperado, até não dá mais.

Foi melhor assim...

Ainda segurei as lágrimas até por meu pé em casa e cumprimentar minha mãe que estava concentrada em cortar os tomates para fazer a salada do almoço:

- Como foi o Colégio, filha?

- Foi ótimo, mãe.

Corri até meu quarto antes que ela percebesse e soltei tudo que estava preso em mim no travesseiro. Claro que não vou ficar assim por muito tempo, como uma garota madura, tenho que aceitar isso, já sabia que daria nisso e... sou nova demais pra sofrer com essas coisas, não?

Mas não é fácil... não é fácil...

A gente se conheceu bem ali naquele ponto de ônibus. Quem diria que tudo iria acabar onde tudo começou. Ele, um artista músico apaixonado e sonhador, e eu, uma nerd pé no chão e temida, isso porque, segundo ele, eu era difícil e racional demais, não era uma pessoa de se deixar por pra baixo e cair nas gracinhas de qualquer um facilmente.

Nunca acreditei em amor a primeira vista, já ele, se interessou só de ver os meu olhos. Isso é engraçado, sinceramente, é muito exagero. O que olhos meramente castanhos escuro tem demais? Num dia, quando eu também já estava caindo nas "gracinhas" dele, o indivíduo me contou que só conseguiu voltar a compor as músicas por causa de mim. Clichê, mas realmente antes de tudo que ocorreu entre nós, ele estava meio triste e sem esperança, achava ele mó esquisito.