VII

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Eram 19:56, as aulas já tinham acabado, e agora eu iria para casa, mas vou ter que ficar mais tempo por causa da chuva que tinha começado alguns minutos atrás.

Tentei ligar para meus pais, mas nem consegui pois meu celular tinha ficado sem bateria. Enfim, sorte que se chama, não é? A sorte de hoje foi tanta que vou ter que ficar na escola até a chuva passar, o que não vai acontecer tão cedo.

Se passou um longo tempo e a escola já estava começando a ficar vazia. Se eu ficar mais tempo aqui, vai sobrar apenas eu nessa escola.

Vi Norman um pouco mais distante com um guarda-chuva do lado de fora. Pensei em pedir emprestado o celular dele para ligar para meus pais, porém desisti na mesma hora em que vi Emma chegar nele, depois, começando a andarem juntos, provavelmente ele iria deixar ela na casa dela.

Seria melhor se fosse eu no lugar da Emma...

Espera, o que eu estou pensando?! Não posso e nem tenho motivo para ficar com ciúmes! Afinal, sou apenas amigo do Norman e nada mais!

Sai dos meus pensamentos após perceber que iria tossir, logo coloquei a mão na boca e comecei. A dor parecia que aumentava cada vez mais e mais... Que droga, por que dói tanto?!

Parei de tossir longos segundos depois e em seguida respirei fundo para me acalmar, então olhei para a minha mão pensando que iria ver as pétalas, porém, ao invés de ver as pétalas, vi duas flores brancas com espinhos sujas de sangue na minha mão.

Já cheguei no segundo estágio...?

Me assustei após ouvir o porteiro me chamando, então me levantei do banco e vi o carro da minha mão do lado de fora, talvez ela tenha percebido que eu estava demorando ou alguma coisa parecida.

Joguei as flores no lixo e peguei minha mochila, logo saindo da escola um tanto rápido para eu não ficar tão molhado por causa da chuva, então abri a porta e entrei no carro rapidamente, sentando no banco da frente e fechando a porta em seguida.

Enquanto minha mãe dirigia, um silêncio desconfortável presenciava no carro. Eu até fiquei um pouco tenso com aquele silêncio, talvez ela esteja com raiva de mim por ter descoberto da doença através do meu pai e não de mim. Afinal, minha mãe fala demais, e eu quase nunca ficava em um silêncio como este quando ficava com ela.

— Ray. — Minha mãe quebrou o silêncio e eu logo olhei para ela. — Desde quando soube da doença? Desde quando tem os sintomas?

— Há algumas semanas.

— Quantas semanas?

— ...Três. — Parei de olhar para ela e comecei a olhar para minhas mãos após ver ela estacionar o carro na frente de casa, mas ainda sim deixando o carro ligado.

— Como descobriu que era essa doença?

— Uma amiga minha, a Gilda, ela também tem. — Minha mãe me olhou um pouco surpresa. — Naquele dia que a gente foi para a praça e você foi comprar sorvete junto com o pai, eu vi Gilda sentada no banco perto do parque, então a vi tossir e vi a mão dela com as flores com espinhos, pois ela já estava no estágio dois. Ela me explicou o que era e depois eu acabei tossindo também.

— Então ela sabe que você tem?

— Sabe.

— Mais alguém sabe?

— Anna.

— A Anna? A sua prima? — Eu balancei a cabeça positivamente. — Pediu para ela não contar, não foi?

— Eu falei que vocês já sabiam sobre isso, e que ela não precisava se preocupar. Ela até disse que queria conversar com vocês para perguntar como poderia ajudar, mas eu disse que não precisava, então ela concordou. Porém ela não sabe nem do que se trata.

As Flores (NorRay)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant