Capítulo 7

9 2 6
                                    

ㅤ ㅤO resto das aulas fluíram numa lentidão mórbida. Emilia tentou se concentrar ao máximo fazendo as provas, sabendo que Miller a infernizaria se não desse seu melhor, o que poderia levar a outra discussão, algo que ela tentaria evitar até voltar ao seu corpo.

ㅤ ㅤDurante o curto período entre uma aula e outra, Olivier pareceu querer conversar com ela, mas sendo proibido de entrar na sala, não conseguiu se aproximar. Kimberly tentou se sentar ao lado dela, mas a garota retrucou que aquilo chamaria a atenção e que não estava interessada em conversas, o que a levou a se afastar.

ㅤ ㅤAlgumas garotas mais próximas da morena tentaram puxar conversa com ela, mas foram logo afastadas, com a desculpa dela estar de TPM. Finalmente encerrado o período, foi em direção ao carro que a aguardava.

ㅤ ㅤ— Você pretende esperar a Kimberly para me levar embora? — perguntou a Alfred, com um tom de voz rude.

ㅤ ㅤ— Era minha intenção. — O loiro arqueou a sobrancelha, estranhando a mudança de comportamento da garota.

ㅤ ㅤ— Então vou de ônibus. — Se prontificou a levantar-se e sair, mas o motorista puxou o braço dela de modo firme, fazendo-a voltar a se sentar.

ㅤ ㅤ— Eu te levo, então. Não sei o que aconteceu, mas sei que a senhora Miller arrancaria meu fígado se você chegasse sem mim.

ㅤ ㅤLigou o carro e se manifestou a se afastar. Percebeu que Kim se aproximava do carro, mas desviou o olhar, enquanto ela arregalava os olhos ao perceber que eles iriam embora sem ela.

ㅤ ㅤ— Ela vai me matar — murmurou Alfred, achando que não seria escutado. E, como aconteceu com a garota na sala, um leve sentimento de culpa passou na consciência de Brown, mas foi logo repudiado.

ㅤ ㅤAntes mesmo que a senhora Miller pudesse lhe questionar sobre qualquer coisa, Emilia foi em direção ao quarto, quase se perdendo no caminho que devia percorrer para fazer isso. Odiava não estar em sua casa, desesperada por um abraço de sua mãe, que mesmo que não entendesse a situação, tentaria acalmá-la e, provavelmente, faria um chocolate quente para tentar animá-la.

ㅤ ㅤTrancou o quarto e se jogou na cama, sentindo seu peso afundando o mesmo, mas ignorou a sensação, sentindo outra vez as lágrimas que segurou por tanto tempo finalmente descendo por toda sua face e molhando o lençol branco, que antes estava perfeitamente arrumado.

ㅤ ㅤEmilia nunca causou mal a ninguém. Aliás, ela parece a pessoa mais calma e doce do mundo. Ela é bolsista e nunca se abalou com o preconceito dos outros por causa disso. Ela sempre se manteve firme, feliz em ter apenas Derrick como companhia. Jonathan prestava atenção nela, via como ela era esforçada e dedicada e, pelo modo que falara, parecia praticamente admirá-la por isso. E ela sempre o tratou mal.

ㅤ ㅤNos jogos, quando era obrigada a participar de alguns para "exercitar-se", como os professores repetiam sempre, se recusava a entrar no grupo dele e uma vez, quando foi obrigada a permanecer no mesmo time, recusou qualquer ajuda vinda dele quando uma bola lhe atingiu o rosto.

ㅤ ㅤ" Eu só quero ajudar, garota ", grunhiu ele, após ela lhe dar um tapa em sua mão quando tentou se aproximar.

ㅤ ㅤ" Ó claro, Jonathan Olivier, sempre bancando o herói", pronunciou aquilo com sarcasmo, revirando os olhos enquanto tentava se levantar, mas sua cabeça parecia latejar quando tentava ficar em pé, quase caindo, percebendo que usou o moreno de apoio. Por ser um período de baixa temperatura, o mesmo usava moletom, assim como a maioria dos alunos, que parecia prestar bastante atenção aos dois. Ela segurou o moletom dele com força, quase caindo outra vez.

ㅤ ㅤ"Está bem, ok? É como você disse, eu só quero bancar o herói, chamar a atenção, ficar como o queridinho do professor. Agora você pode me ajudar nisso ou quer ficar desmaiada aqui no meio da quadra passando vergonha?" Seu tom de voz era evidentemente irritado. Naquela época, Brown deduzira que era por ter que ficar perto dela, agora percebia que ele estava impaciente para levá-la a enfermaria pelo simples fato de que ela estava passando mal, podendo desmaiar a qualquer momento.

Este corpo NÃO é meuWhere stories live. Discover now