Capitulo 3: Festa no Lago: Novas Amizades e Descobertas

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Estava colocando a mesa do jantar quando vi meu pai entrando na cozinha, esfregando as mãos.

— O que é isso? — perguntou ele com a expressão confusa.

— Uma sopa! — afirmei, colocando um pouco em seu prato.

— Isto pode ser tudo, menos sopa!

— Se o senhor viesse me ajudar, isto seria uma sopa! — debochei.

— Eu iria te ajudar a fazer, mas acabou chegando um cliente e eu tive que perguntar sobre os novos moradores! — disse ele, dando um sorriso sem graça.

— Ué, não eram eles os fofoqueiros? — levantei as sobrancelhas.

— Só estava curioso! — o mais velho se sentou ao meu lado, pegando a colher e olhando para a comida, relutando algumas vezes. Percebi seu medo, o que me fez revirar os olhos. Ele colocou a primeira colherada na boca e depois engoliu — olha, até que não está tão ruim!

— As aparências enganam!

— É, então, soube que vai ter uma festa no lago, só para adolescentes... Você vai? — perguntou, colocando outra colherada na boca.

— Koa tinha falado comigo, mas eu não vou!

— POR QUE NÃO? — Gritou de boca cheia — quer dizer... — pigarreou, batendo no peito — Por que não?

— Papai, todos desta cidade não gostam de mim, apenas Koa é meu amigo! — afirmei.

— Como você sabe que todos te odeiam se só deu a chance de uma pessoa falar com você? — reformulou, fazendo gestos com a mão.

— Não valem a pena! — afirmei e vi ele levantar uma sobrancelha — Afinal, tenho que ajudar o senhor a limpar a padaria!

— Não quero que se prenda a mim! Eu já disse que posso ficar muito bem sozinho, sou forte! — mostrou seus braços, fazendo um muque.

— Sei — revirei os olhos e voltei a comer, ouvindo meu pai reclamar.

Arrumando meu quarto, percebi uma pequena caixa com algumas pinturas; eram da minha mãe, ela adorava pintar! Não é à toa que esta casa está cheia de artes dela, é bonito de se ver. Eu não pude conhecer minha mãe, ela morreu quando eu nasci. Meu pai fala que foi por conta de uma terrível doença que chegou às aldeias, contaminando todas as mulheres grávidas da época. Porém, quando eu tento saber mais sobre essa tal doença, meu pai muda de assunto rapidamente. É estranho, pois eu e Koa temos a mesma idade, e a mãe dele está viva. Às vezes eu penso que meu pai pode estar escondendo algo.

Me inclinei sobre a janela do meu quarto, observando o pôr do sol. A sombra do castelo ficava maior conforme o sol ia sumindo. Uma pequena movimentação na frente do lugar me chamou atenção; era o cocheiro empurrando Aelia e sua mãe para fora. Bem que avisaram!

Olhei para baixo e notei meu pai pegar sua cadeira de madeira e o violino. Descansei minha cabeça na palma da mão e ouvi ele começar a tocar minha música preferida. Depois, voltei a observar mais uma vez o castelo; tinha apenas uma janela com a luz acesa... Foi impressão minha, ou eu vi um vulto passando por ali? Apertei os olhos para tentar ver com mais clareza, mas levei um susto com alguém me chamando.

— Ei! — olhei para baixo e vi Koa — ainda não está pronta?

— Falei que não vou!

— Vai ser legal! — afirmou ele, abrindo os braços — prometo não sair do seu lado! — Koa juntou as mãos. Olhei para meu pai, que fazia a mesma coisa.

— Ah, está bem!! — me dei por vencida.

— Se algo acontecer, eu nunca mais falo com você! — afirmei, apontando para Koa, que levantou as mãos em rendição.

— Deixa de ser pessimista! — falou ele, empurrando meu braço.

Escolhi colocar um vestido simples e verde, com alguns detalhes floridos nas pontas. Fiz duas tranças nas laterais. Desci as escadas indo para o jardim onde eles estavam. Meu pai cochichava alguma coisa para Koa, que balançava a cabeça e ria baixinho.

— O que estão falando? – perguntei.

- Seu pai estava tentando me convencer a fazer você conhecer alguém.

- Olha só, eu nunca mais falo nada com você - meu pai brigou, dando um soco no ombro do Koa.

- Vamos logo para essa palhaçada antes que eu desista de ir!

— Vê se volta tarde, Calia! — gritou meu pai. O encarei confusa e ele riu, dizendo que era brincadeira.

O lago congelado, era como a gente o chamava, ele tinha esse nome porque mesmo no verão ele continuava congelado, era um fenômeno realmente estranho, mas tinha uma beleza incrível e linda. O caminho estava sendo silencioso, a maioria das pessoas da aldeia já estava dormindo, menos a taberna que estava cheia. Para chegar ao lugar, tínhamos que passar por uma floresta que ficava ao lado do castelo. A cada passo eu podia escutar os gritos de euforia, e mais um pouco, uma música baixa e tranquila. Quando passamos da floresta, chegamos ao lago e pude ver que tinha bastante gente, algumas pessoas da aldeia e outras que eu nunca tinha visto.

— Pensei que ia ser só algumas pessoas — falou Koa.

Havia um pequeno palco com uma música animada, uma fogueira no meio e algumas decorações na árvore. Estava bem bonito, mas a quantidade de pessoas me assustava um pouco.

— Eles realmente decoraram o lago? — perguntei.

— De fato eles se superaram! — afirmou Koa! — tem algumas pessoas de outras aldeias aqui!

— Tem certeza que é uma boa ideia? Podemos voltar para a minha casa

, faço algo para comermos e ficamos conversando.

— Quieta! Tem gente que eu conheço aqui — ele apontou para uma menina afastada de todos com um violão na mão; acredito que ela estava esperando para tocar.

— Quem é ela? — perguntei enquanto nos aproximávamos.

— Lembra quando eu fui com a minha mãe na aldeia vizinha e uma garota acabou derrubando leite nela? — perguntou ele. Abri a boca em surpresa, então era essa a menina?

— Luise? — disse meu amigo, cutucando o ombro dela.

— AI MEU DEUS KO!?— gritou a garota. Precisei assimilar um pouco, ela pulou em cima dele muito rápido e o chamando de um nome engraçado.

— Luise, essa é minha melhor amiga, a Calia, aquela de quem eu te falei — me apresentou.

Luise era bonita, tinha a pele bronzeada, os cabelos enrolados marrons e os olhos verdes. Seu sorriso era extremamente belo, o que deixava ela mais fofa eram as covinhas que apareciam.

— Nossa, é um prazer enfim conhecer você!! — disse ela, estendendo a mão.

— É um prazer conhecer você também. Posso dizer que já gosto de você só por jogar um balde de leite na Dona Martin — falei apertando sua mão.

— Eu me arrependo de não ter jogado outro?

— Sabe que vocês estão falando da minha mãe, né? — perguntou Koa no meio de nós duas.

— Sim, sabemos! — dissemos juntas.

Trono do Dragão  (Degustação)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora