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Victor debruçava-se sobre o colchão espaçoso ficando frente a frente com a barriga da sua bolinha. Enquanto ela o ignorava, enquanto comia uma tijela pipoca.
━━ Como a minha princesinha está hoje? Papai está morto, sua maē anda me cansando muito sabia? ━━ Sussurrou para a barriga grande. Encarou pelo canto do olho se Bárbara não tinha ouvido, e por sua sorte ela ainda olhava para a televisão. ━━ Eu escolhi um filme muito bom, você vai gostar, o papai tem ótimo bom gosto.
━━ Que merda de filme é esse?
Apontou com o dedinho roliço para a TV, Victor se assustou se apoiando nos cotovelos para olhar por cima do ombro.
━━ O homem aranha. É muito bom.
━━ Minha filha não vai assistir homem aranha, Victor!
━━ Por que não? Ela vai amar, não é bebê? ━━ Deu um selinho na barriga rindo bobo quando viu-a se mecher.
━━ Porque ela é feminista! Ela não vai assitir um filme onde um homem salva o mundo. ━━ Reclamou com as bochechas infladas pela pipoca.
━━ Bom, e você acha que ela vai gosta de assistir o que? A turma da mônica? ━━ Riu debochado, e recebeu um chute no ombro que quase o fez cair da cama.
━━ Pelo menos a Mônica bate naquele moleque machista! ━━ Apoiou-se com esforço nos cotovelos.
Oito meses não era para qualquer um.
━━ Mas tem a Mary Jane, amor. ━━ Voltou a se ajeitar na cama massageando o ombro do chute.
━━ Quer saber, não! Vai coloca a Bela e a Fera. ━━ Fez um bico aborrecido se encostando na cabeceira da cama.
━━A Bela e a Fera não é machista?
━━ Claro que não, se não fosse por ela, aquele palhaço tinha morrido! Agora levanta, vai!
As bochecha infladas a faziam parecer um coelho, mas ele jamais diria isso em voz alto. Levantou da cama, pegando o controle para mudar de catálogo.
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A tarde estava ensolarada, e os gritos das crianças correndo no parque era quase ensurdecedor.nVictor não deixava de ter o coração acelerado ao imaginar que em pouco tempo teria seu pinguinho em seus braços.
Apertou mais as mãos entrelaçadas às de sua bolinha, enquanto passavam pela área de brinquedos do parque. Ela parecia bem distraída, enquanto segurava um sorvete em sua mão esquerda. Não havia sensação melhor para Victor, já que ela disse que evitava passeios ao ar livre por sentir-se insegura.
Duas criançinhas segurando um balão colorido se apróximaram.
━━ Oi, posso tocar na sua barriga? A mamaē me disse que tem um bebê aí. ━━ O garotinho apontou com o dedinho para o barrigão evidente e Victor sorriu.
Bárbara arqueou uma sobrancelha, mas acentiu para as crianças que pareciam meio tímidas.
━━ Como ele foi parar aí? ━━ Perguntaram, enquanto as mãozinhas passeavam por cima da camiseta larga.
━━ Ah, foi em uma noite onde eu estava com muita vontade de sentar.
━━ Foi uma sementinha de melancia. ━━ Victor cortou acentindo diversas vezes, lançando um olhar repreenssivo para Bárbara.
━━ Melancia? Eu gosto de melancia. ━━ O garotinho sorriu tímido tirando as mãos da barriga.
De longe a voz da suposta mãe os chamou, e eles se despediram até sumirem de vista.
━━ Você ia mesmo dizer aquilo para as crianças?
━━ É claro que eu ia, é a verdade. ━━ Disse simples enquanto voltava a lamber o sorvete.
━━ Mas eles são crianças, amor.
Ela deu de ombro, mas começou a rir.
━━ Uma melancia. ━━ Sibilou rindo.
━━ Está rindo por que?
━━ Deveria ter dito que foi um pepino.
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