06 - Vitória

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Ouvimos uma batida na porta.
A senhora respondeu com um " entre" pra quem quer que estivesse lá fora.

Quando a porta foi aberta um cheiro amadeirado invadiu o lugar, e a figura de um homem extremamente alto me assustou. Eu comecei a me encolher e não passou despercebido por Amélia.

- querida não se preocupe, é meu filho e ele não vai te fazer mal.

Nesse momento o homem acendeu a luz do cômodo que até então estava iluminado apenas pelo abajur e eu pisquei várias vezes pra me acostumar com a claridade e mais ainda pra ter certeza que o que eu estava vendo era real.
O homem na minha frente além de alto era muito forte, tinha os cabelos ondulados e molhados na altura dos ombros a barba era grossa, grande e bem feita, ele estava de arregata branca e uma bermuda.

Ele nem ao menos me olhou. E eu os ouvi conversando bem baixinho, há pouco mais de um metro de distância, acho que pensaram que eu não estivesse ouvindo, porque falavam de mim como se eu não ouvisse.

- como ela está?

- aparentemente bem, meu filho pelo menos dos sentidos.

- conseguiu descobrir alguma coisa sobre ela?

- só o nome até agora, está muito arisca ainda.

- espero que ela fique bem logo, nao gosto de estranhos na minha fazenda.

- modos filho, não criei um ogro como dizem.

Quando acabou de falar ele me olhou nos olhos, bem no fundo, e ficou me encarando como se soubesse minha história. Seus olhos eram verdes, a pele era bronzeada, acho que eu já tinha visto um homem como aquele em algum lugar, em revistas ou tv talvez, mas não gostei do jeito que ele me olhou, ele tinha olhos ferozes, e eu sabia como era esse olhar, já recebi ele várias vezes na vida. Ele deu um beijo de boa noite na mãe, bem carinhoso e foi embora sem me direcionar nenhuma palavra.
Ainda bem.

- que horas são?

- já são quase 11 da noite.

- meu Deus eu dormi demais hoje.

- é compreensível, você esta machucada, aparentemente cansada, fraca, pode dormir e descansar o quanto quiser e quando estiver bem e quiser conversar.

- obrigado senhora Amélia

-NAO, não me chame de senhora, me sinto velha... - ela disse com ar de divertimento.

- me desculpe eu não queria ofe...

- estou brincando com você meu anjo, mais é sério, não me chame de senhora. A propósito quantos anos tem?

- 21.

- pensei que fosse mais nova, você parece uma menina, na sua idade eu já era mãe de Jean.

Jean, então esse era o nome dele, ou será que tinha mais irmãos. Acho que minha cara me entregou.

- Jean é esse que acabou de sair, só tenho ele de filho.

Eu apenas sorri e consenti.

- bom mais vou deixá-la descansar, amanhã conversamos mais, boa noite

- boa noite e obrigado por me deixar ficar.

- disponha.

Quando ela saiu reparei que era uma senhora muito bonita, o filho se parecia com ela, tinha cabelos ondulados e castanhos, olhos verdes, pele bronzeada, mais era baixa e gordinha.

***********

Não sei ao certo que horas fui dormir, mas acordei de manhã com grandes olhos verdes me olhando.
Eu assustei não era os olhos verdes da noite passada. Comecei a me encolher na cama.

- como se chama?

Eu sabia meu nome, eu sabia de onde vinha, eu sabia porque estava machucada, no fundo eu sabia mais não conseguia dizer, eu simplesmente não conseguia responder sobre mim ou minha origem.

E ter aquele homem grande e ameassador perto de mim não ia me ajudar a falar.

- se você não me disser eu vou descobrir.

Seus olhos de verdes ficaram escuros como se estivesse bravo, eu queria sair dali agora, não queria esperar pra ver o que faria se descobrisse, talvez me levasse embora de novo, ou me batesse até eu dizer, eu não sabia o que esperar de um...homem.

- eu não vou ficar por muito tempo senhor

- nao foi isso que eu perguntei

- não posso...

- vendo o estado em que chegou aqui, seu sotaque e o fato de não querer dizer nada sobre você me leva a crer que você está fugindo de alguma situação ou de alguém, estou certo?

Eu não afirmei e nem neguei, eu só olhava pra ele me cobrindo toda como se um coberta fosse me ajudar a me proteger.

- eu espero que consiga se recuperar rápido e de o fora daqui, não quero problemas.

E saiu me deixando sozinha.

Ao lado da mesa de cabeceira tinha uma bandeja com um café que saia fumaça e tinha um cheiro maravilhoso, tinha também um pedaço de bolo que parecia ser de fubá e uma banana.

Esse povo se alimentava bem.

Eu ia me alimentar e estava decidida a me levantar e saber informações sobre onde eu estava exatamente pra eu poder saber que rumo tomar quando eu fosse embora.
Acabei de comer e tentei me levantar, tudo doia, mais era suportável, acho que o fato de ter dormido bastante ajudou a deixar meu corpo mais recuperado.
No quarto tinha um banheiro, bem rústico, como o quarto, tinha também escova de dentes e toalha, então decidi tomar um banho e escovar os dentes.

Me olhei no espelho e vi que estava toda roxa mais eu me sentia bem, eu via meus olhos brilhando, eu me sentia esperançosa, porque depois de quatro anos sofrendo todo tipo de humilhação, traição e abuso físico eu estava livre.

De banho tomado e dente escovado eu resolvi mexer no armário procurando algo pra passar nos meus cabelos que eram cacheados e compridos. Quando abri o armário achei um creme e um secador, ótimo, eu ia finalizar e secar.

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Enfim livre, esperamos muito por isso vitória, mas você nem sabe o que te espera.

Vote e comente amores porque eu me guio por vocês,
Quando interagem eu sei se estou indo bem ou não😁😁



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