9 - Nas Sombras

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Ben e Kenji andavam se esgueirando por entre os prédios abandonados tentando não chamar atenção, ao longe podia se escutar o coaxar de sapos, de repente o urro se fez ouvir cortando o silêncio da noite. Ben rapidamente puxou o amigo para um dos cantos mais escuros, atrás de um amontoado de tábuas soltas, tapando com a palma da mão direita a boca de um Kenji amedrontado.

Após alguns minutos o silêncio retornou, mas Ben ainda não estava seguro de que os raptores haviam desistido das suas presas. “Estão nos caçando” falou baixinho para o companheiro, que se limitou a encara-lo de volta com olhar amedrontado.

Ben: é isso, caçador ou presa, temos que escolher. Disse o garoto determinado encarando Kenji com um olhar sério e confiante.

Kenji: não sei se você notou, mas existem duas coisas enormes, cheias de dentes e garras nos caçando... já ficou bem claro aqui quem está caçando quem! A voz dele era um misto de nervosismo e choro.

Ben: Nem tudo ainda está perdido, temos que dar um jeito de chegar ao laboratório, deve haver algo que possamos usar. Mal Ben terminou de falar e outro urro, que o garoto pensou vir de todas as direções, foi ouvido. Após alguns minutos uma silhueta passou em direção a um dos vários galpões e o luar iluminou um dos animais, que farejava o ar e adentrava dentro do prédio.

Kenji: isso é loucura – falava baixinho apertando a mão de Ben – não vamos conseguir. Disse o garoto encarando o amigo.

Ben: mas temos que tentar- disse garoto apoiando a mão no ombro de Kenji e lhe dando um sorriso. E então foram, devagar, acobertados pelo manto da noite, as vezes se escondendo nas partes escuras que não eram alcançadas pelo luar, até que finalmente entraram no prédio que funcionava o laboratório.

A cena era de um filme de terror, pedaços de corpos espalhados, sangue e entranhas em todos os cantos da sala, mas nenhuma arma. “Droga!” exclamou Ben até se dar conta do estado de Kenji, que estava pálido, a cena certamente afetará mais a Kenji, Ben permanecia com “sangue frio”, ele sabia que nessas horas pânico não ajuda, que por mais horrível que pudesse ser a cena ele deveria focar em encontrar algo que pudesse usar como arma contra os dinossauros.

Os dois adentraram mais a fundo no laboratório, Kenji sendo guiado por Ben que não soltava sua mão, chegaram a uma segunda sala onde uma densa névoa fria enchia todo o local, chegando a quase um metro.

Kenji: o que é isso? Disse baixinho para Ben que tentava entender o que era aquele lugar estranho, e ao mesmo tempo familiar, até que se deu conta. “é uma sala incubadora” disse o garoto apontando para umas das maquinas mais à esquerda da porta.

Ben: Enquanto você e Darius estavam juntando esterco de dinos, Roxie e Dave nos levaram ao laboratório do Dr. Wuu – dizia Ben puxando Kenji para dentro da sala e fechando a porta – os ovos dos répteis precisam dessa nevoa para se desenvolverem, deve haver algo aqui que possamos usar para nos defender, tente achar alguma coisa – Ben começava a procurar qualquer coisa que pudesse servir de arma, mas não encontrava nada, até que se virou e encontrou uma série de frascos com líquidos violetas. Ben pegou um dos frascos com cuidado e conseguiu ler em uma pequena etiqueta “PERIGO! Veneno  Conus purpurascens” – “é isso!”.

Kenji: o que você encontrou? É uma arma? – perguntou esperançoso. Mas logo a esperança virou desanimo quando o garoto percebeu que o amigo segurava um frasco com um liquido violeta. “Nenhuma arma?” quis saber.

Ben: essa é nossa arma, essa é a neurotoxina mais letal que existe – dizia Ben triunfante, ele sabia que as horas gastas em documentários e leitura avançada em biologia um dia serviriam para algo. “temos que ter cuidado com o manuseio, precisamos de algo para injetar o veneno nos raptores” dizia o garoto com olhar sério e preocupado.

Kenji: como é que é? – dizia Kenji surpreso e amedrontado – aqueles monstros não vão ficar paradinhos enquanto você chega perto deles... eles vão nos destroçar e... – um sibilo e estrondo de algo caindo, mais do que depressa Ben puxou Kenji para atrás de uma das incubadoras e em silêncio observam a porta ser forçada, era um dos animais que agora estava do outro lado da porta tentando entrar.

***

Ao longe, Darius e os demais observavam o movimento nas docas, os soldados a todo momento corriam de um lado para outro. Vez por outra Melissa aparecia, estava com o nariz enfaixado, o que fez Yaz sorrir de satisfação.

Darius: precisamos encontrar Ben e Kenji, mas temos que bolar um plano de fuga – dizia o garoto enquanto encarava todos.

Sammy: espero que eles estejam bem... pelo que entendi ainda tem dois experimentos soltos, vejam os estragos que esses dois fizeram a base – ela encarava diretamente uma barraca improvisada em que alguns feridos mais graves eram tratados.

Yaz: Vai ficar tudo bem – dizia a garota abraçando a amiga. Mas por hora precisamos descansar, vamos procurar um abrigo.

Darius: Vamos ficar em uma árvore, de preferência na mais alta – após isso, todos começaram a subir na árvore mais próxima.

***

Kenji e Ben se encontravam acuados, atrás de uma das incubadoras enquanto o enorme raptor sibilava e forçava a porta a sua frente. “Essa porta não vai aguentar muito” pensava Ben, ao mesmo tempo que procurava algo para injetar o veneno no animal. Kenji, ao seu lado, estava com as mãos na cabeça e sentado sem esperanças no chão gelado. Ben então se aproximou e disse: “vai ficar tudo bem, fique aqui não se mexa por nada, prometa!” Kenji apenas fez que sim com um aceno de cabeça.

Um estrondo, a porta já começava a ceder, Ben mais que depressa procurava algo, alguma coisa que pudesse usar par injetar o veneno no animal, até que achou uma caixa média de alumínio reforçado que estava aberta. BINGO! Uma caixa cheia de seringas razoavelmente grandes, deviam servir, pensou o garoto que já enchia uma com o líquido do frasco.

Outro estrondo, um pedaço de cima da porta agora havia cedido e a cabeça do raptor era vista por Ben, que agora estava abaixado, usando a névoa da sala para se ocultar da visão do animal. “preciso acertar na região do ventre ou cauda, onde o couro é mais fino” pensava o garoto, enquanto olhava para porta que parecia que cairia a qualquer momento. Depois olhou na direção onde Kenji se encontrava, e pode ver que continuava na mesma posição.

Ben sequer teve tempo de pensar em algo e quando se deu conta a porta da sala tinha vindo abaixo com o impacto do corpo do raptor, só que o animal não entrou logo, era cauteloso pensava Ben, que via a cabeça do animal farejando o ar dentro da sala. Por fim, o animal entrou, metodicamente procurando sinais de suas presas. Ben ficou imóvel, estava em lugar vantagem, era pequeno e usava a névoa ao seu favor, esperava até que o animal estivesse próximo e o atacaria, com sorte sairia com apenas alguns arranhões.

Até que tudo mudou, para o horror e espanto de Ben o animal não vinha em sua direção e sim ia de encontro ao local em que Kenji estava. “Tenho que agir” pensava o garoto indo em direção do animal, que farejava o ar tentando localizar suas vítimas.

Ben então teve um estralo, cautelosamente pegou uma pequena garrafa de alumínio na mesa mais próxima e a lançou na direção contrária a que o animal estava. O animal parou, deu meia volta e foi na direção do som.

A pata enorme pisou no chão, bem perto de Ben, que viu a pele rugosa, o brilho verde suave. As marcas de sangue na garra curva. Sentiu o cheiro forte do animal.

O raptor se abaixou, tocando a garrafa com cautela. Dera as costas para o garoto. A cauda imensa ficou bem acima de sua cabeça. Esticando a mão, ele enterrou a seringa na cauda e injetou o veneno.

O velociraptor virou e rosnou, saltando. Numa velocidade assombrosa, atacou Ben com as garras e mandíbulas à mostra. Mordeu, mas seus dentes se fecharam contra a perna de uma incubadora. Ao levantar a cabeça, jogou-a para longe. Ben caiu de lado, completamente indefeso. O raptor ergueu a cabeça ameaçadoramente e o garoto pensou: “é isso, acabou, espero que os outros consigam” e então o impossível aconteceu, o animal deu para trás, cambaleou, “está tonto” disse Ben baixinho, por fim o raptor caiu, espuma esverdeada saia de suas mandíbulas.

Kenji: VOCÊ CONSEGUIU BENNY! Dizia o garoto já abraçando Ben, que ainda não tinha acreditado em tudo que se passará naquela sala. No chão a criatura moribunda dava os últimos suspiros.

Ben: pena que acabou – dizia enquanto olhava o frasco de veneno seco – precisamos sair daqui agora. Dizia Ben puxando Kenji para fora do lugar.

Mal os dois saíram do prédio e avistaram, a alguns metros, o segundo animal que era iluminado pela luz fraca do luar. “Corra!” disse Ben para Kenji, que o seguiu sem questionar.

O animal urrava enquanto perseguia os dois garotos, Ben e Kenji corriam no meio das instalações abandonadas até chegarem na selva, ao fundo escutavam o animal que derrubava tudo no seu caminho, rugindo e avançando em direção dos dois garotos.

Kenji tirava forças para se manter em pé, enquanto olhava para Ben a sua frente. Até que pararam, um rio jazia em sua frente. “TÁ DE BRINCADEIRA!” exclamou Kenji.

Ben: o que você está esperando? PULA! – Dizia Ben enquanto observava o raptor se aproximar cada vez mais.

Kenji: Eu não posso, eu não sei nadar! Dizia o garoto desesperado, enquanto observava o animal mais próximo.

Ben: Eu cuido de você, só peço que confie em mim mais uma vez! Dizia Ben estendendo a mão para Kenji.

Os dois deram as mãos e quando Ben se deu conta os dois estavam na água sendo levados pela corrente, o raptor rugia na margem. Mas, para o desespero de Ben, Kenji não segurava a sua mão.

Continua....

Laços e Aventuras ( Jurassic World acampamento jurassico )Onde histórias criam vida. Descubra agora