𝟬𝟬6 | narração

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O SOM DA MÚSICA estava alto demais para JJ ouvir até mesmo seus próprios pensamentos, mas sentiu-se imensamente grato por isso. Havia acabado de voltar para a pista de dança ─ tinha saído para pegar um ar e conferir umas mensagens ─ mas o que encontrou foram problemas e mais problemas.

Ele sabia que tinha que ter recusado tirar aquela droga de foto com a fã, mas simplesmente não conseguiu dizer não. Ela parecia tão feliz em vê-lo, então, JJ tirou a droga da foto e agora estava sendo crucificado. Bravo!

Mas, como eu disse, JJ não queria pensar nisso e em mais nada. Por isso, como nos velhos tempos que tanto o assombrava, ele foi até o bar e pediu a bebida mais forte que tinha.

A música era alta, energética e não tinha uma letra coerente; mas ninguém importava-se com isso. Todos estavam ali para dançar e beber. E era isso que o JJ passou a fazer.

Dançava com algumas garotas que deram bola para ele, depois bebia mais um pouco. Quando já estava bêbado o suficiente, acabou transando com uma garota no banheiro e depois voltou a beber mais. Com certeza seus fãs estavam certos: o JJ do passado voltou. Mas só naquela noite, o loiro jurou para si mesmo. Já estava fodido mesmo, então, só o restava aproveitar e, com o organismo afetado pelo álcool, aquela parecia uma conclusão mais do que justa.

(...)

O sol entrava pela cortina iluminando o quarto. O loiro gemeu baixo enquanto despertava, sentindo uma dor de cabeça desgraçada e todos os seus músculos doendo, exaustos.

Ah não ─ Disse para si mesmo, abrindo os olhos de vez. A luz quase o cegou e com certeza não ajudou em nada sua ressaca, piscou algumas vezes tentando acostumar-se com a claridade.

Demorou o total de cinco segundos para Maybrank perceber que ele estava num estado deplorável, do jeitinho que veio ao mundo, completamente nu. Sentou-se na cama, alarmado e, olhando para os lados, em busca de alguma companheira, encontrou duas.

Puta que pariu.

Desesperado, levantou. Por que ele havia ido mesmo para a casa noturna? Ele realmente achou que não iria ceder à diversão? Que não iria afogar todas as suas mágoas, traumas e frustrações nas coisas mais fúteis possíveis? Bem, pelo jeito, Maybrank não possuía muito autoconhecimento.

Talvez eu devesse fazer terapia, anotou, mentalmente.

Mas isso não importava naquele momento. Levantou, colocou uma roupa, acordou as garotas que nem lembraria o rosto daqui a alguns instantes, fez elas se vestirem e expulsou-as do apartamento

─ Tchauzinho, até nunca mais ─ Disse, insolente, batendo a porta na cara delas.

John B e Pope viram toda a cena, tentando não rir.

─ Noite boa a que você teve, não é, amigão? ─ Debochou JB fazendo Pope finalmente deixar as gargalhadas que tanto queria dar transformarem-se em som e preencher o local.

Maybrank o dedo médio para os dois.

─ Odeio vocês ─ Declarou o loiro.

─ Calma, amor, é brincadeirinha ─ Pope falou, parando de rir. ─ Ai ai, eu realmente não entendo porque você foi para lá.

JB concordou, JJ foi pega um remédio para sua cabeça, na cozinha bem de frente para a sala.

─ Todo mundo sabe que você não consegue se controlar, JJ. E isso gera má fama quando se é famoso ─ Explicou Pope.

─ E você é famoso ─ Deixou claro JB, debochando. ─ Caso você esteja muito devagar e não sabia, vai saber. Você sempre foi bem lentinho, 'né?

O loiro quis socar seu amigo, encarando-o feio para deixar bem claro seu descontentamento. Daí colocou o remédio para dentro de sua boca, engolindo-o com o auxílio de um copo d'água.

─ Sua irmã quase veio para cá ─ Pope disse. ─ Ela ficou muito puta. E queria nos matar.

─ O que é injusto! ─ John B falou. ─ Quando virei amigo do JJ, não sabia que eu tinha que ser a babá dele.

Pope concordou rindo fraco.

─ Ela é muito dramática ─ JJ declarou. ─ Igual a vocês dois, igual a todos os fãs. Igual a porra do mundo todo. Pra que tanto caos por conta disso?

Pope e John B se entre olharam, desistindo de explicar o que já havia explicado milhões de vezes. JJ fez muita merda em seus dias de glória, quando a banda começou a ficar mais famosa. Festejar sempre esteve nos planos o JJ, usar todos os tipos de drogas e ficar com qualquer pessoa que achasse interessante. Mas isso trazia má fama. JJ fazia tanta merda quando estava alterado, gritava com fãs, batia em paparazzis e isso acontecia com uma frequência assustadora. Aquilo quase foi o fim da banda, as pessoas começaram a falar mal do JJ, da banda, das músicas que casavam perfeitamente com as atitudes do loiro. Quando JJ começou a namorar a modelo Kate Carrera, as pessoas sossegaram um pouco, porque ele também havia sossegado. Mas aquilo só piorou a situação quando descobriram que ele traía a namorada. Foi um escandalo e, mais uma vez, a banda ficou mal falada. Só depois que JJ fez uma carta de pedido de desculpas nas redes sociais que a situação ficou sob controle. O garoto parou de frequentar qualquer ambiente desse tipo, mostrando seu lado mais carismático e gentil nas redes sociais e em todo lugar que tinha alguém o filmando.

Mas lá estava ele, estragando tudo de novo. Pois o loiro sentia um vazio tão grande que não podia se conter. Foi um inferno passar tanto tempo sóbrio. Era sempre lidar com as coisas, lidar com os sentimentos, com as responsabilidades e com a vida. Era tudo tão merda que tudo que queria era afogar tudo isso de uma maneira nada sóbria. Ontem fora seu limite, por isso aceitou o convite de um amigo seu, dos velhos tempos, de dar uma passada naquela casa noturna.

Pope e John B pareciam cansados e desapontados com isso, mas não surpresos. Conheciam o JJ e sua história para saber o porquê do garoto fazer isso. Seguraram as pontas por bastante tempo, mas, agora, não iriam adiantar mais. Eles já fizeram tudo possível, agora JJ estava por sua conta e tinha que começar a lidar de verdade com o mundo ao seu redor.

O loiro passou por eles, jogando-se de maneira exausta no sofá caro e confortável do canto. Tampou seu rosto com uma almofada, o dia estava lindo, porém a iluminação matinal não era muito agradável naquele momento para os olhos azuis intensos do loiro.

Pope decidiu quebrar o silêncio que havia estabelecido no local, depois de um incentivo silencioso do John B para que o fizesse.

─ Então... ─ Começou ele, JJ respirou fundo. Lá vem, pensou. ─ Como eu posso dizer isso? ─ Perguntou mais para si mesmo do que para alguém em especial.

─ Só fala, cara ─ JJ falou, sentindo sua cabeça doer ainda mais. Será que essa porra de remédio não faz efeito nunca?

─ Bem é que... ─ John B revirou os olhos, farto com a demora do Pope.

─ Michael quer falar contigo ─ Disse John B de forma rápida e séria, olhando seu melhor amigo tirar a almofada do rosto, alarmado. ─ Chega em três minutos e não está nada contente.

Puta merda ─ Foi isso que conseguiu dizer. Toda a ressaca pareceu passar. Ele sabia que teria que conversar com seu agente, ou melhor, que o seu agente iria falar com ele. Mas, certamente, não esperava que seria agora.

JJ correu para seu quarto, vestindo uma roupa melhor do que deu pijama relaxado. Lavou o rosto, tentando parecer menos deplorável. Quando estava escovando os dentes, a campainha tocou.

Ding, dong.

Mal sabia JJ que o que estava por vir iria mudar sua vida.






𝐅𝐀𝐊𝐄 𝐋𝐎𝐕𝐄, jiara.Where stories live. Discover now