Capítulo XVI

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Falou demasiado perto do meu rosto, encostando-me contra uma das paredes frescas e antigas. Tentei afastar o seu corpo do meu, mas sem grande sucesso.

- O que é que quer de mim? - A resposta à minha pergunta tardou demasiado tempo a vir, o seu sorriso rasgado dava conta da intenção de me deixar sem resposta. Não sendo o suficiente ter o senhor Jeon atrás de mim, ainda tinha outro potencial perigo atrás de mim. - Quais são as suas intenções?

- Meu querido, as minhas intenções não são claras? - Como se nada fosse e o gesto fosse o normal entre nós, acariciou a minha face direita, aproximando ainda mais o seu rosto do meu, agora mais sério e de mandíbula travada. - Eu vou-te levar um dia comigo, tirando ao Jungkook o que lhe é mais precioso, tal e qual como ele fez comigo. 

- Eu não sou um objecto que pode ser tirado ou resposto numa prateleira de supermercado. Eu sou de mim mesmo. Se tem assuntos por resolver, resolva com o senhor Jeon, não comigo. 

- Tinha ouvido falar deste seu espírito independente, agora vejo que é real e verdade. Não queres ouvir o porquê da minha vingança? - Não, não estava minimamente interessado em ouvir mais baboseiras vindas da sua boca. A minha paciência atingia minimos históricos. - Ele raptou o meu companheiro, torturou e matou a sangue frio... à minha frente. Sabe porquê? Porque queria assumir o controlo da minha máfia, aproveitando-se do meu momento de fraqueza. Mas as fénix renascem das cinzas e eu nunca deixei de ser o chefe. Demorou, mas consegui chegar à fraqueza do homem de gelo.   

- Como é que eu haveria de saber que tudo o que diz é verdade? 

- O que importa é que eu irei, muito em breve, levá-lo comigo. 

Depois do homem misterioso de nome Jin-Young se ir embora, a minha cabeça encheu-se, naturalmente, de dúvidas. Estaria ele certo e a dizer a verdade? Se sim, o senhor Jeon era capaz de atrocidades ainda maiores do que aquelas que havia presenceado. Eu necessitava de apanhar ar fresco e pensar um pouco melhor em tudo o que se estava a acontecer, para o bem da minha saúde mental. Por isso, fui até ao café mais perto, pedi um latte macchiato e relaxei a beber a bebida quente. Querendo mergulhar nos meus pensamentos, agarrei no par de auriculares que tinha sempre comigo e coloquei música a dar.

- Jimin? - O meu momento de relaxamento foi interrompido pelo meu melhor amigo Kim Taehyung, que depressa puxou uma cadeira e juntou-se a mim. Mesmo que tivesse interrompido o meu momento solitário, eu agradecia por me ter retirado de um abismo de desespero para o qual os meus pensamentos me atiravam. Eu precisava de desabafar com alguém. - Estás estranho, pensei que estivesse tudo bem agora.

- Está tudo bem entre mim e o senhor Jeon. - Mais ou menos, mas ele não precisava nem podia saber. - Tenho um mafioso atrás de mim, rival do senhor Jeon.

- O quê? - O Tae fez uma pequena pausa, enquanto a senhora servia o seu pedido: um brownie e um café americano. - Desde quando?

- Tae, isto não pode sair daqui. Há dois dias, ele aparece na biblioteca onde trabalho. O nome dele é Jin-young.

- Jimin, tu não podes te sujeitar mais a esta vida, é perigoso. Por mais que possas amar o senhor Jeon, não é seguro. Não posso permitir que o meu melhor amigo sirva de arma de arremesso entre dois mafiosos perigosos e sem escrúpulos.

- Tae... Fugir não é opção.

- Não vou discutir isso contigo, confio que tomes as melhores decisões no que toca à tua vida, sabes que apoio em tudo. Somos almas gémeas por algum motivo. - Por isso é que conversar com o Taehyung era como o desemaranhar de um nó de novelo. - Só penso que devias de ter mais cuidado de aqui em diante e conversar com o senhor Jeon.

Dangerous LoveWhere stories live. Discover now