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O lugar se encheu de gritos enquanto
todos se dirigiam para a única saída, impedindo que Thomas se locomovesse mas ele também parecia não querer. Olhava os homens se socando parado no mesmo local. Quando Brenda viu que Thomas não a seguiu, começou a bater no vidro e logo ela, Jorge e Minho a imitaram, fazendo jestos frenéticos para que ele desse o fora dalí.

Chegou um ponto em que a cafeteria estava vazia e Maitê pôde ver a cena com clareza. O Cliente infectado parou de lutar e o homen encarou Thomas. Falou algo para o Clareano que se virou e começou tatear o balcão. Apareceu com o revólver na mão e o entregou ao outro que o apontou para o rosto do Cliente, mas depois se virou para Thomas, com o rosto vermelho e começou a proferir palavras cheias de raiva, depois se levantou, saindo de perto do homen, disse algo a Thomas que pareceu gaguejar uma resposta e então apontou o revólver para ele e indicou uma cadeira.

Thomas começou a gritar, desesperado:

- Espere! Juro que sou Imune! Por isso eu...

- Sente esse traseiro aqui! Já! -- Thomas obedeceu e olhou para fora. Com um movimento de cabeça pediu que ficassem fora daquilo.

Então o homen testou Thomas com o dispositivo. Logo seus reforços haviam chegado, pessoas vestindo macacões verdes que pegaram o Cliente, vermelho com lágrimas descendo o rosto.

Tentava convencer os outros de algo mas parecia não estar obtendo sucesso. Pelo que parecia queriam que ele esticasse as pernas, porém o homen não queria. Maitê sentiu uma profunda pena, pelo Cliente quando o homen apontou o revólver para a cabeça dele. Imaginou o que fariam a Terê. Se a tratariam da mesma forma caso ela fosse pega.

Havia um objeto estranho, azul na mão de um deles, encostaram o bocal na cabeça do Cliente e um gel saiu dele, passando pelo seu rosto e escorregando até entrar nos ouvidos. Ele tentou gritar de dor, porém foi abafado quando o gel entrou na sua boca. Thomas olhava tudo aquilo refletindo o mesmo horror que Maitê sentia. Quase como um espelho.

A substância ia endurecendo ao se mover, congelando-se, embora fosse possível enxergar através dela. Em questão de segundos, metade do corpo do Cliente infectado estava rígida, envolvida em uma espessa camada daquela coisa.

Carregaram o homen e o tiraram da cafeteria, assim que a porta foi aberta, Minho apareceu na porta.

- Pare já aí! -- Gritou o homen, apontando o revólver para Minho - Saia!

- Mas estamos com ele - Minho apontou para Thomas - E precisamos ir embora.

- Este aqui não vai a lugar nenhum - Fez uma pausa e olhou para Thomas, depois para Minho - Espere um segundo. Vocês também são Privilegiados? -- Minho não hesitou em sair correndo para fora da Cafeteria.

Assim que a porta bateu, o homen começou a atirar na direção deles, quebrando o vidro. Minho abanou os braços sinalizou para que todos eles dessem o fora dalí. Maitê olhou para Thomas, recuando devagar, porém quando viu que o homen iria sair também correu junto dos outros e virou a direita da rua. Continuaram a correr por um quarteirão inteiro até se algomerarem na esquina.

- O que foi aquilo, Minho? -- Quis saber, Brenda, brava - Só deixou ele com mais raiva!

- Achei que fosse apenas um mal entendido, mas o desgraçado quer vender ele.

- Não podemos deixar o Thomas lá -- Disse Luiza e Emily negou com a cabeça.

- O cara está armado.

- Estamos em nove! -- Exclamou Isac.

- E ele pode atirar nove vezes.

- Temos que voltar -- Disse Lucca - Prescisamos vigiar de longe. O cara vai prescisar sair da cidade com o Thomas e mesmo que o CRUEL venha, vai levar tempo para que isso aconteça.

Todos concordaram e caminhando pelos cantos das calçadas eles voltaram a cafeteria mas ela estava vazia.

- Mas que mértila! -- Exclamou Minho - Não podemos perdê-los de vista.

- Se espalhem pelos quarteirões -- Mandou Maitê, e sem esperar por resposta ela começou a correr. Logo o barulho de passos comprovou que eles a seguiam.

Ela examinou as esquinas dos quarteirões, sempre havia um de seus amigos em uma delas, até que ouviu Minho gritar.

- Ali está ele! -- Olhou na direção do som e viu Luiza sinalizar para que se aproximassem. Se Minho gritara daquele jeito era porquê o Clareano deveria ter se livrado da ameaça.

Presumiu antes que gritasse para que Lucca e Brenda a seguissem, e entrou esquina a dentro, atrás de Luiza que começou a correr, depois virou a direita. Quando Maitê chegou ao lugar viu no fim da rua, uma van com as portas abertas, um corpo sobre o chão e a volta estavam Thomas, Minho, Luiza, Emilly e Jorge. Isac vinha correndo de outra direção.

A medida que Maitê se aproximou percebeu que o corpo era do homen que a pouco tempo apontava a arma para Thomas. O corpo cheio de sangue e vários furo de bala.

- Sim, saquei minha metralhadora e o reduzi a um monte de minúsculos pedaços de carne -- Disse Thomas dando continuação a uma conversa que ela não pôde entender.

- Quem o matou? -- Indagou Brenda. Thomas apontou para o céu.

- Um daqueles planadores de patrulha. Voou até aqui e atirou nele até matá-lo, e a próxima coisa que sei é que o Homem-rato apareceu em uma tela, tentando me convencer de que preciso voltar ao CRUEL.

- Cara -- Disse Minho -, você não pode nem...

- Dá um tempo! É claro que não há como
voltar para lá, mas talvez precisem tanto de mim que aceitem negociar e nos ajudar de algum modo. Nossa prioridade agora deve ser Newt e Lebre. Janson acha que eles estão sucumbindo ao Fulgor bem mais rápido que a média das pessoas. Temos de dar uma olhada neles.

- Ele disse isso mesmo?

- Disse. Acredito nele. Vocês viram como os dois vem agindo -- Maitê desceu os olhos para o chão, se sentiu extremamente mal com aquilo - É melhor darmos um jeito de ver como ele está. Temos de fazer algo por ele -- Maitê concordou com a cabeça.

- Está ficando tarde -- Anunciou Brenda - Eles não deixam pessoas entrar e sair da cidade à noite. Já é dificil demais manter as coisas sob controle durante o dia.

- Esse é o menor dos problemas. Algo estranho está acontecendo neste lugar, muchachos.

- Como assim? -- Perguntou Thomas.

- Todos parecem ter desaparecido na última meia hora, e as poucas pessoas que vi eram bem esquisitas -- Maitê olhou em volta. Não tinha percebido como as ruas estavam desertas.

- Aquela cena na cafeteria realmente fez todo mundo dispersar -- Comentou Brenda.

- Não sei, não... Esta cidade está me provocando uma sensação horrível, hermana. É como se tivesse ganhado vida própria e só aguardasse para desencadear algo detestável e terrível.

- E se nos apressarmos, não conseguiremos chegar lá? -- Perguntou Thomas - Será que é possível escapar da vigilância?

- Podemos tentar -- Disse Brenda - E precisamos torcer para encontrar um táxi... Estamos do outro lado da cidade.

- Vamos tentar, então -- Resolveu Thomas.

Maitê desceu a rua ao lado deles. Uma onda escura a consumindo por completo. Lebre era uma boa amiga. Se ela virasse um Crank... Maitê não sabia se poderia lidar com isso.

A caminho para o hotel ela acabou se dando conta de que não era questão de "se" pois não teria como parar isso. E dos jeito que as coisas andavam seria provável que ela estaria pior do que antes. Presa no Berg com Newt. Ela era uma pessoa tão boa... Será que teria chances se não fosse pelo CRUEL? De viver uma vida como a das pessoas na cidade?

A lembrança da mulher na cafeteria assustada veio a sua cabeça. Assustada, temendo o vírus. Tudo isso era demais para a sua cabeça. Só queria uma forma de afastar esses pensamentos. De se livrar daquilo ao menos por um tempo.

𝑨 𝑪𝑼𝑹𝑨 𝑴𝑶𝑹𝑻𝑨𝑳Where stories live. Discover now