Capítulo 4

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Namjoon caminha lentamente de cabeça baixa, sem observar o mundo a sua volta dessa vez, sendo algo totalmente incomum para ele, era perceptível que ele estava ou com a cabeça cheia ou chateado. O fato, na verdade, é que ele não conseguia tirar a imagem do vizinho enfezado de cabelos bagunçados, roupas amassadas e descalço na sua porta o obrigando a parar de fazer barulho tão tarde da noite.

Ele ainda se sentia mal por ser o motivo de uma pessoa ter se incomodado e se privado de dormir. Mas não só isso, sua cabeça ficava voltando no momento em que o outro afirmava que precisava dormir, como se fosse o momento em que mais ficava livre do que quer que fosse que precisava se livrar. Namjoon conhecia bem a situação, já tinha passado por ela duas vezes, tendo apenas seus melhores amigos como amparo. Ele saiu dessas, mas odiava ver outras pessoas tentando desviar de seus sentimentos e acabando ainda mais frustradas e irritadas no processo. Não era nenhum psicólogo como Yoongi era, mas ele sabia que era necessário falar sobre o problema e o fazer sair, ao invés de guardar para si e ficar ruminando como se fosse uma vaca comendo capim.

Mas Namjoon não era nada para o vizinho, então ele queria apenas se desculpar de uma forma apropriada e deixar o assunto ir, sem incomodar mais a paz alheia até que finalmente seu momento glorioso chegasse e ele pudesse ter seu estúdio com isolamento acústico para fazer o barulho que quisesse. O Kim suspirou com o pensamento, tentava não pensar muito nisso mas ficava claro que quanto mais os dias passavam mais ele se sentia tenso imaginando que não conseguiria ser contratado mais uma vez e teria de desistir de tudo já que ele tinha jurado para si mesmo que seria a última tentativa de todas.

Ele não podia falhar.

A cabeça de Namjoon estava trabalhando tão rápido com as engrenagens girando que quase passou da entrada da panificadora, que era o seu destino inicial. Tirou uma das mãos do bolso e empurrou a porta que fez um leve barulho soar pelo local. Gostava muito do estabelecimento, não só pelos bolos magníficos, pelos pães sempre crocantes, mas também pela decoração e pelo sino não ser do tipo estridente como aqueles disponíveis em praticamente noventa por cento dos comércios.

Foi até o balcão e sorriu para a atendente de sempre, que o cumprimentou sorrindo e perguntou se ele queria o mesmo bolo de sempre, floresta negra com prestígio. Mas ele não queria esse, dessa vez, não era para ele então não poderia errar no pedido. Ficou por alguns minutos observando a variedade de bolos e de sabores fazendo com que quisesse levar todos eles e comer todos sozinhos até ter um desmaio por ter ingerido tanto açúcar.

— Vou levar esse de ganache meio amargo com creme de oreo. Inteiro mesmo — disse para a atendente que prontamente separou uma caixa e acomodou o bolo dentro embalando com maestria e a prática de quem já fazia isso muitas vezes ao dia.

Agradeceu pagando pelo bolo e deixou o estabelecimento segurando a caixa em uma das mãos, confiando plenamente na sua capacidade de segurar sem derrubá-lo. Começou seu trajeto de volta para casa, já se sentindo mais leve do que quando foi até a panificadora comprar o doce. Caminha sempre fazia bem a ele e pensar em formas de se desculpar e se retratar com a pessoa era uma característica muito Namjoon de ser. Não importava se ele era o certo na situação, ele sempre iria arrumar uma forma de fazer com que a situação terminasse de forma saudável.

Ou seja, sempre gastava dinheiro comprando bolos. O que,do ponto de vista biológico, não colocava um ponto final nas situações de uma forma muito saudável.

Observou sua casa ficando cada vez mais próxima e a ignorou quando passou por ela, indo diretamente para a porta do vizinho torcendo para que ele estivesse em casa naquele momento. Pois, apesar do Kim gostar de encerrar assuntos e não deixar as coisas o dominar, ele também fugia às vezes. E um vizinho enfezado era desculpa o suficiente para fugir e fingir que nunca tentou nada amigável.

Juntando Cifras e Palavras {namjin}Kde žijí příběhy. Začni objevovat