Capítulo 11

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Gwen Gallagher

Estava muito distraída essa semana, tanto que quase cortei meus dedos umas cinco vezes enquanto cortava as coisas para o meu jantar. Não conseguia mais ficar totalmente no mundo real, era como se estivesse drogada sem estar.

E eu daria tudo por alguma coisa, qualquer daqueles remédios que minha mãe tinha para misturar com álcool. Depois do que aconteceu semana passada, minha vontade era nunca mais ir para Chicago de novo.

Mas, eu não podia voltar atrás, se eu tinha decidido que ia, não podia decidir parar de ir agora. O sentido de voltar para a empresa era ir um passo de cada vez, e não ficar parando toda vez que uma merda acontecia.

Paro de pensar nisso quando ouço um som bem distante, solto a faca e limpo as mãos no pano perto do fogo. Começo a ir na direção da porta da frente e afasto a cortina de uma das janelas perto da porta.

Tem um ponto preto se aproximando muito rápido do portão da minha casa, franzo as sobrancelhas e penso logo que é alguém que Joseph mandou para me pegar já que eu tinha contado o plano dele.

Corro para o armário e afasto umas tábuas de madeira para pegar o rifle que comprei para esconder aqui. Abaixo o cano e carrego com dois cartuchos, o cara da loja me ensinou a carregar e a segurar.

Mas não sabia se a mira iria ser tão boa quanto a de um profissional, ou a de quem só sabia atirar. Mordo o lábio e carrego o rifle, respiro fundo e fico na frente da porta para erguer o rifle bem na frente.

O barulho da moto para e consigo ouvir meu coração batendo nos ouvidos, minha respiração é tão rápida que eu tenho que me acalmar enquanto ouço alguém subindo as escadas.

Não posso ter medo. Não posso ter medo.

-Gwen?- chama e abaixo o rifle.- Gwen!

Apoio o rifle na parede e começo a ir na direção da porta, não tiro o pega-ladrão ao abrir e fico entre a brecha da porta que dá para me ver. Peter percebe isso e comprime os lábios com raiva.

-Não vai abrir?- pergunta.

-Eu falei que não queria ver você nunca mais.- murmuro.

-Bom, eu não aceito isso.- ele coloca as mãos nos bolsos.- Eu quero conversar.

-Eu não quero.- começo a fechar a porta e ele coloca o pé na única brecha.- Peter, eu vou bater em você.

-Adoraria ver você tentar.- ele me observa.

-Peter, vai embora.- aperto minhas mãos.

-Não.- balança a cabeça.

-Eu não vou abrir a porta.- explico.

-Ok.- ele tira o pé e se afasta para sentar na escada.- Eu vou ficar aqui até você abrir.

-Dia ruim para você.- informo.- Eu acabei de fazer as compras.

-Você vai ficar surpresa com a minha resistência.- ele cantarola pegando um cigarro no bolso.

-Não tanto em uma corrida.- rebato.- Não aguenta correr fumando desse jeito.

-Vai se surpreender.- acende e começa a fumar.

-Peter, eu não quero cigarro na minha casa.- falo séria.

-Sim, senhora.- ele apaga e respira fundo.- Vamos resolver isso ou...

-Não.- balanço a cabeça.- Esquece e me odeia. Não é problema para você, certo?

-Errado.- não consigo ver o rosto dele.- Eu não paro de pensar que você está totalmente exposta aqui.

-Bom, há três semanas atrás você falou que seria um sonho se eu parasse de respirar.- lembro.

Gwen Gallagher - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora