0.2 Abóboras e Saudade.

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LORY

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LORY

O apartamento está morno por causa do outono. Lá fora, as folhas laranjas se espalham pelo chão e o Halloween já é sentido no ar.

Termino de lavar as louças, escutando a voz de Lady Gaga na caixinha de som. Seco as mãos num pano, respirando fundo.

Minha cabeça ainda dói por causa da noite de ontem. Ficar acordada até tarde estudando não é pros fracos. Estou quase finalizando a faculdade e mal posso acreditar que tudo aconteceu tão rápido. Observo nosso apartamento com cuidado, a mancha de suco, que Molly fez quando veio aqui, ainda está na parede.

Ela ficou tão animada por finalmente nos ver, que ficou tremendo.

Sinto um aperto no peito por saber que não irei passar o Halloween com eles novamente. A memória daquela noite doida quando éramos adolescentes no Halloween ainda permanece em meu coração e isso diminui a tristeza.

Sigo para nosso quarto e tiro minha roupa, analisando os quilinhos que perdi com toda essa correria. Uma tontura me invade e me seguro no guarda-roupa.

Eu não tenho comido direito.

Juntando forças para voltar ao normal, coloco uma blusa branca simples e uma calça jeans, que fica folgada em mim. Ignoro isso, colocando uma bota preta e pegando minha bolsa. Preciso fazer compras.

Din volta hoje para casa.

Faz duas semanas que ele saiu a trabalho. Uma virose pegou os cavalos da cidade vizinha e ele foi chamado para fazer o tratamento. Din terminou a faculdade a dois meses e rapidamente conseguiu trabalho. Ele se formou com mérito e aquele dia foi tão lindo.

Sinto orgulho dominar meu peito e penso que logo chegará minha formatura.

Já estou quase de saída para o mercado quando meu celular vibra. Atendo com um sorriso nos lábios.

"Te acordei?" A voz de Din do outro lado da linha é rouca e percebo que ele acabou de acordar.

"Eu não dormi" Comento rindo, mas ele fica mudo do outro lado.

"Lory" Din suspira. Sinto saudades de sua respiração em minha pele e de seus lábios e olhos. "Você não pode continuar assim. Eu chego hoje e não quero te encontrar mal. Por favor, durma um pouco."

A tontura me invade novamente.

"Eu estou bem" Minha voz sai fraca e ele parece perceber.

Droga.

"Eu vou mais cedo. São quatro horas de viagem, por favor coma e durma. Quando você acordar já estarei aí." Ele quase súplica e meu coração aperta.

Faz duas semanas que não posso abraçá-lo e isso está dificultando meu sono. Os momentos que conversamos durante o dia são escassos, pois sempre estamos ocupados, ele com o trabalho e eu com a faculdade. Uma angústia invade meu peito e sinto vontade de chorar.

Você, Nós e o HalloweenWhere stories live. Discover now