Flashback I: A festa

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Uma semana atrás.

Eu não sei porque estou aqui nessa festa, essas bebidas, esse tipo de adolescência não é para mim. O tédio e o silêncio gritante do meu quarto fez eu tomar a atitude boba de aceitar o convite do Beomgyu de vir com ele para festa, e do nada ele some, acho que deve ter ido ficar com algum garoto em meio a toda essa gente. - As vezes me pergunto que tipo de melhor amigo eu tenho. - São nove e meia da noite, já desperdicei muito tempo aqui, tenho que voltar para casa e sair dessa festa, antes que algum quarterback bêbado acabe vomitando em cima de mim.

Pego meu celular e mando mensagem para o Beomgyu;

Eu: Beomgyu onde você ? Eu indo pra casa agora.

Depois de alguns minutos ele me responde;

Beomgyu: Tudo bem, eu tô com um cara, ele pode me deixar em casa.

Beomgyu: ELE BEIJA MUITO BEM.

Puta.

Tentando não esbarrar em algum adolescente doidão, vou em direção a porta da varanda e a atravesso. Encontro um banquinho de madeira e resolvo me sentar ali enquanto meu uber não chega.

Esperando o uber, eu abro um e-book no meu celular e já estava me preparando para começar minha leitura quando ouço a voz de Choi Yeonjun vindo na minha direção.

Choi Yeonjun era um quarterback da minha classe que todo mundo gostava, ele entregava direitinho suas atividades, se comportava bem nas aulas, e embora ser um cara bem reservado, sua popularidade era imperceptível. Ele tem mundos de garotas correndo atrás dele, e os professores, embora, sempre me escolherem como primeira opção, os mesmos bajulavam Choi Yeonjun e o fato dele ser um aluno exemplar, mas sempre muito descolado, tornava ele de certa forma superior a mim no ambiente social da escola.

- Ei viadinho - Yeonjun diz, minha mãos começam a suar de nervoso, há tempos ninguém me chamava por essa palavra, e ver que alguém que mal conheço se dirigindo a mim assim, me trás lembranças que me deixam atormentado e com raiva ao mesmo tempo. - Oque anda fazendo ai? - Ele finalmente diz.

- Meu nome é HueningKai, não viadinho. - Digo enquanto sinto a raiva crescendo pelas minhas veias.

- Ah é mesmo? - Yeonjun diz enquanto acaba de depositar um soco em meu estômago, fazendo com que eu caia do banquinho, meu corpo parando no chão de madeira pela dor aguda que agora está pulsando dentro de mim. Minha visão está embaçada enquanto meu corpo tenta se recuperar da bagunça causada pelo o punho do Yeonjun.

Após recuperar meus sentidos, aquela raiva que estava correndo pelas minhas veias, veio a tona como cavalos correndo na beira de um mirante.

Choi Yeonjun está agachado me observando, ele parece esperar que eu faça algo, é minha chance. Com um movimento eu ergo meu corpo e avanço em cima do garoto derrubando ele, fazendo com que seu corpo fique no chão enquanto estou sobre ele socando seu rosto, sentindo meus punhos molhados pelo o sangue dos lábios do garoto.

Ele não reage, não troca socos, está apenas com os braços estendidos sobre o rosto com uma tentativa falha de se proteger. Eu saio de cima do garoto e percebo que meu uber havia chegado, ele lentamente se levanta e serenamente, ele limpa o sangue do seu rosto, eu lhe dou uma última olhada e me dirijo ligeiramente para o carro, deixando o garoto lá.

O carro se afasta do local da festa e meu cérebro agora está empenhado em entender oque acabou de acontecer, meu corpo ainda está trêmulo, meu coração bate em uma velocidade extrema e todas as minhas veias estão dilatadas. Há muito tempo eu não sofria um caso de homofobia como esse, eu não poderia deixar que mais um cara homofóbico saísse impune depois de me perseguir com seus comentários preconceituosos. Naquele momento eu queria fazê-lo sentir cada um dos extremos da dor de ser uma pessoa que faz parte da comunidade LGBTQIA+ e mesmo que eu passa-se vinte e quatro horas da minha vida socando o rosto dele, ainda seria insuficiente para descrever o quão difícil é ser um arco-íris que brilha nesse mundo escuro.

Depois de um tempo, eu já estava a quatro quarteirões da minha casa quando meu celular vibra indicando uma notificação. Uma conta do Instagram, com um user estranho e cheio de letras aleatórias me marca em uma publicação do Instagram, ligeiramente, eu deslizo meu dedo pela a tela e abro a marcação, vendo seu conteúdo.

Meu coração acelera desesperamente, após ver um vídeo mal gravado do momento exato que estou arrebentando o rosto de Choi Yeonjun.

"Alunos exemplares batem em seus colegas sem motivo, HueningKai?

Após ler a legenda eu me dei conta que o vídeo já tinha mais de oitenta acessos e vários comentários vindo da maioria das pessoas da minha escola.

"CÉUS! Que fingido!"

"Que babaca"

"O lobo em pele de cordeiro"

"Tadinho do Yeonjun, ele está bem?"

"Cobra"

Desesperadamente abro meu teclado e em meio de um pequeno texto, tento explicar oque realmente aconteceu, mas após alguns segundos, respostas cheias de ódio vieram com mais intensidade, e minha explicação foi ignorada e massacrada por todos.

Chegando em casa, ainda recebendo várias mensagens de ódio, eu desativo minhas redes sociais com a tentativa de aliviar aquela situação, deleto todas minhas publicações, deixando meus perfis vazios. É como se eu acabasse de tirar um peso de minhas costas, de repente tudo aquilo teria dado uma pausa, e agora só me resta pensar.

Tomo um banho, visto um short confortável e deito na cama tentando assimilar tudo o que aconteceu, e tentando encontrar respostas de perguntas sobre essa noite conturbada.

Por que Choi Yeonjun não revidou quando eu estava esmurrando ele? Tenho certeza que ele tem 2 vezes mais da minha força física, ele poderia acabar comigo ali mesmo. - Não que eu me importasse - E quem será que pode ter gravado o vídeo? Eu não lembro de ter visto ninguém por perto quando aconteceu. Quem será o dono daquela conta? Será que o próprio Yeonjun armou tudo isso?

Não sei quem foi o responsável pela a publicação do vídeo, a única coisa que tenho certeza, é que essa pessoa queria ver minha reputação sendo sepultada em um cemitério de mentiras.

Reputation - The Sookai FanficWhere stories live. Discover now