Capítulo sete

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Isiodora Landermonte
Hotel Four Seasons, Washington
13 de fevereiro de 2004, 20:19

 Não consigo entender como a imprensa ainda não entende Michael. É claro que ele não vai parar no meio de uma multidão e responder o que eles estão perguntando. Agora, mais uma vez enquanto estávamos voltando para o hotel, perguntaram se Michael era estéril

 Essa pergunta a machuca, um filho é tudo o que ele sempre quis, mas, esperou por mim. Ele adiou esse sonho por minha causa

 E agora, ainda estamos tentando sair do fundo do poço em que coloquei nosso relacionamento e ele ainda está com esse sonho parado no tempo

 Se por minha culpa ele nunca realizar esse sonho, eu jamais irei me perdoar porque a culpa é completamente minha

— É tão bom estar em um lugar seguro! — ele fala enquanto se joga na cama. Coloca às duas mãos sobre o rosto

 Fecho a porta de nosso quarto e vou em direção ao banheiro. Preciso tirar a minha maquiagem. quero me ver livre de todo esse reboco!

20:27

 Após um banho rápido me enrolo em uma toalha e me posiciono em frente ao espelho. É bom olhar o nosso reflexo e gostar do que vê, mesmo que esteja longe de ser perfeito

 Hoje o que vejo não é perfeito, mas, eu gosto. Consigo ver uma Isiodora mais confiante e de certa forma feliz por estar lutando pelo casamento

 O meu casamento merece cada esforço que estou fazendo. Michael Vale a pena, vale completamente!

 Okay, agora, chega de ficar se namorando na frente do espelho. Começo a me vestir. Sempre trago comigo minhas roupas. Quando viajamos juntos eu nunca me visto no quarto

 Após finalmente me vestir. Seco meu cabelo com a ajuda do secador. O barulho chato e incomodativo abafa um ruído que não parece estar longe e não é de nenhum fã lá fora

 Sem desligar o secador eu me aproximo da porta. Os ruídos é o choro de Michael. O que aconteceu? Será que foi algo que eu fiz? algo que falaram enquanto entravamos e eu não escutei?

 Volto para perto da pia e encaro o espelho. Será que eu vou até lá ou o deixo desabafar em paz? Será que é mesmo uma boa ideia eu dar tanto espaço assim para ele?

 Quer saber? Eu vou até lá! Desligo o secador. Abro a porta e saio. Michael está sentado perto da janela. Esta encolhido com o queixo apoiado nos joelhos

— Michael — sussurro seu nome enquanto me aproximo — O que aconteceu meu bebêzinho lindo? — faço uma voz meiga para ele

 Michael levanta seu olhar e me faz um biquinho. A carinha dele é de cortar o coração. Me agacho em sua frente

— Eu me sinto tão diminuído como homem — respira profundamente — Toda vez que alguém me pergunta porque ainda não sou pai e se tem algum problema comigo eu me sinto horrível — entre lagrimas ele olha para cima — Será que tem mesmo algo errado comigo? — em crise ele chora escandalosamente. O abraço para o acalmar. Ele me aperta em seus braços e chora mais alto ainda

— Não tem nada de errado com você meu amor, só não estamos transando e para ter bebês precisamos fazer isso — brinco com ele

— Como eu fui me esquecer desse pequeno detalhe? — Michael cai em gargalhada — Eu acabo me esquecendo de como estamos quando estou triste — ele tenta se recuperar da crise de riso repentina

— Esta tudo bem meu amor, é comum acontecer — beijo o topo de sua cabeça — Agora, vai tomar um banho porque vai te fazer muito bem — meu amor, acho que você precisa de terapia urgente. Toda essa situação está acabando conosco

— Quero ir para casa — ele fala entre suspiros — Se você não se importar, claro — ele olha para mim. Aceno negativamente com a cabeça. Se ele quer voltar para Neverland, vamos!

— Claro, vamos sim! Se vai te ajudar a ficar melhor faço qualquer coisa! — ele muda sua feição. Com um olhar doce me encara. Desce seu olhar rapidamente até a minha boca e sobe bem lentamente

— Então, vamos — ele fala arrastadamente e de uma maneira sedutora. É a primeira vez em anos que ficamos assim tão pertinho um do outro. Ele se levanta rapidamente e anda em direção ao banheiro — Vou tomar um banho, te vejo já! — então, ele está correndo de mim? Que sinal é esse?

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