Capitulo III

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  Acordei sobressaltada com Anna me olhando furiosa. Por um instante esqueci de tudo que aconteceu essa madrugada.

— Tinha um homem no meu sofá. — Disse apontando para trás, para a porta do meu quarto.

— Eu sei. 

— Tinha um homem dormindo no meu sofá, Lily.
— É. Eu também sei. — Falei segurando o riso.
— E também tinha uma roupa de príncipe no meu outro sofá.
— Anna, diga algo que eu não sei. — Reviro os olhos indo para o banheiro dentro do quarto.
— Ele foi embora.
Ah.
Anna me olhou olhou com estranheza por longos segundos. E eu a entendia. Isso nunca havia acontecido antes, eu nunca trouxe ninguém para dentro da nossa casa, nunca saí com ninguém.
— Não acredito! Está triste! Você está triste, Lilly. — Ela grita esganiçada.
— O quê?! Não, Anna. Eu não estou triste. Só que é... Complicado.
— Complicado? Pode descrever? O que é mais complicado do que encontrar um homem deitado no nosso sofá?
Levo o indicador e o polegar ao nariz e pressiono aquela região. Aquela seria uma longa conversa se eu não cortasse logo o assunto. Eu havia acabado de acordar e um interrogatório logo de cara me deixaria de mau humor o dia inteiro.
— Anna, respira. Henry foi um garoto bom. Não aconteceu nada. Ele só precisava fazer um telefonema e...
— E aí você o deixou dormir no nosso sofá, porque ele estava vestido de príncipe e sua fantasia estava aflorada pelos filmes? E, Henry??? — Ela leva as duas mãos na cintura enquanto andava de um lado para o outro.
Eu rio. Ela estava sendo ridícula.
— Não, sua idiota. Ele não tinha onde passar a noite.
— Estou reconsiderando a ideia de te deixar sozinha sexta-feira à noite. — Diz apontando o dedo e saindo em direção a cozinha.

    Quando estava enfim sozinha, um sentimento de preocupação se apodera de mim. Henry estava com medo se seu pai o achasse. Como ele foi embora? Será que o pai veio buscar? Anna teria a resposta?

— Anna?! — Grito. — Como ele foi embora?!
— Homens de preto vieram buscar ele e foram super gentis comigo e te deixaram uma carta — Gritou de onde estava e eu fiquei paralisada.

O encontraram.

Castelo de Mourkylewer, Inglaterra.
10am

  Eu só pensava em como argumentar contra meu pai para que Lilly não fosse responsabilizada por meus erros. Jamais me perdoaria se algo acontecesse a ela.
   Os homens de meu pai bateram em sua porta exatamente às sete da manhã. Quando ela ainda dormia e enquanto sua amiga chegava de uma noitada.
... Essa cidade tem o sobrenome da nossa família, Henry. Você tem responsabilidades aqui! Se for agir como um adolescente rebelde todas as vezes que algo for contra sua vontade. Já pode renunciar ao trono! — Meu pai cuspia essas palavras em mim, sem se perguntar como eu me sentia. Era típico de um homem Mourkylewer, todos eram geniosos, orgulhosos e brutais assim. Eu fora o único a nascer doente.

  Meu pai era um sujeito alto e forte. A barba sempre aparada com perfeição e muito bem pigmentada. Seus típicos cabelos lisos e negros eram afastados de seus olhos com voracidade e brutalidade conforme gritava. A roupa de rei tecida com linhas verde escuro e branco, afortunadas e importadas estavam perfeitamente passadas e limpas. Suas botas estavam um pouco sujas de lama, por passar a manhã no campo escolhendo o sermão que me daria dessa vez. 
— Você fez sua escolha, Henry. Não obedeceu a seu pai. Se casará com a princesa, e o assunto está dado por encerrado. — Levou as mãos atrás do corpo e se virou para a imensa janela de vidro.

  No fim, de nada me adiantou fugir. A conversa no leito de morte de minha, foi esquecida da mente de meu pai, onde dizia: "A mão de Henry, nosso filho, futuro rei, estará prometida a mulher  a quem por ele se apaixonar. Nada mudará isso.". Mas, qualquer modo, a mão da princesa já estava prometida a mim, príncipe herdeiro do trono de Mourkylewer. E nem éramos apaixonados. O coração da princesa pertencia a outro, e o meu, ainda nem havia sido sequer escolhido.

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⏰ Last updated: Oct 21, 2021 ⏰

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