~7~ Diana Harrys

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Enquanto estive fora a sra. Lowell atendeu duas pessoas, mas segundo ela eu devia ter chegado mais cedo, pois o primeiro era muito mais simpático. Eu imagino o quanto ela deve ter alugado o pobre rapaz, contando suas histórias. Mas ela é uma pessoa incrível e com certeza se o rapaz ficou é porque conseguiu ver isso nela também.

O segundo ainda estava na loja quando cheguei e tinha um jeito mais fechado, falava pouco e quando encontrou o que queria, pagou e foi embora.

Naquela noite eu a convidei para jantar comigo e fomos pra casa juntas.

Jantamos e conversamos por um bom tempo, matamos a saudade uma da outra, mas estava ficando tarde e ela foi pra casa. E não pense que eu não a convidei para ficar, mas a sua teimosia estava pior.

Já sozinha em casa, vou me deitar e começo a pensar sobre o projeto. Entre uma ideia e outra, acabo dormindo.

Estava cansada demais ou a noite foi mais curta que o normal. Quando os primeiros raios de luz começaram a entrar no quarto eu desperto. Os sonhos dessa noite foram bem aleatórios. Apesar de ter sido uma noite rápida, me sinto muito bem. Levanto, faço minha higiene matinal e tomo meu café.

Quando estou na calçada do prédio desisto de chamar o táxi e vou caminhando até a loja. Tomar um ar seria ótimo hoje. Enquanto passo por um prédio e outro eu observo sua entrada, observo suas formas e tudo que possa me dar inspiração. De repente, eu vejo uma única casa entre dois prédios enormes, o que me faz rir.

O que uma casa faz no meio desses prédios. Mas prestando atenção nos detalhes da casa posso entender porque não foi tirada dali. Provavelmente seus proprietários tem lembranças importantes ali. Não era uma casa luxuosa, mas com muitos detalhes, cada canto dessa casa foi pensada e construída com amor. Percebo que tem um caminho que dá para um jardim na lateral e isso me impulsiona a atravessar a rua, porém me esqueço de ver se algum carro estava a passar. Só me lembro quando escuto a buzina forte e a freada brusca. Minhas pastas escorregam das minhas mãos e logo tudo está na rua. Me abaixo rapidamente para pegá-las, mas o motorista do carro desce desesperado e vai ao meu encontro achando que eu tinha me machucado.

- Hey! Você está bem? - ele se abaixa enquanto pergunta.

Não consigo nem olhá-lo nos olhos de vergonha, por isso continuo fitando as pastas no chão.

- E-eu estou, me desculpe... foi minha culpa, eu não olhei antes de travessar....

- Tem certeza que está bem? Você pode ao menos olhar pra mim? - ele gesticula com as mãos em sua direção.

Então eu levanto a cabeça e o olho.

- Está tudo bem, eu tenho certeza, obrigada. - sem perder muito tempo, eu junto tudo e me levanto.

Ele se levanta também e continua me olhando sem dizer nada. Mas quando eu vou me desviar dele para seguir meu caminho, ele volta a falar.

- Posso fazer algo por você?

Ele fala um pouco mais insistente, mas eu não me viro para olhá-lo.

- Não se preocupe.

- Me diga seu nome, pelo menos...

Ele praticamente grita, mas a vergonha da situação e todas as pessoas da rua paradas nos olhando, me faz acelerar os passos, ignorando o rapaz.

Entro na loja quase de supetão e somente quando fecho a porta atrás de mim eu respiro de novo.

Como foi que a minha manhã tranquila virou isso? Que vergonha!

Vou ficar um bom tempo sem vir pro trabalho andando. E o pior de tudo, é que não pude ver a casa, nem o jardim dela. Coloco as pastas sobre a mesa e vou até o fundo pegar um café. Talvez depois desse café, meu cérebro volte ao normal e eu possa trabalhar.

O Jardim de Diana HarrysWhere stories live. Discover now