15 - Um eterno processo de aprendizagem

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Inexplicavelmente, minha primeira vontade é cuspir todas as informações da minha vida na cara dele

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Inexplicavelmente, minha primeira vontade é cuspir todas as informações da minha vida na cara dele. Porque, desculpa, eu não sei se ele sente o mesmo, mas ele é uma pessoa com quem me sentiria à vontade para contar sobre inúmeras coisas. Eu sei que ele me julga, mas ele passa tanto tempo com a mesma cara séria (ou então dando aqueles sorrisinhos irônicos) que eu nem me incomodo nem nada. E também ele não parece ser o tipo de pessoa que sai por aí contando a vida dos outros. Ele não conta nem da vida dele, quem dirás de outras pessoas. Espero que essa lógica seja verdade.

— O que quer saber? — pergunto.

— O que você quiser falar — dá de ombros.

Como Ten está de lado, agora consigo ver sua tatuagem. Está escrito: “Good boy searching for redemption”. Não sei o que significa. Ou melhor, a tradução eu sei. A questão é que não compreendo o significado.

— Você também irá dizer? — pronto, lancei.

Ele me olha rapidamente, mas depois separa o Ás de paus.

— Claro.

— Então… hm… eu não sei o que falar.

— Comece pelo que te fez fazer uma viagem longa de táxi. Literalmente todo mundo prefere avião.

Solto um suspiro e puxo meus joelhos, abraçando-os em seguida. Olho para o Dois de paus que Ten acha no monte e põe junto com o Ás.

— Acho que muitas coisas.

— Isso parece ser muita coisa pra pensar — ele solta um sorrisinho pelo canto dos lábios e eu acabo indo nessa também.

— Eu queria encontrar inspiração — digo. — Ou talvez seja isso que eu queira falar para as pessoas…

— Então, tecnicamente, você está procurando inspiração para algo? Mas não necessariamente uma inspiração… A inspiração é só uma máscara para algo? — ele larga o baralho de qualquer jeito na mesinha de centro e depois vira-se para mim.

— Mais ou menos isso — concordo com a cabeça.

— Quer gelatina?

Quê? Do nada?

— Eu pego — volta a falar, então se levanta e vai até a cozinha.

Fico sem saber o que dizer, porque no meio da conversa ele veio com esse papinho de gelatina.

Em pouco tempo ele aparece com dois potinhos com gelatina que eu acredito ser de morango. Senta-se virado para mim, com as pernas cruzadas. Entrega-me um pote e, quando se vê com apenas um na mão, começa a comer.

— Por que “mais ou menos”? — pergunta.

— Acho que estou cansado na minha rotina. Queria tirar um tempo, fazer algo diferente, talvez estúpido. E, também, acho que preciso de tempo sem as mesmas pessoas me cercando e tudo mais. Até mesmo ficar longe das redes sociais. Acho que eu estava tendo contato com algumas coisas não muito saudáveis para mim.

CRAZY TAXI (BY MISTAKE) ✘ tae.tenOù les histoires vivent. Découvrez maintenant