Capítulo 61

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Não seria nada confortável para mim ficar em um ambiente onde estaríamos somente eu e ele, eu não saberia dizer se ele era tão confiável assim depois de tudo que aconteceu, talvez fosse medo dele me fazer algo ou até medo de mim mesma.

- Calma minha querida, eu não farei nada que você não permita... eu não sei como você passou a me ver como um monstro que não sou. - sua voz sai baixa enquanto aguardamos a chegada do elevador.

- eu não estou com medo de você Víctor, não sou mais aquela garota amedrontada e boba que você conheceu mas caso tente algo quero que saiba que ando com uma arma de choque na bolsa. - falo sorrindo, disfarçando para as pessoas em nossa volta não perceberem nada.

- eu sei muito bem que mulher você se tornou minha Angel e estou feliz por ter a sorte de acompanhar tamanha evolução. - ele parece feliz e eu me sinto um pouco sem graça.

Chegamos no quarto e eu me sinto um pouco acuada, dou uma breve olhada enquanto ele tira seu terno e retira sua gravata, tento não reparar para evitar sentimentos que não quero despertar. Ele senta ao meu lado me entregando um envelope e ao abrir vejo os papéis do nosso divórcio já assinado por ele e fico surpresa.

- confesso que eu esperava tudo de você menos isso. - digo ainda surpresa dando uma rápida olhada nos papéis.

- eu sei disso e lamento muito disaponta-la desse jeito, é triste constatar que a mulher que eu me dediquei tanto me ver como um homem tão desprezível.- sua voz dessa vez parece carregada de tristeza me deixando sem graça.

- eu nunca te disse que você era desprezível Víctor... eu nunca pensaria assim de você. - engulo seco enquanto observo ele levantar do meu lado e ficar de costas pra mim.

- você quer saber porque eu matei a sua mãe querida Angel? - ainda de costas sua voz parece um pouco embargada e ele continua. - meu objetivo era ela confessar tudo de mau que eles cometeram com você... mas ela começou a contar as mazelas de um jeito que foi tirando minha benevolência, eu deixei o ódio me sucumbir quando ela confessou que tirou seu filho e mentiu pra você dizendo que ele nasceu morto.- ele vira seu corpo para mim e percebo seus olhos cheios d'água.

- então você soube do Miguel e não me contou? Porque você não me disse nada quando te acusei de ter a matado? - levanto ficando de frente pra ele.

- Eu queria investigar tudo que ela me disse antes de morrer primeiro, eu tinha que ter certeza sobre tudo antes de te dar alguma esperança, eu sábia que você sofreria se tudo fosse mentira.

- você só pode estar brincando comigo Víctor! Eu te acusei várias vezes e você não se defendeu porquê? E quando eu encontrei com meu pai, porque ele não me contou nada sobre isso? - falo me exaltando, estou tão nervosa que minha cabeça começa a doer.

- ele sempre foi um grande mentiroso e colocou coisas em sua cabeça contra mim por vingança, ele sábia que tirando você de mim seria a maior dor que eu poderia sentir. - ele suspira profundamente e me olha com tristeza.

- onde está meu pai Víctor? O que você fez com ele? O matou também? - pergunto ainda nervosa temendo sua resposta.

- eu não o matei Angel, eu o entreguei a polícia e agora ele vai apodrecer na cadeia e pagar por todos os crimes que cometeu, se preferir pode pedir para seus advogados descobrir se estou mentindo ou não. - sinto mágoa em suas palavras e só ai percebo o quanto eu o ofendi até aqui.

- desculpa... eu sei que você não é um mentiroso, mas meu pai me olhou nos olhos e me disse tanta coisa que eu acreditei nas suas palavras... eu não confiei em você como deveria. - me sento tentando organizar minha cabeça.

- quando você fugiu de mim eu iria te contar tudo, iríamos procurar juntos seu filho mas você partiu sem me dá a chance de fazer isso. - ele também se senta mais dessa vez um pouco mais afastado de mim.

Passamos alguns minutos em silêncio, eu começei a chorar, talvez o arrependimento tenha se feito presente, mas agora já não importava mais pois depois de tudo que passamos nos faltou palavras e sobrou apenas o silêncio.

UMA VIDA, DOIS DESTINOS.Where stories live. Discover now