Capítulo 3

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Theo

Acordei de uma só vez, soltando um grito assustado, sentindo meu corpo todo suado e até umas gotas escorreram por minha testa. Suspirei fundo ao perceber que era somente mais um pesadelo que havia me despertado no meio da noite.

Tinha exatamente dois dias que havia me mudado para minha casa nova, voltado para Vancouver e ficava pensando que talvez ali, tivesse algum sossego com os pensamentos conflitantes que faziam com que eu desacreditasse de tudo, até mesmo da vida.

Só que pelo visto, nem uma vida nova, fazia com que eu tivesse um segundo de paz e talvez até mesmo um pouco menos de dor no coração. Já que a perda de alguém tão amado machucava, feria e fazia com que perdêssemos as esperanças para um futuro melhor.

Olhei para o relógio de cabeceira e marcavam três e meia da manhã. Sempre acordava perto da mesma hora, por isso, já tinha completa convicção de que não voltaria a dormir. Por isso, resolvi, levantar-me e procurar algo para fazer.

Até porque eu estava pronto para encarar o meu passado de frente e já tinha me decidido que naquele dia iria sair de casa para procurar a única pessoa que eu sentia falta naquela cidade.

Pelas poucas informações que eu tinha, eu sabia que Júlia possuía um café no centro da cidade, pois não podia negar, que às vezes a procurava nas redes sociais, para saber se estava bem.

E também tinha nossos amigos em comum, que sempre me dava algum tipo de atualizada da sua vida, quando eu perguntava.

Desci as escadas, pensando que talvez eu parecesse um perseguidor nojento, mas não era aquilo. Só me sentia mal por ter estragado tudo o que aquela menina acreditava. Por ter sido o homem que destruiu os seus sonhos e provavelmente o karma fez com que eu pagasse da pior maneira.

Se é que eu podia considerar o meu destino como karma. Assim que cheguei a cozinha, fui até a geladeira e abri, peguei uma cerveja bem gelada e arrancando a sua tampinha com a mão, levei a garrafa até a boca, tomando o líquido amargo de uma só vez.

Assim que depositei a garrafa na mesa, caminhei para fora e agradeci por ainda não ser inverno e por não estar frio, pois eu queria me jogar na piscina que tinha no meu quintal. Nem me importei por estar usando uma calça de flanela. Fui correndo e me joguei na água gelada que refrescou meu corpo.

Talvez aquele pequeno choque térmico, fizesse com que eu me sentisse melhor, ou não, mas não custava tentar. Fiquei dentro da água, observando a lua no céu, até que ela se tornou amanhecer e o sol raiou pelo céu, com nuvens brancas contemplando a beleza do meu olhar.

Assim que o sol ficou mais forte, saí da água e voltei para dentro de casa, molhando o chão por onde passava, mas não me importava com aquilo no momento, estava pouco me fodendo para aquele detalhe.

Ultimamente eu tinha me tornado uma pessoa que não ligava para muitas coisas, ainda mais para aqueles pequenos detalhes que não mudariam nada em minha vida, e que nem trariam a felicidade em minha porta.

Subi as escadas da minha casa, que me levariam para o segundo andar, e assim eu tomaria um banho e voltaria para minha ideia inicial. Eu iria até a cafeteria de Júlia, para tentar me aproximar daquela mulher que eu sentia tanta falta.

Uma falta que quase me machucava, um desespero com vontade de revê-la, depois de tantos anos. Eu sabia que ela morava por aquela região, mas ainda não tinha descoberto o seu endereço, para poder lhe fazer uma visita, por isso, era ideal que eu fosse ao seu trabalho.

Saí dos meus devaneios e fui para o banheiro, assim que tomei um banho e vesti uma roupa mais apresentável, ouvi meu celular tocar, fechei os olhos e em seguida fui até o aparelho, mas assim que vi o nome de Kristen no visor, eu fingi que não estava ouvindo.

O bebê do meu vizinho - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now