A Verdadeira História de Uma Assassina

Senta que lá vem história

O pano cor de neve já estava começando a ficar encharcado.

Lucas trabalhava com cuidado e carinho em meu curativo superior enquanto eu estancava o sangue dos pontos abertos na parte inferior. Ninguém mais falava além dele.

- Eu sou oficialmente registrado como Assassino Profissional e Capo delle Organizzazioni Terroristiche no Registro Geral do Estado da Nova Era. - ele disse simplesmente - Você pode imaginar como nossos pais ficaram com essa notícia, né bambina?

Eu sabia que tinha empalidecido mais do que o pano que segurava, e não era pela perda de sangue.

Talvez eu realmente fosse mais parecida com meu irmão do que eu achava.

De repente, das profundezas das minhas memórias, uma Chloe com uma expressão de surpresa (e não de reprovação) apareceu. Naquela primeira aula, quando estava perguntando pra todo mundo que profissão queriam seguir. Naquele primeiro dia em que eu me toquei o que eu poderia ser...

Naquele momento, achei que ela só estava intrigada e sendo uma boa professora em não se meter na vida dos alunos e só ajuda-los do jeito que os professores deveriam. Talvez até uma louca que gostava de podcasts de Serial Killers e fez uma pesquisa estendida para sua aluna. 

Mas agora fazia um pouco mais de sentido.

Lucas não pareceu afetado por nada quando continuou.

- Eu sabia o que eu queria fazer desde que eu matei a minha primeira vítima: um stupratore que quase abusara de Vic, no sexto ano do fundamental... - ele admitiu, olhando por cima dos ombros pra encontrar os olhos perturbados de Vic. Ela assentiu, devagar, como se agradecendo novamente a Lucas - Foi a primeira vez que conheci os gemelli.

- Nós estávamos na cidade com nosso pai enquanto ele fazia um trabalho pro antigo chefe da gangue. - disse Leo diante da confusão do meio-irmão - A gente acabou se separando e quando eu encontrei Vic de novo ela estava sã e salva por causa do Lucas. Não posso dizer o mesmo pro outro cara... - o sorriso que ele abriu em resposta era de uma diversão maligna, como se caso Lucas não o tivesse feito, ele mesmo teria tido o prazer de arrancar as bolas daquele cara.

- Desde então, mantivemos contato e viramos melhores amigos. - continuou Lucas, inabalado - Quando eu estava no meu terceiro ano e tinha feito minha escolha final, nossos pais ficaram piores que bestie. Eles pegavam ainda mais no meu e no seu pé, e eu não tinha um dia só de descanso. - ele proferiu uma série de palavrões em italiano - Então, os gêmeos me ofereceram abrigo na casa deles e um estágio de bônus! Eu queria te trazer comigo, mas...

- Isso não é ambiente pra criança... - Chloe completou, vendo a mesma mágoa dos meus olhos nos olhos de Lucas.

Ele assentiu, concordando silenciosamente.

- Mas mesmo assim, eu te perguntei. E só quando eu ouvi sua resposta que eu me toquei que você ainda era uma bambina innocente... Eu não podia te levar comigo e eu sabia que se eu demorasse mais pra sair daquela casa eu nunca sairia. Eu nunca seria capaz de te deixar. Então fui embora na noite seguinte, e cheguei em Bloody antes do Sol raiar.

"Fui recebido pela gangue como um novo membro e comecei a treinar junto com todos eles. Me especifiquei em combattere e uccidere ao invés de vender ou subornar. Acabou que minha mestre acabou sendo a chefe de Bloody na época, Nyx, e ela me ensinou como matar e liderar. A gangue tinha me aceitado muito bem então, com 23 anos eu tinha me tornado o sucessor de Nyx, l'erede perfetto do seu título de Capobanda più Temuto. Tudo estava indo bem, até que Nyx nos deu aquela missão.

Era pra ser uma missão simples de confronto com uma gangue nemica de Fire Falls, mas tudo de possível deu errado. Durante o confronto, a polícia militar chegou e, ao invés de intervir e tentar capturar ambas as gangues, eles só foram pra cima da gente. Como capo daquele esquadrão, eu fiz o possível pra todos escaparem, mas eu e os gêmeos ficamos para trás. Mais tarde, a caminho de um avião de carga, descobrimos que os policiais eram corrotto e que estavam trabalhando com a gangue nemica. Eles não tinham o mínimo interesse pelo certo e pelo errado, eles só queriam dinheiro..."