Un.

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Harry se recorda exatamente do primeiro dia em que entrara pela porta do estúdio

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Harry se recorda exatamente do primeiro dia em que entrara pela porta do estúdio. Localizado num vilarejo não muito populado, aquele lugar se assemelhava ao paraíso para si. O cheiro inebriante de fantasia e aventura adentravam as narinas de um pequeno Harry com cinco aninhos.

Firme em suas mãozinhas, apertava a pequena bolsa rosada, com estampas de princesas e pequenas flores, tão curioso, remexendo os pézinhos cobertos pelos sapatinhos de ballet novos, que comprara no dia anterior. Sua mãe, Anne, lhe assegura que não existiu, nem nunca existiria um problema em praticar ballet, aquela atividade tão bela, delicada e graciosa, por mais que seus colegas da escolinha insistissem que era "patético" e "feminino". Harry sempre engolia o choro, com esmeraldas verdes marejadas e bochechas coradas da vermelha, porém, não desistira até concretizar seu sonho.

Inquieto, enquanto sua mãe conversava com sua nova professora, pôde avistar um menino sentado sobre o banco comprido e amadeirado. A sua franjinha cobria as grandes íris azuladas, e o pequeno segurava um rosado tutu nas suas mãozinhas.

- Charlotte! - O menino desconhecido aos olhos de Harry alertara, olhando para uma menina mais nova que ele, de cabelo loiro preso com fitinhas rosas em duas bolinhas na sua cabeça. - Não esqueça seu tutu! Tenha uma boa aula, irmãzinha, estou muito orgulhoso de você. - Concluiu, beijando sua testa, e assistindo a pequena sorrir de leve, correndo até à salinha.

Harry sorriu de leve com a cena, mostrando suas minúsculas covinhas, e seus enormes dentes de coelhinho. O tal menino vira sua atitude, lhe acenando e se dirigindo até ele.

- Eu gostei muito do seu tutu. E do seu cabelo cacheadinho assim preso. Faz seus olhos verdes mais bonitos e brilhantes. Sou Louis, e você? - Harry apenas corara em resposta. O menino lhe parecia tão bonito e gentil, com suas pequenas bochechinhas rechonchudas que Harry queria deijar um singelo beijinho, e seus olhos tão preciosos como o céu naquela manhã de primavera.

- Obrigado, Louis. - Harry agradeceu, ainda remexendo os dedinhos e olhando para os próprios pés. - Sou Harry. E eu gosto dos seus olhos. Parecem o mar, como quando visitamos a praia.

Louis sorriu terno, brincando com um dos cachinhos bonitos e enroladinhos de Harry.
Ambos os meninos conversaram por vinte míseros minutos, até que Anne chegara, anunciando que havia conseguido inscrever Harry, e que sua primeira aula seria no dia seguinte.

Sorriu animado, com o olhar sincero de Louis no seu sorriso branco e brilhante, e segurando sua mãozinha pequena e gordinha.
Harry despediu-se de seu novo amiguinho com uma certa tristeza, porém, o mesmo o garantira que estaria lá no dia seguinte.

E assim fora, por quinze anos seguidos.

Presente

Harry tocava a campainha da casa de Louis apressadamente. Um pequeno apartamento de fachada branca e flores diversas no jardim, em que vivia sozinho, exceto pela quantidade "excessiva"  de vezes, (como Harry costumava dizer) que o cacheado passava na sua casa, consigo.

Eram cerca de oito da noite, e o frio em Doncaster era absurdo. Harry ponderou que Louis tivesse sido abduzido por alienígenas malignos pela demora, quando a porta se abriu. Louis usava um pijama de morangos, um que ele e Harry compraram juntos, sendo o do cacheado também com essa estampa. Os seus cabelos estavam desarrumados, e o seu olhar um pouco cansado, porém, todo o cansaço parecera sumir no momento em que avistara seu menino.

- Harry! Como você está, coração? Tem melhorado? - Louis questionou, envolvendo o mais novo num abraço, com uma estranha sensação de lar.

Harry tinha pegado um resfriado recentemente, e, honestamente, Harry duvidava de que Louis se preocupasse mais com seu estado do que o resto da sua família. Todos os dias, Louis lhe levava biscoitos e pãezinhos quentes da sua padaria preferida, e preparava para si uma chávena de chá de camomila.

- Hey, Lou. Bem, mas totalmente congelado. - Harry respondeu, rindo, pelo que Louis rapidamente se afastou do cacheado, o permitindo entrar.

- Me deixe levar sua bolsa, Hazz. Suba para o banheiro, leve essas roupas e tome um banho quente, você parece estar congelando! - Louis recomendou, tomando gentilmente em mãos a bolsa de ballet rosada, com estampas de bailarinas e flores, lhe entregando o seu pijama de morangos quente, que era idêntico ao que o mais velho utilizava e beijando o seu rosto subtilmente.

- Eu preparei alguns bolinhos e um copo de leite com chocolate morno para você também! - Louis avisara da cozinha, observando Harry subir as escadas.

(...)

Harry tomou o seu banho rapidamente, utilizando um shampoo de pêssego, diferente do de Louis.
O mais velho comprou aquele produto, (não hesitando um segundo sequer na intenção de ver sua pessoa preferida feliz), no mesmo dia em que Harry o alertara que o cheiro do shampoo de Louis era "muito forte, e deixa os cachos bagunçados".

Louis era tão prestativo consigo, fazendo sempre o possível para que o mais novo se sentisse confortável e feliz.

Desde que eram criancinhas, naquela especial manhã de primavera, nunca mais se conseguiam separar. Realmente, no dia seguinte Louis esteve lá, levando uma pequena rosa sem espinhos para oferecer ao menino. Segundo Louis, "meninos bonitos merecem coisas bonitas", e, então, aquela amizade crescia a cada dia.

Agora, terminando de se vestir e pentear seus cachos ainda húmidos, ouvira Louis bater na porta, o chamando para assistirem alguns episódios de Grey's Anatomy, enquanto se deliciavam com doces e carícias.

- Você está tão cheiroso, meu bem. Eu amo seus cachinhos, são tão belos. Deus, você é inteiramente belo!! - Louis elogiou, apertando aquelas bochechas tão vermelhinhas em sua frente. - Venha, vamos assistir. - O puxou levemente pelo pulso até ao sofá, pegando alguns biscoitos quentes e leite morno que estavam sobre a mesinha de canto. Se sentaram assim no sofá, ligando a televisão, com Louis acariciando seu pequeno.

- Ei, Harry. - Louis cessou o carinho no seu cabelo. - Sabe, a Meredith costuma falar bastante e ter essa coisa de "pessoa" com a Cristina...

- Sim, Louis. Elas são perfeitas, como se se completassem. - Harry respondeu.

- Sabe, você é minha pessoa, Hazz. - Louis confessou, beijando os cachinhos, agora secos, de Harry. - Você me compreende tão bem, e eu sou tão, tão feliz por te ter! Todos os dias, eu acordo repleto de orgulho por ter minha pessoa preferida sendo tão persistente e lutadora no que ama. Você é minha inspiração, coração. E me enche de orgulho. - Finalizou com um beijo repleto de amor sobre os cachos.

A cena de um trauma médico que passava na televisão parecia completamente irrelevante agora, o de olhos esverdeados se encontrava sem reação, além de se apertar mais nos braços de sua pessoa. O seu coração se mantinha tão acelerado que poderia facilmente ser expulso do próprio corpo, e, os dedos de Louis, voltavam agora ao carinho no seu cabelo, fazendo com que ronronasse como um gatinho.

Assim, se passara mais uma noite entre Louis e Harry, repleta de carinhos, palavras belas, e uma cama aquecida por dois corpos, sobrecarregada de amor escondido de ambos os lados.

eyes full of stars. ☆ l.s. short fic (finalizada!!) Where stories live. Discover now