Cinco

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-Quando que isso aconteceu Madison? -Erin grita do banheiro durante o seu banho.

-Aparentemente ele voltou na semana passada, mas a Anna acha que ele estava rodando a área a mais tempo. -estico as pernas as apoiando na cabeceira da cama de Erin onde me encontro deitada com as pernas para cima- Erin?

-Desculpe, eu preciso processar essa informação. -desvio o olhar do teto para minha irmã que sai do banheiro enrolada na toalha- Quando eles se mudam?

-Até o fim do mês. -a observo sentar-se em sua poltrona com o pote de creme em mãos.

Conheço a minha irmã o suficiente para saber que essa noticia da volta do Tommy mexeu com ela, o silencio que toma o quarto é a prova disso. Erin espalha o creme por suas pernas sem dar uma única palavra. Coloco minhas pernas para baixo e me viro ficando sentada na cama com as pernas de índio sem tirar os olhos da outra.

-Erin.. você ainda sente algo pelo o Tommy? -noto o seu peito subir e descer em um suspiro longo.

-Ainda não sei. -ela deixa o pote de creme de lado e me olha com um sorriso suave no rosto- Você sabe que nós tivemos um relacionamento bem intenso e turbulento, mas... não sei dizer se ainda sinto o mesmo por ele.

-Como acha que se sentiria o vendo depois de todo esse tempo? -pergunto com a voz calma e suave.

-Estranha, talvez. -Erin se levanta indo em direção ao closet, me levanto e vou atrás dela- Viu aquele meu pijama de listras?

-O azul? Acho que esta em uma de suas gavetas -encosto no batente da porta ao meu lado.

-Como a Luana reagiu com a volta do Thomas?

-Nada surpresa. -rio cruzando os meus braços em frente ao corpo. Observo a minha irmã procurar em suas gavetas o pijama logo o encontrando.

-Típico. -ela veste seu pijama e me olha animada- Maratona?

-Maratona!

Deitada na cama de Erin, enrolada em uma coberta fofinha, assistimos a um seriado em que eu não entendi quase nada, sobre uma secretária que tem um caso com o seu chefe, maratonamos todo os episódios e o final foi surpreendente. O que de uma hora para a outra parecia ser um filme de suspense sobre uma esposa maluca, se tornou algo com um sentido espiritual, todo o tempo o culpado de tudo era realmente a esposa do homem, mas não ela de verdade, e sim o amigo dela que roubou o seu corpo. Quase enlouqueci.

-Inacreditável -sussurrei- Como ele pode ter tomado o corpo de alguém? Isso não tem sentido algum.

-Tem sim. -se ajeitou na cama- Se nós possuímos um espirito, com certeza ele tem a liberdade de sair e entrar em nosso corpo novamente.

-Nãaao -afasto as cobertas, desço da calma com os pés descalços, o tapete da Erin é todo fofinho que da vontade de deitar nele- Vou buscar agua, quer?

-Não, mas aceito um copo de suco. -ela sorri olhando para tela do celular.

-Você não me contou.

-Sobre? -paro na porta a olhando antes de sair.

-O encontro.

-Ahh, é sobre isso. -deixou o celular de lado- Vai buscar o meu suco e eu te conto tudo.

Pigarreio saindo de seu quarto, vou até a cozinha, pego dois copos os deixando no balcão, abro a geladeira retirando de dentro a jarra de suco e também a de agua gelada, sirvo um pouco de cada liquido em cada um dos copos, devolvo as garrafas para geladeira e pego os copos voltando para o quarto, paro no caminho ao notar um reflexo de luz atravessando uma das janelas da sala. Caminho até a mesma e afasto um pouco o tecido o suficiente para espiar as janelas do outro apartamento.

Apartamento 62Onde histórias criam vida. Descubra agora