Capítulo 2

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Uma semana tinha se passado desde que Tobirama nem ao menos ouviu falar de Izuna.

Mas o prazo acabou, já que estava sentado ao lado dele no sofá da casa de Hashirama.

Ele bebia o copo de refrigerante com calma, uma que não fazia efeito no Senju. O mesmo suava frio, apertava as mãos constantemente e olhava a cada cinco minutos para o m
Uchiha ao seu lado pelo canto do olho. O que achou que tinha superado nesses sete longos anos não passou de uma piada.

Querem saber como eles chegaram aqui, eu presumo.

A culpa é de duas criaturas mais velhas que estavam dividindo — quase se fundindo — em uma poltrona, onde na verdade estavam dormindo e deixaram os irmãos no sofá, assistindo um filme que tinha acabado de lançar na Netflix.

Pela explicação apressada que o Senju mais velho deu, o albino entendeu que as duas bestas tinham organizado um "plano" para ao menos terem uma conversa mais decente. O problema é que eles nem ao menos tem criatividade e fingiram ser um dia do filme comum.

Não existia dia do filme. Nunca existiu na verdade.

Esses imbecis, Tobirama pensou, enquanto fuzilava o casal com um olhar de ódio

Não prestava atenção alguma na tela à sua frente. O balde de pipoca estava quase acabando, contudo, descansava em cima da mesinha de centro. Olhou de soslaio novamente para o lado, porém, foi pego de surpresa já que Izuna também o olhava no momento. Os braços cruzados demonstravam insatisfação, os cabelos amarrados para baixo estavam brilhantes e hidratados como sempre.

— Precisa de ajuda Tobirama? — perguntou sem emoção

— Não.

— Então perdeu algo na minha cara?

O Senju desviou o olhar ao responder:

— Não.

O Uchiha descruzou os braços e voltou sua atenção para a TV. O albino suspirou, enquanto pegava o próprio copo e terminava de beber em um gole só. Deixou o vidro sobre a mesa e sentou desajeitado no sofá. Por mais que o sofá tivesse espaço o suficiente para ter uma distância respeitosa entre eles, o moreno fez questão de sentar bem perto de si, com as pernas quase se encostando. Ele parecia fazer de propósito.

Foi aí que sentiu algo encostar em sua mão fechada. Corou quando viu os dedos do menor roçarem levemente na pele. Em um movimento rápido, ele pegou sua mão e a abriu, como se lá tivesse alguma recompensa por tal ato. Todavia, tão rápido como no início, ele recolheu a mão e fingiu que nada aconteceu. No entanto, aquilo também já era o bastante para desesperar ainda mais o maior, que estava com os batimentos acelerados e o rosto quente.

— Izuna... — o chamou

Ele não desviou o olhar da televisão.

— Hum?

Não respondeu, entretanto, ele não pareceu sentir muita falta de sua voz. Invés disso, seu olhar avermelhado foi direcionado para a mão que estava em cima da almofada em seu colo. Engoliu em seco enquanto erguia minimamente a mão para alcançar o braço dele. Hesitou quando sentiu os olhos negros em si novamente, mas os olhou também como se pedisse permissão para o tocar. Não sabia se tinha a recebido ou não, contudo, ele o pararia se não quisesse. Continuou o encarando e recebendo o mesmo olhar enquanto seus dedos encostavam na pele de seu braço. Subia a mão devagar sobre os olhos sentinelas dele, mas que não pareciam o repreender ou algo do tipo. Porém, claro que teria algo para atrapalhar. Quando os dígitos roçaram levemente na palma, um gemido alto veio da televisão.

Izuna afastou a mão rapidamente e olhou assustado para a tela, vendo uma cena de sexo entre os protagonistas. Madara caiu do colo de Hashirama pelo susto assim que ouviu e olhou alerta para os dois. Tobirama tratou de pegar o controle e desligar o aparelho. O Senju mais velho também tinha se acordado, todavia, ainda estava bobo e não sabia o que tinha acontecido.

— Hashirama — o mais novo lhe chamou com um olhar sombrio —, você não viu a caralha da classe indicativa?

O moreno maior pareceu perdido, no entanto, estava com medo do olhar do irmão.

— Não? Quem olha isso?

O albino bateu a palma contra a própria testa.

— Se os vizinhos ouvirem e vieram perguntar, fofoqueiros como são, você vai explicar que Madara não é corno.

Nesse momento, o citado também virou a cabeça e ameaçou o namorado com o olhar. O maior balançou a cabeça positivamente de forma veloz. O Uchiha mais novo suspirou e trouxe a atenção de Tobirama de volta, mas o moreno só se levantou e pegou a bacia e os copos, indo em direção a cozinha em passos rápidos.

O Senju mais novo deu um murro na almofada ao seu lado e se afundou no sofá com os braços cruzados e a cara emburrada.

— Ah... — a voz do irmão lhe chamou atenção — Então... Estavam se dando bem?

Até mesmo o Uchiha olhou curioso. Os olhos carmesim estavam tão finos e ameaçadores quanto os de um lobo selvagem, direcionados exclusiva e particularmente a Hashirama, que se afastou apavorado com o sorriso torto que o irmão colocou na face.

— É, Hashirama — gritava num sussurro de ameaça —, estava indo tudo muito bem! Mas aí, fomos interrompidos por um gemido e aí fudeu com tudo. Literalmente.

— Ah... — ele abaixou a cabeça sem graça

Um silêncio meio tenso se instalou no local, até o outro moreno se erguer de um jeito correto e andar elegantemente até o albino. Ele sorriu falsamente e cruzou os braços fortes.

— Tobirama — ele começou,com sua voz grossa, contudo, galanteadora —, quando digo que é para se resolver com meu querido irmão, não quer dizer que é para o namorar ou ao menos ter um contato físico mais profundo, tudo bem? Eu não quero ter que aguentar ver ele chorar e se trancafiar no quarto e ir embora por mais sete anos. Também não quero ter que cortar o seu pau com uma facão e dar pro Susanno comer. Ah, espere — ele fez uma pausa irônica —, ele não come carne podre. E de brinde não quero ter que arrancar suas bolas com as próprias mãos e traficar o seu esperma para comprar ração para meu querido cachorro ou chocolate para meu querido irmão afogar as suas mágoas. E se, mesmo depois de tudo, você falar um oi pra ele, eu venho até sua casa e arranco seus olhos. A cor deles é muito rara e pode me embolsar muito no mercado negro. Estamos entendidos?!

Tobirama não pareceu se importar com o discurso de morte declarada,  só soltou um resmungo em confirmação. O Senju mais velho parecia petrificado e seguia o namorado andar arrogante até a cozinha com o olhar, em busca do irmão mais novo. Ele estava mesmo com tanto medo que não conseguia virar a cabeça, enquanto o mais novo tentava pensar em como falar com Izuna novamente.

Ele não parecia inclinado a lhe parar, não é como se fosse o beijar naquela situação, por mais que quisesse. E muito. Porém, não iria estrapolar os limites logo no começo do recomeço. Também queria saber, se depois de tudo que já aconteceu, Izuna ainda o amava da mesma forma e na mesma intensidade de antigamente.

Perdão (TobiIzu)Where stories live. Discover now