Apresentação.

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          Eu estou me sentindo totalmente estranha, como se estivesse sendo perseguida, mas que droga é essa? Quem começa a se apresentar assim, sem pé e nem cabeça? Só poderia ser eu mesma e olha que não faz nem 1 mês que eu sai daquele Instituto Colônia de Barbacena, mais conhecido como "Casa dos Loucos".
          Disseram que eu estava pronta para sair daquele lugar, disseram também que eu voltaria a ter uma vida normal, mas eu não sei se estão dizendo a verdade. Aliás, como eu saberia, se eu nunca a tive?
           Entretanto é real, cada dia que passa eu me sinto com mais medo, talvez seja pelas coisas que aconteceram no meu passado, digo, coisas que deixei que acontecessem no meu passado, mas dessa vez parece que o mundo todo está contra mim, desde o pedreiro que está concertando meu banheiro até o Senhor Cláudio — psicólogo que comecei frequentar toda terça-feira, já que a Dona Claudete insistia em me chamar de Elena, Lena, quem é Lena, Elena? Ela só pode ser louca, deve ter tantos pacientes que a essa altura do campeonato já começou a confundi-los, enquanto o Sr. Estácio com aquelas teorias de psicanálise, usando hipnose e outras ferramentas...   Ele deve ter ficado mais pirado que o que todos já consideravam normal em sua personalidade.
         O mais engraçado é que a Senhora Albuquerque chegou a me entregar um fichário cheio de anotações sobre essa tal Elena, certeza que ela agiu contra a ética, mas não foi por mal né, visto que foi uma grande confusão dessa idade e muito trabalho que, com certeza, vem afetando os seus miolos.
         Pode-se dizer que eu fui meramente coagida a trabalhar com essas pessoas, me arrancaram de um lugar que eu estava vivendo há mais de duas décadas, minha casa, e para que? Bom, simplesmente para eu ajudá-los a achar minha irmã, uma verdadeira sociopata, e ela ainda é conhecida por todo o Brasil como Víbora. pfff
         Nem sempre ela fora chamada assim, ela me pegava no colo, fazia de mim sua bonequinha. Oras parecia meio perturbada, mas tudo era culpa do nosso vizinho Arnald, certeza, que era filho do dono do zoológico da cidade. O jovem continha cobras em sua casa, oscilava experimentos com seus venenos e testava em pequenos ratos brancos de laboratório, já que era formado em química e trabalhava em um.
          Eu estava em minha casa de proteção a testemunha enquanto ajudava a polícia a encontrar minha irmã. Porém, o problema, digo, talvez seja a solução. Minha irmã me encontrou primeiro. Renata, como sempre, estava um passo à frente de mim.
           Contando que eu não a via há mais de 10 anos, pois desde o assassinato de nossos pais ela andava fugindo, e como eu não suportei logo fui parar em um manicômio aos 7 anos de idade.
            Ninguém me culparia por matá-la agora sem deixar rastros, inclusive todas as pessoas que tiveram o caminho cruzado pela víbora da minha irmã chegariam a me agradecer, talvez até me homenageassem por ter pego a Serial Killer que assombra os homens desde 1975.
           Todavia, não era isso que eu queria, por incrível que pareça, eu não desejava a morte dela, eu ainda conseguia me sentir salva em sua proteção.
Minha irmã mais velha me levou para a casa onde crescemos. Passeamos por toda a redondeza em que brincávamos antes de entrar em nosso antigo lar. Ela me olhava, tentava dizer algo mas parecia bem difícil até que começou a ligar alguns pontos que sempre esteve falho em minha mente.
            Eu olhava e me arrepiava, ela estava ali, bem ali na minha frente, a pessoa que todos culparam a vida inteira por seus possíveis crimes e logo ela abriu o jogo comigo pela primeira vez na vida.
            Tudo que eu não via sentido antes estava ficando cada vez mais claro, porém, também ficara obscuro junto com o que eu estava sentindo.
            Agora está totalmente explícito o que ocorreu e minha irmã não era a autora de nenhum crime, e quando eu digo nenhum, estão inclusos até os crimes que envolvem matar os pernilongos, já que existia milhões em na nossa casa de praia.
           Ela carregou o subname de uma Serial Killer todos esses anos apenas para me proteger.
           O motivo pelo qual ela possuía ligação com todos os homens que morreram com veneno de cobra como motivo escrito na autopsia, era simplesmente por seu ex-namorado, Arnald, não deixá-la prosseguir com sua vida. Quando ela criava raízes, ele as cortava.

Luz, câmera, ação!Where stories live. Discover now