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Num calor fervente, em um deserto vasto, caminha um garoto que contigo carregas um fino cachecol de lã verde, esse mesmo que cobríra seu rosto jovial protegendo-o dos ventos de areia que corriam sobre sua pele, pelo que julga sua aparência, deveria conter uns 17 anos de idade talvez?

Caminhou por muitas noites sem ao menos descansar, quem seria louco de fazer por horas esse caminho tão longo, esse jovem é diferente, corajoso, contém finos e enrolados cachos dourados, sua roupa azulada com botas negras, ah sim! este jovem parece um príncipe, atrás de ti há um animal, uma raposa, seria seu bixo de estimação? Ou apenas um ser que o segue para todo lado?

O jovem garoto não parecia perdido, conhecia bem o chão que caminhava, ia a uma direção calmo, como se já estivesse passado por lá, afinal quem é esse garoto?

Chego finalmente a chamar sua atenção, parece me notar, mesmo distante, acena com a mão chamando-me para sua direção, caminho até o garoto, finalmente procurarei saber mais a seu respeito.

Olho para seu semblante, o mesmo contém um olhar angelical e calmo.

- Por que caminhas tanto em um deserto tão vasto e longo?

Pergunto-te uma vez só.

- Foi aqui onde conheci um velho amigo, o mesmo que me ensinará o que seria amar, que a ovelha come moitas, que uma cobra não seria capaz de engolir um elefante, que o essencial é invisível aos olhos e que também somos ricos das nossas misérias.

Olhava para o jovem confuso, muito confuso, eu não entendi nada do que o mesmo acabara de falar.

- Estás a procura-lo?

Perguntei-lhe.

- Não, presumo assim, que meu velho amigo não está mais entre nós, mas sinto sua presença comigo todos os dias.

Disse ele calmamente.

- Está raposa és teu bixo de estimação?

Faço-lhe mais uma pergunta, mas dessa vez o jovem me olhara com uma expressão de desapontamento, prosseguiu.

- Está raposa, senhor, é o meu amigo, eu mesmo conquistei, eu cativei sozinho, sou totalmente responsável por ele e ele por mim.

Diz o garoto num tom de voz diferente.

- Cativei?

Perguntei sem entender.

- Estás falando de amizade?

Confuso, eu apenas sabia perguntar.

- Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas, aprender a cativar significa que sabe amar ao próximo como a si mesmo.

Continuou.

- Não há rédeas que segurem uma amizade, tu deves cativar também, num deserto nossa maior sede é de encontrar um amigo.

Eu olhava atentamente o jovem príncipe, olhava como o mesmo falava calmamente, explicando com sabedoria cada palavra.

- Tu sabes muito para apenas um jovem, para onde estás indo?

Perguntei-lhe.

- Estou indo para onde o vento me permite chegar, algo chama meu nome de longe, sinto que alguém precisa de minha ajuda.

Responde o jovem.

Eu não estava entendendo nada do que que garoto falava por mais que me esforçasse.

- Na minha opinião, você deveria descansar um pouco, sou adulto, sei do que falo.

Falo-lhe com um tom alto.

O garoto olhou para meu rosto com um olhar de raiva, mas não era algo tão grande.

- Tu és muito hipotrélico senhor, deverias pensar mais sobre o que falas, siga seu caminho e deixe-me seguir o meu em paz.

O garoto sabe se defender, por mais que suas palavras machuquem.

- Sinto muito jovem príncipe, não quis ser grosso contigo.

O jovem fala.

- Não há problemas, apenas escuto o que de bom coração tem a oferecer-me, Tu tens um bom coração senhor, por mais que não pareça, liberte-o.

O garoto seguiu seu caminho me deixando para trás com uma imensa dúvida no coração.

O Pequeno Grande PrincipeWhere stories live. Discover now