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Hoje é o dia mais longo de toda vida. Parece que não termina nunca. E parece que não termina justamente porque eu quero que termine. Porque, embora eu queira saber quais são os motivos de Lupin, estou com medo deles.

Com medo de saber porque ele me vê diferente, agora. E isso me faz ficar insegura agora.

Por sorte acho alguma coisa pra me distrair; Sirius passa mal do tanto de vinho que vendeu. Ele vomita no tapete e eu o ajudo a levantar e o arrasto até um banheiro, onde ele consegue tomar banho e se reerguer até a hora do jantar. Parece um deja vu — embora que, quando eu passei mal, foi Lupin que me ajudou e me deu banho.

A essa altura, eu adoro Sirius. E Sirius me adora. É com certeza a melhor amizade que eu tenho aqui dentro dessa casa. E pensar que tudo começou com ele me dando uma mordida na mão...

No jantar, ele parece outra pessoa. Vivo, banhado e praticamente renovado. Com sua postura arrogante e elegante, sentado na mesa de jantar, esperando todos os outros se juntarem a nós.

Eu já roí todas as minhas unhas. E eu odeio roer unhas. Percebo Lupin olhando pra mim e franzindo as sobrancelhas como se dissesse exatamente; Pare de roer suas unhas, Amelie, e então eu paro.

Ele ainda tem certo controle sobre mim. Não de uma forma ruim.

Não consigo me distrair com nenhuma das conversas do jantar, nem com o próprio jantar. Tudo parece intragável, uma vez que minha barriga embrulha de ansiedade. E ele continua me dando algum desses olhares aconselhadores.

Pro meu desespero, outra reunião acontece ao fim do jantar, reunião que eu não posso participar.

Então, pensando nisso, talvez Lupin apareça no meu quarto, mais tarde, pra conversar. Mas, dessa vez, não vou deixar que isso acabe em sexo.

Nem que ele implore de joelhos por isso.

[...]

Meu palpite estava certo. Algumas horas depois, ouço duas batidas tímidas na porta — e quando abro-a, Lupin está aqui. Cansado, dá pra ver no seu rosto. O dia parece ter sido logo pra ele também e o peso que seus ombros carregam denuncia isso muito bem.

— Está cansado?

— Exausto — ele responde o óbvio e aponta pra cama — Posso sentar?

— Claro!

Demora um pouco pra que eu finalmente sente na cama. Sentamos de frente um pro outro. Ele apoiado na cabeceira e eu abraçando meus joelhos. Ele olha pra mim, e eu olho pra ele, por algum tempo. Meu corpo parece dormente e meus olhos travados.

— Eu quero ouvir como você se sente.

Ele pede e eu engulo em seco, demoro um pouquinho pra tentar organizar as palavras que estão prestes a sair da minha boca, e agora estou envergonhada.

— Me sinto chateada de ter reencontrado você e ser tudo diferente. Foi uma grande coincidência eu vim pra cá, e você também estar aqui. Eu não vim por causa de você, é claro, como eu poderia saber que você estaria aqui?... Mas fiquei feliz quando vi que estava. Mas agora eu estou chateada porque você está me tratando diferente.

— Sei que estou. Eu disse a você que tenho motivos pra isso. — a voz dele sai calma e mansinha.

— Eu sei. É por isso que eu estou mais chateada ainda. Há motivos pra você não me tratar mais como antes...

Ele suspira profundamente. Dá pra ver a pele afundando na garganta. Ele está ponderando se vai me contar ou não os tais motivos. E eu estou com medo de que ele realmente conte.

Mr Moony's New Assistant - Remo Lupin Where stories live. Discover now