𝒞𝑙𝑎𝑟𝑖𝑡𝑦 // 𝔇𝔯𝔞𝔨𝔢𝔫

fourteen

Avisos: menção a assédio; tristeza.

Você não fazia ideia de quantas vezes já havia escutado as palavras "vestibular" e "faculdade" somente neste primeiro mês e nessas três semanas de aulas que se passaram.

Mesmo que o ano letivo mal houvesse começado você queria acabá-lo o mais rápido possível, uma vez que os professores não estavam pegando leve com ninguém, passando incontáveis tarefas e trabalhos sem ao menos dar um prazo mínimo de descanso para os alunos.

No entanto, você em particular era a que mais vinha sofrendo com isso.

Foi tamanha a sua surpresa quando a diretora da escola te chamou na sala dela logo na primeira semana de aula, para simplesmente lhe dizer que, devido às suas notas e seu histórico escolar impecável, caso passasse na primeira fase do vestibular que aconteceria no mês que vem, você não precisaria realizar a segunda fase do exame já que segundo ela, poderia adiantar seu ano e entrar na faculdade o quanto antes.

Claramente havia achado a ideia de adiantar seus estudos ótima e também não pôde deixar de ficar feliz por estar colhendo os frutos de todo seu esforço. Mas o que veemente estava a levando literalmente a um passo de ter um surto, era a sua ansiedade.

Aí está uma das coisas, se não a coisa que você mais abomina nesse mundo.

Fazia um tempo considerável que você não tinha crises. Chegava até estranhar a sensação de estar se sentindo tão bem, mas ultimamente, por conta da sua cobrança excessiva e intensiva em relação ao vestibular, além da preocupação que tinha sobre o rumo que a Toman estava tomando, a sua ansiedade atacava de um modo completamente desagradável.

A cada dia que a Toman atingia seu ápice, gangues de até mesmo de outras províncias como a Tenjiku — sua mais nova inimiga e um dos motivos da sua aflição — tentavam tomá-la na base na pancadaria sem se importar se derramariam sangue no meio do caminho, devido a um ideal de "vingança" que Izana, seu comandante, tinha por Mikey.

Ainda que não fizesse mais parte ativamente da gangue, não deixava de ficar agoniada com a ideia de ver os garotos correndo perigo e do pressentimento de que algo ruim estava prestes a acontecer.

Hoje em específico, era o dia em que tudo que estava guardando para si mesma nessas últimas semanas parecia finalmente estar vazando.

Agradeceu aos céus quando ouviu o sinal da última aula tocar, porque devido o fato de estar totalmente dispersa e relativamente mal, tudo o que queria era simplesmente ir pra casa, tomar um remédio para dor de cabeça e dormir.

Agradeceu internamente também por Hina não ter comparecido à escola hoje, porque tinha certeza de que se ela colocasse os olhos em você, iria notar que algo estava errado e quando te perguntasse o motivo, provavelmente você não seria capaz de sustentar o choro.