O amor é pra quem sabe amar

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[Aaron McBride]

Há exatos quarenta minutos mandei uma mensagem, ou melhor, três mensagens para Kate pra saber se estava bem. Ontem na festa o estado em que ela se encontrava me assuntou. Ok, mulheres chorando me assustam. Sempre tem muita lágrima, careta e às vezes até catarro. Odeio ter que lidar com isso.

Checo meu celular a cada dois minutos e a cada notificação que recebo. Eu estou acostumado com atenção das garotas e sempre recebendo respostas rápidas, mas é claro que a "diferentona" da Kate não é assim.

Os rapazes queriam comer alguma coisa então como de costume decidimos ir pro Lola's, nosso lugar favorito, nem é preciso dizer o porquê.

Dessa vez eu que fui dirigindo, e como é perto chegamos rápido.

Normalmente aos domingos aqui fica bem cheio já que todo mundo se encontra aqui pra ficar bebendo e jogando conversa fora. Conhecemos a maioria das pessoas e uma parte do nosso time bebiam numa mesa bem no centro, e claro, nos juntamos a eles.

Tive que explicar o motivo de eu não jogar essa semana pela milésima vez. Eles lamentaram e disseram que vão dar tudo de si mesmo no próximo jogo.

— Aquele ali não é o cara que te bateu ontem? — Travis perguntou apontando pro balcão — Melhor se esconder ou vai acabar com o outro olho roxo. — disse rindo

Olhei na direção que ele apontava, e sim era aquele moleque. E junto dele lá estava Kate. Ela conversava e ria, parecia que estava bem.

— Vou ali — avisei

— Vê se não volta com nenhum braço quebrado. Não podemos ficar mais uma semana sem você —Travis riu

Mostrei o dedo do meio e sai em direção do balcão onde Kate estava.

— E aí — disse quando cheguei perto

Ela sorriu sem graça e cumprimentou de volta. Ficamos alguns segundos sem dizer nada.

— Sobre ontem... — o amigo dela começou a falar e me virei para ele — Foi mal, cara.

Seu tom de voz foi baixo e seu jeito demonstrava indiferença.

— De boa — disse também indiferente — E então... — Me virei para Kate — O que rolou ontem?

— Nada demais, já estou melhor — Forçou um sorriso

Apesar de termos tido uma fim de noite boa ontem, cheia de conversa e risadas, nós não tínhamos intimidade e faz pelo menos dois dias que estamos finalmente conversando civilizadamente. Eu não sabia o que falar exatamente e também não queria ser invasivo, então apenas concordei com a cabeça.

[Kate Henderson]

A situação mais desconfortável do mundo. Eu, Aaron e Matt em silêncio sem saber o que dizer por que não tem o que dizer.

Viro para Aaron e encaro suas mãos que estão em cima do balcão, seu polegar batuca sem parar. Ele nota meu olhar e recolhe as mãos rápido. Talvez agora ele esteja pensando que sou uma ingrata do caramba por ter agido do jeito que estou agindo, mas não consigo não reagir dessa forma; foi um momento delicado ontem à noite e não sei lidar com isso.

— Aaron... Hã... Obrigada por ontem. — disse sem jeito

— Eu sou um verdadeiro cavalheiro. — disse se achando me fazendo rir

— Fala sério. — Matt resmungou baixo

— Um verdadeiro cavalheiro? Você já tá exagerando. — Provoquei

Aaron abriu a boca para falar, mas foi interrompido quando Kim se aproximou irritada jogando sua bandeja em cima do balcão.

— Eu odeio esse lugar. — Bufou — Mas odeio mais ainda esses imbecis de jaqueta de time. Como pode eles serem tão gostosos e tão babacas ao mesmo tempo?

— Ei! — Aaron protestou

— Hã... — Kim finalmente notou a presença de Aaron — Ah, qual foi cara, você sabe que é verdade. — Aaron sorriu e concordou com a cabeça. Matt revirou os olhos e bufou. — Você deveria cuidar desse olho roxo, viu? — caçoou — Bom trabalho, Matt. — disse dando uma tapinha em suas costas.

Dei risada e Aaron acompanhou. Kim saiu novamente para atender os clientes e novamente ficamos os três sozinho, mas dessa vez nada de silêncio. Aaron me chamou para terminar o trabalho amanhã na sua casa e sugeriu algumas ideias. Concordei com todas e tive a impressão de que até terça acabaríamos tudo e ficaríamos livres um do outro pra sempre.

Matt saiu para fumar seu maldito cigarro e deixou eu e Aaron sozinhos. Eu odeio esse hábito nojento dele e sempre que possível pego no seu pé.

— Ele não gosta muito de mim, né? — Aaron questionou se referendo a Matt — Ontem deve ter sido o dia mais feliz da vida dele, pelo visto. — Riu — De qualquer forma, eu também não gosto nada dele, ele deixou um puta hematoma no meu rosto perfeito.

— Como você se acha! — gargalhei —Fala sério, você nem é tudo isso.

— Eu sou, você sabe que eu sou, e eu sei que você sabe. — Afirmou —Você é bonitinha até — me olhou de cima a baixo

— Ai meu deus! —ri — Eu achava que Matt tinha um ego gigante, mas você? Você consegue ultrapassar todos os limites.

Nós conversamos e rimos bastante, e já havíamos esquecido do ocorrido de ontem, ainda bem, não é algo que eu queira conversar, ainda mais com Aaron McBride.