18. A cabeça e o coração

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26 de junho de 2011

Hermione tentou evitá-lo, mas a inquietação inundou seus pulmões, correu por suas veias e pesou sobre seu coração. Ela não conseguia dormir, não conseguia se mexer. Ela simplesmente afundava, afundava e afundava.

Mais abaixo.

Mais fundo.

A escuridão se ergueu para recebê-la, e logo Hermione estava camuflada e se afogando. Ela tentou lutar contra isso - o pânico pairava no limite da existência - mas não adiantou. Ela não era forte o suficiente.

E assim, Hermione mergulhou até se perguntar se conseguiria chegar ao fundo. Será que isso importava? Não havia conforto nesse nível tão baixo, apenas dúvidas nebulosas e o peso debilitante da incerteza.

Isso não era novidade.

Essa era sua natureza.

Com partes iguais de causa e efeito da vida e das experiências, tudo o que Hermione podia fazer era mentir e sentir tudo enquanto a batalha se travava entre sua cabeça e seu coração.

O conflito era antigo, vinha ocorrendo durante toda a sua vida, sem nenhum vencedor real à vista. A balança oscilava de um lado para o outro, sem nunca encontrar o equilíbrio. Nenhum tratado havia sido assinado, mas havia um cessar-fogo; seu cérebro lógico havia parado de tentar interferir em seu coração emocional. E vice-versa.

Mas não mais.

Hermione deveria saber que isso não duraria muito.

A batalha desta noite foi feroz e implacável - tão implacável quanto qualquer guerra externa. Seu estômago revirava a cada lembrança, sua cabeça batia a cada respiração e seu corpo doía a cada palavra. Era uma guerra tão assustadora que o sono corria na direção oposta, tão feia que os sonhos se escondiam enquanto ela buscava um calor que nunca encontrava.

O descanso desapareceu quando a agitação a cumprimentou como se fosse outra velha amiga, que estava ali para compensar o tempo perdido, apesar da exaustão profunda de Hermione.

Ela estava tão cansada.

Seu cabelo havia se desfeito em algum momento. Suas pernas se contorciam. Os dedos das mãos e dos pés formigavam como se estivessem sendo espetados por pequenos alfinetes. Os pontos de coceira pediam atenção, mesmo aqueles que ela não conseguia alcançar. Especialmente eles.

Isso a incomodava.

Tudo a incomodava.

Quando Hermione fechou os olhos, um desfile de cores dançou e rodopiou atrás deles em manchas vibrantes enquanto sua mente trabalhava na velocidade da luz. Cada fragmento de sua energia mental foi rapidamente catalogado em cada detalhe de sua discussão com Malfoy - o centro de seus pensamentos, a fonte de seu descontentamento.

Organizava cada momento. Analisou cada expressão. Memorizou cada palavra.

Tudo estava em seu lugar, separado pelo que ela queria dizer e pelo que não queria. O que era gritado com paixão e raiva, e as áreas cinzentas e obscuras da incerteza. Subdividido ainda mais em tudo o que era certo, errado e o que ficava no meio do caminho.

Hermione estava muito envergonhada com o quanto havia caído no último grupo.

Sua cabeça e seu coração estavam em guerra, apesar de saber que não haveria um verdadeiro vencedor ou perdedor.

Apenas destruição mútua assegurada.

O ar em seu quarto estava frio e ela se enrolou mais nas cobertas; o travesseiro alternava entre duro como uma rocha e macio demais. Assim que Hermione se acomodou, sentiu uma onda de calor e jogou fora o cobertor. Ela respirou fundo. Depois outra. Contou cada inspiração, como fazia no consultório de seu terapeuta sempre que a onda de pânico e emoções se tornava maior do que sua vontade de dominá-las. Hermione se concentrou em um ponto vazio em sua mente e fechou os olhos, afundando em um estado físico e mental mais calmo que lhe permitia ficar atenta a tudo.

Measure of a Man | DramioneWhere stories live. Discover now