Par de dança

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Luna narrando:

O dia amanhece frio, como toda época de inverno.

Visto roupas mais quentes e saio do quarto, ainda amarrando os cabelos.
Caminho pelos corredores da mansão, indo para a cozinha.

Tento ignorar a visita da noite...
Após Lohan falar que me ajudaria com seja lá o que, ele simplesmente desapareceu, na névoa branca.
Eu fiquei parada lá, como uma idiota observando as paredes.

Tentei fazer mais perguntas, mas ele ja não estava mais lá, e se estava, não respondia.

Me sento na mesa, esperando Ivy ou Carla.

Os dias estão mais nublados, com menos sol, e com certeza mais gélidos.
Olho para a janela, através da cortina preta com bordados, através do vidro límpido, olho para fora, onde há várias árvores já sem folhas. Menos os pinheiros, claro. Estes permanecem verdes. Uma das poucas árvores que continua com suas folhas até mesmo na neve.

Logo mais terei que ir a um baile... Um baile que não será nada divertido.

Imagino o que minha mãe iria dizer se me visse aqui hoje. Oque Ângela diria.
Vivendo sob o mesmo teto que um assassino sociopata que faz experimentos com jovens para uma possível ressurreição de sua irmã morta... É, acho que não teria muito que falar sobre isso, pois elas não acreditariam nem vendo.

Mas tenho problemas maiores agora do que o baile ou minha família.
Lohan...

Não sei se posso confiar nele. Acho que devo falar com Paloma e Ronan antes... Ou até talvez com Noah.
Não sei o que pode acontecer a partir de agora. Mas sei que isso depende de mim, e a escolha que irei tomar pode mudar totalmente o rumo de minha vida.

Ivy entra na sala de jantar, interrompendo meu raciocínio.

–Bom dia Luna! Teve uma noite agradável espero?

Sorrio amarelo para ela, e aceno com a cabeça.

–Claro, como sempre.

Ela parece não perceber o sarcasmo, e coloca a bandeja com o café na mesa.

–Bom apetite Luna. Agora tenho que ir preparar as coisas para o baile.

Ela fala, como se pudesse ler meus pensamentos. Um tremor interno toma conta de meu corpo, fazendo o sorriso amarelo voltar.

Eu apenas concordo, e minha atenção foca na bandeja em minha frente.

Começo a me servir o café, e passar a manteiga no pão torrado, enquanto planejo uma visita á Paloma.
Quero contar tudo a ela, quero que ela saiba, que tenha alguma ideia.

Talvez eu realmente devesse voltar para casa... Talvez não.
Sinto saudades de minha família, do meu bairro, dos meus livros que ficaram lá... Sinto falta das festas de fim de ano, do abraço de minha mãe, quero passear novamente nas ruas de minha cidade, ir ao cinema, na lanchonete, na livraria, quero poder deitar em baixo das árvores de meu quintal, chorar, sorrir, viver.

Mas algo me prende aqui.
Talvez seja a vontade imensa de provar o novo e desconhecido, a sensação de perigo iminente, a ideia do que irá acontecer se eu não sair daqui.

Mas eu não odeio isso.
Talvez essa seja uma das melhores coisas que já me aconteceram.
O novo...
Há alguns meses atrás eu nem sabia que a magia existia, e agora perante isso, vejo que me acostumei, e que parece algo real. É algo real.

Porém eu não posso ficar aqui. Não quero deixar Paloma... Mas tenho certeza de que se eu ficar... Meu corpo será usado como receptáculo de Samantha.
E Noah. Ele é... Ele.

Mansão na FlorestaWhere stories live. Discover now