XXXVII

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— Harry! — Draco gritou nervosamente, já sabendo o que o namorado ia fazer, o que provavelmente seria algo agido por impulso. Levantou de onde estava e foi até a ponta de sua cela, colocando as duas mãos entre as grades, em uma tentativa falha de sair dali, felizmente não haviam correntes prendendo os seus braços, os deixando imóveis.

Seus olhos se conectaram por um instante. Era como se toda a dor física e emocional que eles estavam sentindo, pudesse ser transmitida somente com uma simples troca de olhar. Simplesmente isso. Potter olhou para o loiro procurando por machucados, não encontrando nada muito aparente, somente um pouco de sangue seco no pescoço, mas suas roupas estavam sujas e amassadas.

— Oh, então o namoradinho veio salvar o coitado? — Lucius interviu, um sorriso psicopata formando-se em seu rosto. O maxilar era grande, as maças do rosto muito separadas, os longos cabelos loiros presos em um coque, a barba rente e um rosto pálido. Essa era a visão de Lucius Malfoy que Harry estava vendo. Um calafrio percorreu em seu corpo e ele coçou a garganta na intenção de se acalmar. — Eu iria dizer pobre coitado, mas de pobre não temos nada... você me entende — o sorriso se expandia a cada palavra, tornando quase impossível encará-lo.

— Solte-o, agora. — Potter exigiu, tirando a sua varinha rapidamente das roupas desgastadas e com alguns cortes feitos por algumas folhas espinhosas.

— Ah, então você acha que manda aqui, queridinho? — agora, o Senhor Malfoy também tinha a varinha em mãos, o braço rígido e pronto para sibilar qualquer feitiço.

— Solte-o e não teremos mais problemas aqui — Harry o olhava com repulsa, o ódio subindo em sua garganta a cada palavra dita pelo mais velho.

— Não. — Respondeu curto e direto, ainda sem desviar o olhar do único grifinório do ambiente.

Esse foi o estopim para Potter. Ele andou rapidamente — correu — até Lucius para disparar algum feitiço contra ele, mas uma dor imensa se instalou em sua testa, precisamente na sua cicatriz, fazendo cambalear e perder um pouco de equilíbrio.

Draco ainda olhava para o moreno, com uma feição fechada em preocupação. Ele estava assustado. A cada segundo que se passava naquele lugar repugnante, sentia que iria vomitar e passar mal, precisava sair dali o mais rápido possível.

Lucius, aproveitando dessa situação de fraqueza, ligeiramente abriu a porta da cela ao lado do filho e empurrou Harry para dentro, pegando a sua varinha no mesmo movimento.

A dor na cicatriz do moreno se intensificava progressivamente, a sensação de tênue de paz se dissipando em instantes, fazendo-o se sentir levemente entorpecido. As dores na cicatriz — o mesmo com os pesadelos — esporadicamente passaram a ocorrer. Harry nunca mais havia sonhado com Voldemort, a não ser na noite antes de vir para a Mansão Malfoy. Ou seja, havia algo de errado ali.

Seu rosto bateu brutalmente contra o chão ao ser empurrado com força em uma cela, fazendo os seus óculos quebrarem-se e um pouco de sangue escorrer por suas narinas.

Lucius sorriu presunçoso, colocando com uma delicadeza surpreendente para alguém como ele, a varinha na capa, trancando a cela de Harry com um feitiço e o deixando sozinho com Draco, alegando que voltaria, mas que precisava resolver alguns assuntos pendentes mais importantes do que eles no momento.

No instante que Lucius saiu das masmorras, Draco pôs-se de pé e correu em direção a Harry, a preocupação nítida em seu rosto.

— Harry! O que aconteceu? — perguntou preocupado, nervoso por não poder fazer nada pelo namorado no momento, receoso sobre a cicatriz dele estar doendo tanto ao ponto do moreno não conseguir nem pronunciar uma única palavra.

Porque eu não consigo te esquecer || drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora