Me diga seu nome.

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Era estranho adentrar tamanha estrutura em busca de um homem que eu só conhecia por nome. Mas papai ordenou, e eu infelizmente tenho de obedecer. Também não me agrada a ideia de me encontrar pessoalmente com alguém que não conheço, mas mesmo assim neste exato momento estou cruzando o portão do patrimônio e passando de sua fronteira. Sinto vontade de me esconder, dar meia-volta e sair correndo sem rumo.

É tão estranho e suspeito um homem expulso de sua cidade por práticas duvidosas ser dono de uma casa tão grande. Já ouvi falar que ele é um charlatão, talvez seja isso, muitas pessoas ainda caem nessa balela, papai é um exemplo claro. Ouvi falar de mulheres que entraram aqui e saíram mudadas. Minhas mãos estão tremendo, mesmo que eu tente não sentir medo. Céus, logo eu? Por que eu-

— Srta.?

NARRADOR:

A garota, que andava distraída por conta de tudo que se passava em sua mente, não percebeu que enquanto avançava acabou passando por alguém.

— Srta.? Estou lhe chamando há horas. — a voz grave masculina fez com que ela sentisse calafrios

A mulher olhou para a grande sombra que marcava o chão, não parecia ser de um homem baixo, e se virou logo em seguida.

— B-boa t-tarde — ela falou.

— Boa tarde — ele beijou a mão da dama, que estranhou um pouco o comportamento por não estar muito acostumada com tal e logo afastou-se.

Meio sem jeito, ela prosseguiu de forma direta, algo causado por seu nervosismo.

— Eu procuro pelo senhor Franz Anton Mesmer.

Ele a encarou com um sorriso no rosto.

— A srta. está olhando para ele. — falou em um tom meio cômico. — E por que me procura?

A roupa de Mesmer era chamativa em um belo tom de roxo e sua capa voava com a leve brisa do ar puro, assim como seus cabelos loiros - que tampavam sua nuca.

"Ou melhor, diga-me, qual é o seu nome? Nomes são muito importantes"

— Meu nome é Elizabeth Dominique Vasseur.

— Um nome forte para uma jovem mulher. Porém, com uma belíssima energia. — ele parecia um tanto cínico.

Ela pensou em várias respostas, mas não soube expressá-las direito. Elizabeth ficou em silêncio, não sabia o que fazer naquela situação.

Percebendo o silêncio constante, Mesmer resolveu agir primeiro.

"A srta. gostaria de me acompanhar por uma volta neste jardim? Eu estava fazendo isso antes de avistá-la. As vibrações do sol estão belíssimas hoje, não acha?"

Era verdade e Elizabeth mal percebera, seu temor era tanto que ela se esqueceu de parar para observar o dia.

Mesmer foi até a mulher e estendeu seu braço para que ela o segurasse, Elizabeth agiu por impulso e fez o que o homem sugeriu.

"Você não parece falar muito, algo aconteceu para se tornar assim?"

— Não penso que as coisas funcionem assim. — Elizabeth respondeu.

— Há um motivo para tudo, srta. Vasseur.

— E-eu mal o conheço. — ela disse com timidez.

— Tem certeza?

— C-como assim?

Mesmer puxou um pouco de ar.

— Somos como um galho e uma pedra, que em algum momento estavam destinados a se tornarem uma flecha. Se esse é o nosso destino, então, se levarmos a vida inteira em consideração, nos conhecemos há muito tempo. Desde antes do galho crescer e da pedra ser formada.

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⏰ Última atualização: Dec 14, 2021 ⏰

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