Capítulo 5 Tato

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Lizzie estava prestes a cair em pranto. Nada funcionava. Elas ficaram presas em um armário de vassouras e nada aconteceu! Elas dormiram nos braços uma da outra e Hope lhe disse que isso "realmente reforçou a amizade delas". Realmente reforçou a amizade delas.

Mil raios.

Talvez Penelope estivesse certa sobre Hope. Ela realmente era uma completa idiota.

Não, não, tinha que continuar otimista. Não desistiria agora. Suas tentativas românticas aproximaram as duas ainda mais, se isso era possível. Isso significava alguma coisa, certo?

MG sentou no sofá ao lado dela e olhou sua expressão obscura. -As não-pombinhas estão te desanimando?

Lizzie gemeu e se afundou no sofá. -Não sei mais o que fazer. Tentei ser sutil; elas pensaram que fossem coincidências. Faíscas, vozes, cheiros! Coincidências, todos eles! O nível de negação delas devia ser estudado!

MG deu um meio abraço nela e um sorriso encorajador. -Temos que deixar um pouco mais óbvio, eu acho. Kaleb e eu estávamos fazendo uma pesquisa – pare de olhar para mim desse jeito – e encontramos um feitiço que pode deixar uma pessoa sensível ao toque de outra. Bom pra espionagem e se você precisar encontrar um contato ou algo assim. Se vocês fizerem o feitiço nas duas, vão tomar um choque cada vez que entrarem em contato uma com a outra. Pense nisso - MG disse -Vocês fazem um pequeno ajuste nele e cada vez que se tocarem vai ser como um raio!

-Literalmente? Não sei se é uma boa idéia. - Lizzie disse, desanimada.

MG revirou os olhos. -Claro que não. Vai ser um pequeno zap! - Ele tremeu um pouco todo o corpo para demonstrar, e isso fez com que Lizzie olhasse para ele com brilho malicioso nos olhos. -Nada perigoso, nada irritante. Apenas uma sacudida prazerosa que vai deixar os duas maravilhadas e se tocando.

Lizzie tirou seus pensamentos de MG estremecendo e pensou em seu novo plano. Tinha suas vantagens. Josie e Hope ficariam se tocando. Se fosse apenas um pequeno zap, não ficariam irritadas ou carrancudas no fim do dia. E melhor, se fosse algo prazeroso, elas se tocariam bastante e tentando não deixar óbvio.

No mínimo, tinha um potencial para ser engraçado.

-Claro - Lizzie concordou. -Não parece que pode dar muito errado. Pelo menos dentro de nossos padrões - ela relaxou e se parabenizou. Seu plano estava funcionando. O esquadrão estava se unindo e buscando uma solução. Josie e Hope estariam juntas antes do por do sol.

Lizzie decidiu que para uma bruxa (normal), ela com certeza tinha seus momentos.

Surpreendentemente, o feitiço funcionou. Sem complicações, sem consequências imprevistas, sem interações inesperadas com outros feitiços ou seres sobrenaturais. Josie e Hope recebiam um choque prazeroso cada vez que se tocavam. E Lizzie estava certa.

Era muito engraçado.

Observá-las primeiro tentando não se tocar, depois finalmente se render e tentar esconder os toques ou fazê-los parecer acidentais provavelmente era a coisa mais engraçada que Lizzie já vira. Era muito mais engraçado do que fazer pegadinhas com as bruxas.

Começou com um esbarrão acidental no corredor dos quartos. As três adolescentes estavam largadas no sofá, esperando passar a hora para ir tomar café da manhã. Ouviu-se um misterioso baque no chão. Lizzie olhou para o outro lado com um olhar estranho. Josie e Hope olharam e se abaixaram para pegar o objeto.

Um toque repentino.

Um zap inesperado.

Um olhar surpreso.

Um rápido recuo.

Um sorriso sem vergonha.

O trio decidiu ir para cantina. Lizzie ficou um pouco para trás da dupla dinâmica; disse que precisava falar com MG. Olhou divertida quando a mão de Josie, gesticulando enquanto ela explicava alguma teoria, se aproximava cada vez mais do pulso de Hope. Gesto pra lá, gesto pra cá, ahhhh, segurou! Lá estava! E a eletricidade passou. As duas coraram imediatamente e Lizzie imediatamente colocou a mão na boca de MG para interromper as risadas. Um segundo mais tarde do que era necessário, Josie largou o pulso de Hope e as duas pareciam bastante desapontadas com a perda do contato. A tosse repentina de Kaleb tinha um toque distinto de risada.

No café da manhã continuou a diversão, com movimentos suspeitosamente sincronizados em direção aos pratos de comida que resultavam em vários toques acidentais. Na volta, Josie e Hope "acidentalmente" tocaram as mãos nada mais nada menos que sete vezes. Lizzie tinha certeza disso, pois estava contando.

E assim continuou durante todo o dia. Hope achou várias oportunidades para segurar o braço de Josie. Como na hora em que Penelope decidiu enfeitiçar vários besouros dentro da sala de aula. Normalmente, Hope não se incomodaria com uma brincadeira juvenil, imagina só o sobrenatural mais poderoso com medo de alguns besouros?!, mas se hoje ela se sentia sensível e segurou o braço de Josie e estava apenas tocando o pulso dela, quem era corajoso o suficiente para discutir?

Hope, que nunca foi a pessoa mais sutil do mundo, de repente precisava falar com Josie sobre tudo e tinham que estar bem próximas. Lizzie foi esquecida pela irmã na aula em duplas, e o pobre MG lutou a aula toda quando Josie roubou sua parceira e descobria milhões de maneiras de deixar sua mão perto da dela sobre a mesa. Todas as aulas que elas iam juntas eram barulhentas demais pra uma conversa e ela precisava ficar bem ao lado da ruiva e sussurrar em seu ouvido, seus lábios roçando sem querer na orelha dela, como se ela não tivesse uma audição muito aguçada. Esse pequeno truque quase fez Kaleb desmaiar do tanto da tensão acumulada por trás do gesto. Hope também não ficou muito estável depois disso.

Mas o grande triunfo do dia veio quando, depois do jantar enquanto voltavam para os quartos, e Josie fez questão de acompanhar Hope para seu quarto com a mão nas costas dela, na altura da cintura, e a guiou para o quarto. O esquadrão inteiro seguiu as duas e olharam incrédulos enquanto os dedos de Josie seguraram a borda do casaco de Hope, levantou um pouco e passaram rapidamente pela pele exposta da ruiva que ficou um pouco tensa, mas nenhum das duas comentou nada e depois deixa-la em seu quarto foi em direção ao das gêmeas.

O que seguiu foi um engasgo coletivo do esquadrão, que ficou paralisado no meio do corredor. Ficaram olhando o lugar onde Josie e Hope estavam. Ninguém disse nada por alguns instantes. Penelope fez um barulho incoerente. MG soluçou baixinho. -Ela... ela fez... Josie levantou... ela tocou... o que... o que aconteceu? - Kaleb finalmente conseguiu dizer.

-Josie passou a mão nela - Rafael sussurrou, chocado pelo que acabara de testemunhar.

-È como se meu mundo virasse de cabeça pra baixo – Landon murmurou. -Certo e errado não significam nada. Preto é branco e branco é preto. Josie acabou de apalpar Hope!

-Bem, na verdade, Josie mal encostou nela, - MG comentou. -Ela apenas...

-Levantou o suéter dela e conscientemente tocou sua pele - Kaleb interrompeu. -Ela não apalpou, mas definitivamente passou a mão. Pare de tentar arruinar o momento.

-Só estou dizendo que não devemos nos apressar! - MG respondeu rapidamente. -Ela tocou as costas dela; não a agarrou no meio dos corredores!

Rafael balançou a cabeça. -Seu eu tentasse aquilo com Hope, ela passaria o resto do ano me amaldiçoando, isso se ela conseguisse pensar em um feitiço antes que Josie. Isso é claro, se ela não decidisse deixar a mágica de lado e me batesse com a mão mesmo. Não, essa foi um movimento direto de Josie e Hope não se importou nem um pouco - ele disse.

Kaleb fungou e secou uma lágrima imaginária. -Nossa Josie está virando uma mulher!

Penelope olhou feio para ele. -E o que você sabe sobre virar mulher?

Depois de ficar paralisada de choque durante toda a conversa, os olhos de Lizzie brilharam. Depois ela começou a rir. E rir. E rir. O resto do esquadrão olhou preocupado e com um pouco de medo enquanto Lizzie gargalhava e esfregava as mãos. Mas ela não ligou. Tudo estava se encaixando. Elas finalmente estavam se entregando a seus hormônios. As declarações de amor não demorariam muito, ela tinha certeza.

Ela ia ficar livre. Completamente livre!

Ataque aos sentidos -HosieWhere stories live. Discover now