Problemas com o papai

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Era por volta de meia noite, o rapaz Yeager caminhava pelas ruas da cidade que agora estavam vazias. Mesmo com olhar sem brilho, pesado, e cansado, as orbes azuis do Yeager continuavam lindas como o mar.

A visão do rapaz olhava as árvores de carvalho e as calçadas vazias do local, os barulhos já naturais do local eram ouvidos.

O frio se fazia presente no local, felizmente, o loiro veio com uma peça de roupa mais pesada — o que o protegeu do frio. Entretando, aquela peça tinha um valor especial para si. Seu pai o havia dado quando mais novo, pra ele usar na formatura. O que não aconteceu, já que Zeke não escolheu ir por esse caminho.

Mesmo não escolhendo o mesmo caminho que seu pai traçou pra si, o casaco tinha um valor enorme pro rapaz, já que, foi o último bom presente de seu pai, Grisha.

Após passar em frente a loja, o loiro vai até um corredor escuro, com pouca iluminação dos postes de luz. Zeke pega o celular que estava em seu bolso e resolve ligar para seu pai. — Será que dessa vez ele vai me atender? — Ele murmurou, e discou o número.

Com os dedos na boca, roendo as unhas de ansiedade, os ombros tensos e a língua no seu da boca, o Yeager é surpreendido por uma voz do outro lado da linha, e, infelizmente, não é o seu pai.

— Grisha não pode atender no momento, deixe o seu recado. — A voz eletrônica da moça ecoou pelos ouvidos do homem, o que o fez relaxar os ombros e suspirar de desânimo. Esperou então dar o toque para gravar sua mensagem.

— Sim… — Os olhos, pesados, vão de encontro ao chão e continuou falando  — Grisha, ou pai, a maneira em que me ensinaram a te chamar, né? — Ele se encosta na parede. — Hoje eu vou chegar mais tarde em casa. Não é como que se você se importasse, não é… Mas sei que a Carla ficaria preocupada se eu não avisasse.

Neste momento, um carro preto passa rapidamente na rua, fazendo com que a luz vermelha iluminasse os fios loiros do homem, e este, fechasse os olhos por conta da luminosidade intensa bater em seu rosto. Após o carro passar, voltou à focar na mensagem.

— Eu… — Zeke engasgou em sua fala. Ele queria dizer mais coisas, claro, mas o nó em sua garganta o impedia. Logo após, lágrimas se formam no canto dos olhos, escorrendo devagar por seu rosto seco, e por fim, descendo para seus lábios secos, sentindo o gosto salgado daquele líquido.

Os segundos se passavam, e nada daquele transe passar. Ele mirava o celular, a contagem dos minutos aumentando, e a voz presa em seu pulmão frágil não queria sair. Seu olhar se desviou para os cantos, e o grunhido de sua voz ecoou. Agora sim, tomando coragem, ele colocou o celular novamente em seu ouvido, e continuou.

— Eu só queria que você não me usasse. Eu só queria que você brincasse comigo, ao menos uma única vez. — A respiração começa a acelerar, o gaguejar se torna mais frequente, as lágrimas desciam aos montes e o rapaz tampou sua boca ao sentar-se chão. — Droga, eu só queria não chorar toda vez que vejo uma criança brincando com seu pai. — Agora já não dava pra segurar, as lágrimas desciam descontroladamente do loiro que estava no chão.

Eu não estou inteiramente aqui, metade de mim desapareceu.— pensou Zeke.

Com a respiração ofegante, o loiro fecha os olhos e põe a mão no peito, pressionando o tecido de seu casaco, deixando os grunhidos que a tanto tempo escondeu de todos, ali naquele beco, escapassem de seu eu interior. As lágrimas desciam em seu rosto, ao ritmo de que memórias, vagas por sinal, viessem a tona. A maioria delas envolvia seu pai, mas assim como isto, a maioria não eram boas lembranças.

Passou alguns minutos ali, sentado, inerte à tudo. Então, o rapaz se levanta rapidamente e limpa as suas vestes da poeira acumulada.

Voltando a seguir o seu caminho, Zeke se perde novamente em seus pensamentos.

— Papai, você esqueceu de novo? — Pergunta.

Desculpe, Zeke. Prometo não esquecer novamente.

Suspira.

Pensei que íamos jogar hoje, papai!

Você precisa estudar, Zeke.— Grisha falou em tom autoritário. — Você precisa dar orgulho aos seus pais!

Respire, não chore.

O que está acontecendo, papai?

Você vem comigo, Zeke.

Seria bobo chorar agora, Zeke?

Você é um fracasso! Não conseguiu pontos o suficiente porque é um fracasso!

Droga, uma lágrima ardente começou a se formar.

Estou ocupado agora, merda! — Grisha socou a mesa, assustando o pequeno Yeager que se retirou do quarto.

Por Deus, várias lágrimas estão se formando.

Papai, eu sinto a sua falta.

— Ele não vai voltar, Zeke. — Os braços finos de sua mãe rodearam o rapaz, de expressão apática, vendo seu pai sumir no horizonte.

Isso é culpa minha não é, mamãe?

Não filho... — Ela apertou o abraço, e deixou um suspiro cruel exalar. — Você é um bom garoto. Nunca foi culpa sua.

Com a respiração pesada, os olhos se enchem de lágrimas, fazendo com que sua visão fique borrada.

Zeke não ouve nada por segundos, estava apenas no automático andando por aí.

Para onde o meu papai foi?

Cansado, era assim que Zeke estava ao lembrar de seu pai, Grisha.

— Zeke! — Alguém o chamou.

𝐃𝐀𝐃𝐃𝐘 𝐈𝐒𝐒𝐔𝐄𝐒 ; zekeyeagerOnde histórias criam vida. Descubra agora