Um Poema de Natal

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P.O.V Narrador


24 de Dezembro de 1885, Residência Battour


Os pequenos flocos caíam delicadamente sob o chão, que era revestido por uma espessa camada de neve. Haviam pegadas que marcavam um longo caminho percorrido, que ia da floresta até a porta principal da casa.

A Residência Battour, herança de Aslan para seu filho, parecia mais viva do que nunca esteve antes. O local que antes simbolizava sofrimento e solidão para Serge, onde sofreu diversas humilhações por parte de sua tia, agora possuía uma atmosfera acolhedora.

Fazia um ano desde que o jovem cigano recebeu o título de Visconde, e pôde finalmente voltar para a propriedade de seu pai. Sua família já havia desocupada a casa á algum tempo, o que facilitou ainda mais o processo de mudança.


Caminhando lentamente, o jovem Visconde chega até a entrada de sua casa, devidamente decorada para as festividades de fim de ano. Diversos criados passavam o dia trabalhando para que pudessem preparar tudo para a comemoração que seria feita no dia seguinte.


"Lord Battour, vejo que retornou de sua caminhada." – O mordomo, um homem já próxima á meia idade, diz ao ver Serge entrar enquanto tira seu casaco.


"Está ficando cada vez mais frio, é quase impossível ficar lá fora." – Ele respondeu sorrindo enquanto entregava seu casaco e sua cartola.


A bochechas coradas de Serge deixavam evidente o quão baixa a temperatura estava lá fora, mas nenhum desconforto físico podia tirar seu bom-humor hoje. Era Véspera de Natal, era a primeira vez que poderia comemorar com Gilbert estando longe de qualquer preocupação.

Não precisaria trabalhar no restaurante até chegar á exaustão, não precisaria contar os centavos para comprar comida e nem congelar até a morte nos cortiços de Paris.

Estava livre para viver na antiga casa de seu pai e criar novas lembranças ali, longe da violência de Paris, dos julgamentos de Lacombrade e dos castigos de sua tia.


Quanto mais adentrava em casa, mais quente e confortável Serge se sentia. A lareira acesa tornava o cômodo muito mais aconchegante, e as luzes natalinas eram capazes de fazer qualquer um se lembrar da festividade que estava por vir.


A maioria dos criados já havia se retirado para descansar, pois já estava anoitecendo e quase todos os preparativos tinham sido feitos. Apenas algumas moças que estavam na cozinha terminavam o jantar antes de se recolherem para fazerem a própria refeição, e isso fez o jovem Visconde se lembrar de que precisava verificar se todos os empregados estavam devidamente aquecidos.

Neste mesmo instante, a governanta deixou a cozinha em direção á sala de jantar, a fim de verificar se estava tudo em ordem. Serge encontrou a oportunidade perfeita para falar com ela:


"Louise, a senhora sabe se há lenha e carvão o suficiente para todos?" – Ele perguntou curioso.


A governanta, ainda tentando se acostumar com a gentileza do novo Visconde, que era muito diferente de sua tia, respondeu timidamente:

Um Poema de Natal -  Kaze to Ki no UtaWhere stories live. Discover now