A sensação de não estar vivendo corretamente, de não se sentir viva. Felicia sabia exatamente como era, ela não esperava que sua ida para Outer Banks seria a melhor coisa a acontecer em sua vida. Novas emoções, aventuras, novas paixões... tudo isso...
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Felicia não tem uma família muito grande, sempre foi apenas ela e os pais, Rick e Alicie são filhos únicos, então um almoço de família no domingo não fazia parte da sua rotina. Os avós paternos morreram antes mesmo de Felicia nascer, e a mãe não fala com os pais desde que a garota tinha um ano.
A situação financeira da família Singer apertou quando Rick foi despedido do trabalho, sem nenhuma fonte de renda e muitas contas a pagar, eles foram morar em Outer Banks, ilha localizada na Carolina do Norte, um lugar que Felicia nunca ouvira falar, mas que aparentemente seus pais conheciam muito bem. Pelo pouco que ela descobriu, os dois nasceram e cresceram no lugar, e para a surpresa da menina seus avós maternos moram na ilha, o que ela não sabia ao certo se era uma notícia agradável, já que nunca os vira de verdade, se fosse deduzir pelas histórias da mãe, eles não eram pessoas muito boas de se conviver.
Felicia não estava animada e muito menos triste de mudar de cidade, não estaria deixando nada para trás, não tinha amigos íntimos, e muito menos um namorado, na escola apenas haviam colegas que a consideravam quando os beneficiavam. O seu mundo era livros, por esse meio ela se sentia livre. Viva. Talvez não seja a melhor coisa a se fazer para se divertir, mas era uma ótima válvula de escape.
Rick comentou sobre duas residências que eram dos seus pais, um pouco antes de morrerem, foram passadas para ele. Uma oficina, e uma casa, por esse motivo se mudaram para Outer Banks, seu pai poderia trabalhar na oficina, assim seu emprego seria fixo.
Quando finalmente chegou no paraíso na terra, pôde admirar o quão lindo era, uma mistura das cores verde, amarelo, e claro, o azul. Sua mãe a explicou para qual lado ficava cada lugar, e até como Outer Banks funcionava no seu tempo, os lados da ilha eram divididos, do lado sul moravam os pogues, os mais pobres, que sobreviviam do que a terra oferecia; já no Figure 8 moravam os kooks, os riquinhos, donos de empresas, e lojas. Felicia achou essa divisão uma idiotice, o mundo lá fora já era tão cruel, ter isso na própria casa não facilitava nem um pouco, torceu para que os tempos em Outer Banks tenham mudado, não queria fazer parte desse projeto capitalista.
Como já tinha a certeza, sua casa ficava do lado sul, quando a mãe apontou para a frente, Felicia pôde finalmente vizualizar uma casa pequena de madeira, a aparência estava velha, mas as madeiras aguentaram muito bem, contando com o tempo que ninguém morou lá.
– É uma casa bonita – Disse Felicia.
– Até que não está tão ruim – Rick comentou, antes de sair da picape deu uma olhada em volta, relembrando de sua vida na ilha.
Felicia estava aliviada de ter chegado, suas pernas estavam dormentes a meia hora, esticou as mesmas fora do carro e soltou um suspiro, se livrando da fadiga.
Ajudou os pais a carregarem as caixas enquanto os homens da empresa de mudanças carregavam as coisas mais pesadas, como o armário. Subindo as escadas ficavam os quartos, o quarto que escolheu para ser seu ficava no final do corredor. Ela abriu a porta e ficou satisfeita com o que viu, imaginava paredes apodrecendo ou algo do tipo, mas estava bem arrumado, não era grande, nem pequeno, tinha uma cômoda velha de madeira, provavelmente do seu pai quando morava aqui, e havia uma janela de vidro com vista para a lateral da casa.
Sua análise do quarto foi interrompida com Alicie chamando por Felicia no andar de baixo, Alicie queria que Felicia saísse e procurasse algo para comer.
– Mas eu posso ajudar vocês a arrumarem as coisas aqui – Tentou convencer a mais velha mesmo sabendo que seria em vão.
– Não. Você não almoçou hoje, e já sabe onde fica cada lugar em Outer Banks, vá se divertir um pouco – Sorriu gentilmente.
– Eu não conheço nada daqui, e ninguém, como vou me divertir?
Alicie apenas a olhou nos olhos, entregou o dinheiro e a chave do carro em suas mãos. Felicia foi vencida mais uma vez pela mãe. Saiu tendo mais ou menos uma noção do caminho, eu poderia me perder nessas ruas, ou ser sequestrada, adoraria ver a expressão da minha mãe caso alguma dessas opções realmente acontecesse, pensou.
Quando olhou o que parecia ser uma loja de conveniência, estacionou o carro, entrou, e foi em direção as comidas saudáveis, batatas chips, pegou uma sem ao menos saber o sabor, logo pegou um refrigerante e pagou tudo. Tentando abrir a porta da picape que parecia que estava enterrada, deixou a chave cair.
– Droga – murmurou. Quando se abaixou para conseguir pegar a chave, alguém a pegou primeiro, com o susto, Felicia levantou e recuou rapidamente.
– Parece que está precisando de uma ajuda – o rapaz falou abrindo a porta com agilidade.
– Obrigada – Felicia agradeceu, estava ainda com os olhos no chão, assim, levantou a cabeça, e olhou para o rosto do garoto que estava na sua frente.
Era alto, loiro, e parecia se vestir muito bem, um sorriso de satisfação estava estampado no seu rosto, ela podia sentir suas bochechas arderem, como sou estúpida, pensou consigo, torcia para que não estivesse vermelha feito um tomate ou que desse para perceber sua respiração ofegante.
– Sou o Rafe – o sorriso se tornou mais gentil, ele estendeu a mão para que Felicia pudesse pegar a chave, que ela mesma já tinha esquecido desse detalhe.
Hesitante, a menina pegou a chave da mão do rapaz e entrou na picape, quando em fim teve certeza de que estava com um espaço pessoal considerável, tomou fôlego e conseguiu juntar algumas palavras.
– Me chamo Felicia.
– Felicia. Como salvei a sua pele abrindo a porta da sua picape, poderia apenas me retribuir com o seu número? – Rafe parecia muito confiante, não deve ter recebido nenhum fora na vida, Felicia cogitou.
– Eu não te conheço, Rafe – respondeu com um sorriso para não parecer grossa. – Agradeço a sua ajuda, porém tenho que voltar para casa – ela fechou a porta do carro devagar.
– Bom, nunca vi seu rosto aqui, Felicia, espero que goste de Outer Banks, e espero que nos encontremos novamente – Rafe falou se distanciando do carro para que o caminho ficasse livre.
Felicia respondeu somente com um sorriso sincero, mudou a marcha e partiu para a sua casa.
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E assim acaba o primeiro de muitos capítulos ! Esse foi pequeno pois quero deixar um gostinho de quero mais em vocês.
