Longe

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Boa leitura

O rapaz sorri, mostrando um sorriso sombrio, e o jeito que suas sobrancelhas se põem quando misturadas às covinhas em seu rosto, era uma lembrancinha um tanto peculiar, de uma péssima pessoa.

— Permita-me apresentar, sou Coll Saintvill, o novo dono do laboratório em que seu paciente matou meu pai. — Olhou rapidamente para Jeff, que estava atrás da moça.

— O que você quer? — Maya não queria papo com eles, já tinha sofrido coisas demais.

— Vim buscá-lo. — Apontou para Jeff.

— Como é que é? O acordo seria ele ficar comigo em troca do meu silêncio.

— Sim, senhorita, mas… parece que seu paciente está saindo do seu próprio controle.

— O que está querendo dizer?

— O mais óbvio, o que um serial killer faz?

Maya olhou para trás, vendo a expressão neutra de Jeff, ele não confessaria, e viu isso nos olhos dele.

— Caso não consiga acreditar...— Virou-se para os funcionários atrás de si. — Aqui estão as provas.

Entregou nas mãos da moça um envelope, com fotos de Jeff invadindo as casas das famílias, matando, enquanto seu sorriso estava radiante. Eles estavam sendo vigiados, sempre estiveram, e Maya estava horrorizada.

— Deus. — Pôs a mão na boca.

— A propósito, também estou um pouco decepcionado com você, Maya. — Fez uma expressão de deboche.

— Eu fiz meu melhor, e você deve saber. — O olha, apertando as fotos.

— Temos finalmente, meu trunfo! — Pega um outro envelope, e entrega nas mãos da moça.

Maya derruba as fotos no chão imediatamente, suas mãos tremeram, e, que sensação péssima estava sentindo. Seus momentos íntimos com Jeff, fotagrafados, sendo um grande absurdo e vergonha para a mesma.

— Se não quiser perder o direito de exercer sua profissão, acho bom que faça o que eu mandar.

— E o que droga você quer? 

— Primeiro, vamos visitar meu impecável e renovado laboratório.

Os homens juntaram-se para segurar Jeff, que reagiu imediatamente, porém, Maya agarrou seus pulsos de imediato, olhando-o nos olhos, profundamente.

— Pare, você sabe o que fez.

Jeff a olhou sem resposta, e permitiu ser levado. Ela era a médica dele, e também, amiga, ele nunca tinha tido algum amigo, principalmente, alguém que lhe despertava algo maior. Eles mal se olharam no carro, Jeff estava algemado nas mãos e pés, num canto do carro, e Maya, pensativa, olhando a paisagem noturna da floresta, pela janela do carro.

Estar de volta a aquele laboratório era um pesadelo, segurou-se imediatamente para evitar o transbordar de suas lágrimas, ela não passaria por aquilo novamente. O fato de suas fotos em momentos íntimos com Jeff estragaram sua carreira, como as pessoas iriam olhar para a psiquiatra que transa com seus pacientes? Isso arruinaria sua vida.

Foram conduzidos pelo local, que continuava com sua plena estrutura, uma mudança aqui ou alí, e as pessoas pareciam mais vivas. Maya pensou que pelo menos, no governo desse rapaz, as pessoas devem ser tratadas melhores, porém, sabe-se que ele também não é uma boa pessoa, pelo simples fato de querer suborná-la.

Pararam em uma cela em especial, sim, era a cela de Jeff, seu corpo imediatamente travou ao ver a porta branca a sua frente, e entrou de maneira forçada, pois tentava bloquear seus passos, travando os pés. O quarto estava um tanto diferente, agora existia uma cama, com colchão e lençóis de bom cheiro e estado, Coll sentou-se na cama, direcionando seu olhar para os dois.

— Bom, começaremos pelo menos importante. — Olhou para Jeff. — Ele ficará preso, já que não consegue controlar seu... bichinho de estimação.  — Balançou os braços, em deboche.

— Ele é tão humano quanto você, hipócrita. — Falou Maya.

— Vocês são todos iguais.  — Murmurou.

— O que te faz pensar isso? — Levantou, aproximando-se de Jeff.

— Quando eu estiver com minha faca em sua garganta, vai saber do que estou falando. — Jeff riu, sendo socado no estômago por Coll, despertando a fúria de Maya, que acaba sendo segurada por um funcionário.

— Parece que você, de certa forma, conheceu todas as "formas" dessa criatura. — Disse, olhando para Jeff, que estava abaixado pela dor que o soco lhe causou.

— Pare de falar dele assim, já se olhou no espelho?

— Estou radiante, não acha? — Sorriu — Mas, não viemos aqui para falar sobre minha aparência.

— Fala de uma vez.

— Bom, continuando, ele ficará preso, mas, ele só será alimentado e bem tratado com uma condição. — Aproximou-se de Maya. — Torne-se minha esposa. — Tocou o queixo da mesma.

— Se você acha que vai encostar um dedo nela, você está muito enganado!

Jeff imediatamente descontrolou-se, socando os funcionários, que foram obrigados a medicá-lo, para que pudessem controlar sua fúria.

— Eu não vou me casar com você, eu não amo você. — Falou a moça, segurando Jeff, que estava tonto.

— Você não tem escolha, eu te tenho na palma das mãos Maya.

— Vai arruinar minha carreira, e destratar um ser humano se eu não me casar com você?

— Garota esperta.

— Você só pode ser um doente.

— Que interessante né? Eu sou doente e irei me casar com uma psiquiatra, quem melhor para cuidar de mim até que a morte nos separe?

— Eu não quero!

— Mas você vai! — Segurou nos cabelos da moça. — E você vai assinar esses papéis comigo em quarenta e duas horas, estamos entendidos?

— Si-sim… — Falou a moça, com dor.

Coll soltou a mesma, que caiu de joelhos no chão, Jeff estava totalmente zonzo, deitado na cama, lutava para manter seus olhos abertos. Maya aproximou-se do mesmo, com lágrimas nos olhos, tocando seu rosto.

— Eu não vou me casar com ele, a gente vai sair dessa… 

Jeff apagou de vez, e Maya chorou, abraçada a seu corpo. Depositou um beijo leve em seus lábios, e deitou-se ao lado dele, adormecendo de tanto chorar. Acordou horas mais tarde, com Coll chamando-a.

— A hora de visita acabou.

Maya levantou da cama furiosa, seu corpo jamais teve outra descarga de adrenalina daquela, a vontade que estava de machucar aquele homem, sentiu uma grande vontade de fazer uma loucura, mas, seus nervos voltaram ao normal, e a moça apenas saiu da sala, olhando para Jeff por cima dos ombros, adormecido na cama.

— Eu quero ficar com ele.

— Parece que eu não fui muito claro com você, minha futura esposa.

— Você sabe que esse será um casamento sem amor, como amará os frutos disso?

— Daremos um jeito, venha, me siga.

Maya o seguiu pelos corredores, até chegar em uma sala diferente, até mesmo as portas eram diferentes, sendo portas de correr, revestidas por um fumê impenetrável em cor negra. Coll puxou a porta para o lado, revelando um lugar incrível, um quarto extremamente lindo, no estilo Vitoriano, com uma vista incrível em uma varanda, aquele lugar com certeza não existia ali antes. Em um canto, computadores com pesquisas.

— Este é nosso quarto.

— Você não tem casa? 

— Prefiro seguir com minhas pesquisas aqui, me sinto mais seguro.

Maya apertou os lábios, o que faria agora? O que faria para mudar sua situação? Isso era deplorável! O homem aproximou-se da mesma, tocando em seu ombro. 

— Vamos, sente-se. 

— Estou bem aqui...obrigada.

— Não se preocupe, eu farei ficar muito melhor.

— Fica longe de mim! 

The Experiment Where stories live. Discover now